sexta
Assim que fechei a porta de casa, deixei escapar o maior suspiro da minha vida, enquanto deixava o sorriso mais genuíno rasgar os meus lábios. Nada mais me perturbava desde a noite anterior. Havia somente um nome na minha mente.
Apoiei os braços na bancada da cozinha, onde o meu gato se roçava em mim, a relembrar a minha audácia. Estava totalmente apaixonada. Jamais o poderia negar daqui para a frente. A primeira vez a viver algo tão intenso e bonito. Voltei a suspirar alto. Lamentava a sua ausência.
Segurei o telemóvel nas mãos para partilhar com as minhas amigas o quanto gostava dele, algo que ouviam constantemente nos últimos dias. Se lhes contasse... Iam ficar eufóricas.
Decidi fazer uma chamada de vídeo.
Apenas a Filipa me atendeu. Francesca enviou uma mensagem a dizer que não estava em casa, a Inês não deu sinais de vida e a primeira chamava por mim por querer saber o motivo da chamada e percebeu facilmente qual era.
Podia ver as minhas bochechas coradas pelo ecrã, algo que também ela percebeu.
- Amanda, o que me vais contar?
- Acho que sabes o que te vou contar.
- Não posso! Deste esse passo?!
- Não totalmente. Mas dei outro. - Falar do assunto era extremamente estranho. - Continuo a guardar-me para o casamento. - Brinquei.
- E às tuas mãos? - Pressionei os lábios perante a sua questão. Ela riu-se eufórica. - Boca?
- Filipa! Não, nada disso!
Continuou a gargalhar da minha timidez. Mostrei o dedo do meio. Estava indignada com ela. Fiquei extremamente envergonhada e animada. Logo, as perguntas começaram.
- O que te levou a tal?
- O João admitiu que estava apaixonado por mim e disse que quanto mais gostava, mais me queria, então... Só aconteceu.
- Só aconteceu? Quem tomou a iniciativa? Como assim ele declarou-se a ti, Amanda?
- Olha! Uma pergunta de cada vez. Digamos que estávamos num ambiente assim mais íntimo e ele parou o que estávamos a fazer porque queria que me sentisse respeitada. Quis ir tomar um banho e eu não deixei, obviamente.
- Ele estava? Estava no mood?
- Sim... - Senti-me novamente a arder. - Pára com as perguntas, já chega. Que vergonha.
- Ai amiga, tu és tão fofa! Tão inocente. Ele vai arrancar tudo isso de ti em breve. - Gargalhou. A gargalhada soou diabólica.
- Filipa! - Choraminguei. - Que vergonha. Não sei como vou falar com ele outra vez.
- Não exageres! Aconteceu algo perfeitamente natural entre vocês. Achas que vais ter vergonha da próxima vez? Vais querer ainda mais. - Sorri, embora bastante tímida. - Foi bom? Quer dizer, o João disse-te algo sobre isso?
- Achas que te vou responder a isso? Maluca, não estás a falar com a Inês. - Brinquei.
- Olha! É uma pergunta normal! Conta!
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JUST YOU ➛ JOÃO NEVES
JugendliteraturAmanda, com os seus inocentes dezassete anos, achava ter emoção suficiente na sua vida, até que o conheceu. A descoberta do primeiro amor, tornou-se, de longe, um misto de emoções desconhecidas e intensas, às quais foi incapaz de resistir.