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terça

Movimentei-me na cama ao ouvir o som do despertador, este que desliguei num ápice, para o João não despertar. Abraçado a mim, dormia tão profundamente e descansado, levando-me a ficar imóvel no mesmo lugar.

Saboreava aquele novo toque, o calor que irradiava do seu corpo coberto pelas mantas, dos seus braços apoiados na lateral da minha cintura, do seu queixo pouco acima da minha cabeça. Uns quantos tremelicos percorreram a minha espinha quando senti os seus lábios quentes contra o meu pescoço, visto ter o cabelo para cima.

Arrepiou cada poro do meu corpo, deixando-me sorridente e envergonhada. Virei-me para ele. Ao ficarmos frente a frente, percorreu com uma mão as minhas costas, mantendo-se de olhos fechados a obrigar-se a acordar aos poucos.

Mordisquei os meus lábios perante o toque carinhoso do moreno, para além da proximidade, deitados numa cama, cobertos pelo mesmo lençol e edredão, deixando-me inquieta.

Tentava não me focar nesses pequenos pormenores, mas a forma como nos expusemos e a intensidade da conversa tornava-nos algo mais, tornava tudo mais real. Tornou-se evidente que o que nos ligava não era somente uma amizade. No primeiro olhar senti a química.

- Bom dia, fofinha. - Sussurrou, colando os lábios à minha testa. Arrastei-me contra o seu corpo. Os seus peitorais eram a minha almofada.

- Bom dia! Dormiste bem?

- Sim e tu? - Balancei somente a cabeça, afirmando. - Que horas são? - Encolhi os ombros, sentindo-o a esticar-se até ao seu telemóvel. - São sete da manhã, entras ás quê?

- Entramos ás oito. - Murmurei baixo, pronta para voltar a adormecer no seu aconchego. - Bem que podia faltar...

- Ou podíamos levantar-nos e tomar o pequeno-almoço antes de te levar. - Sugeriu, claramente ao ignorar o que tinha dito. - E se passássemos antes no Starbucks? Fica a caminho.

- Aceito! - Sorri-lhe, ainda que a luz tivesse apagada. Acabei por em afastar a muito custo. As suas mãos soltaram-me.

Acendi a luz do pequeno candeeiro. Enquanto me espreguiçava, dirigi-me à porta.

Procurei ouvir qualquer barulho, mas nada. Nem uma televisão, máquina do café ou torradeira. Foi um silêncio total naquela casa. Voltei a olhar para o João, sorrindo satisfeita por estarmos sozinhos, assim não havia qualquer risco.

O rapaz sentou-se para se habituar à luz fraca. Os minutos seguintes foram silenciosos. Fomos para a casa de banho, à vez, vestimos-nos e ao fim dos longos quinze minutos, estávamos despachados e a descer as escadas para a cozinha. Escolhi usar um coque desajeitado, com alguns fios soltos, porque a humidade não era fã do cabelo.

Com uma malha quente, umas calças de ganga pretas básicas e as botas, estava mais que pronta, embora que ensonada. Conversamos bastante na noite anterior e ainda gabei as suas fotos da gala, elevando a sua auto-estima.

O ambiente estava demasiado bom, ao contrário do que pensava antes de chegar a minha casa. Foi um alívio sentir que nada mudou.

- Até parece que o teu pai faz de propósito para te dar privacidade nestas alturas.

- Se calhar! Pode estar escondido numa esquina a perceber, neste momento, quem és. - Pisquei-lhe o olho, assustando-o. Olhou em redor. - Não está aqui o carro dele, relaxa.

JUST YOU  ➛ JOÃO NEVESOnde histórias criam vida. Descubra agora