LARA SAIU PARA comprar botas novas com sua amiga Casey, papai está no trabalho e Sophi e eu estamos de bobeira em casa vendo tevê quando meu celular vibra ao meu lado. É uma mensagem de Bárbara.
Cinema hoje?
Respondo que sim com um ponto de exclamação. Depois apago o ponto de exclamação, porque me faz parecer ansiosa demais. Mas, sem o ponto de exclamação, o sim parece totalmente desanimado. Decido usar uma carinha sorridente e aperto o botão de enviar antes de começar a ficar obcecada sobre o assunto.
— Para quem você está mandando mensagem? — Sophi está sentada no chão da sala, enfiando colheradas de pudim na boca. Jamie tenta roubar uma lambida, mas ela balança a cabeça e dá uma bronca nele. — Você sabe que não pode comer chocolate!
— Eu estava mandando uma mensagem para Bárbara. Sabe, isso talvez nem seja chocolate de verdade. Talvez seja só o sabor. Verifique o rótulo.
De todas nós, Sophi é a mais firme com Jamie. Ela não o pega imediatamente quando ele está chorando e pedindo colo, e sempre borrifa água no rosto dele quando se comporta mal. São truques que está aprendendo com nossa vizinha do outro lado da rua, a sra. Rothschild, que é tipo uma encantadora de cães. Ela tinha três, mas se divorciou do marido e ficou com Simone, a golden retriever, e ele ficou com a guarda dos outros dois.
— Você e Bárbara estão namorando de novo? — pergunta Sophi.
— Hã. Não sei.
Depois do que Lara disse na noite passada sobre ir devagar, tomar cuidado com meu coração e não chegar a um ponto sem volta, talvez seja bom transitar em uma área de incerteza por um tempo. Além disso, é difícil redefinir uma coisa que nunca teve definição clara. Éramos duas pessoas fingindo nos gostar, fingindo ser um casal, então o que somos agora? E como as coisas poderiam ter sido se tivéssemos começado a nos gostar sem o fingimento? Teríamos chegado a namorar? Acho que nunca vou saber.
— O que você quer dizer com não sabe? — insiste Sophi. — Você não deveria saber se é namorada de uma pessoa ou não?
— Ainda não conversamos sobre isso. Não abertamente.
Sophia muda o canal.
— Você deveria resolver isso.
Eu me viro de lado e me apoio no cotovelo.
— Mas mudaria alguma coisa? A gente se gosta. Qual é a diferença entre isso e ter um rótulo? O que mudaria? — Ela não responde.
— Sophi?— Desculpe, você pode repetir tudo no comercial? Estou tentando ver o programa.
Eu jogo um travesseiro na cabeça dela.
— Eu estaria mais bem servida se estivesse discutindo essas coisas com Jamie. — Bato palmas. — Vem cá, Jamie!
Jamie levanta a cabeça para me olhar e volta a se aconchegar perto de Sophi, ainda com esperança de ganhar pudim, tenho certeza.
No carro ontem à noite, Bárbara não pareceu incomodada pelo status do nosso relacionamento. Parecia feliz e tranquila, como sempre. Eu me preocupo demais com cada detalhezinho. Seria bom para mim seguir um pouco da filosofia de "deixar rolar" de Bárbara na minha vida.
— Quer me ajudar a escolher o que usar para ir ao cinema com Bárbara hoje? — pergunto a Sophi.
— Posso ir também?
— Não! — Sophi começa a fazer beicinho, e eu completo: — Talvez na próxima.
— Tudo bem. Me mostre duas opções e eu digo qual é a melhor.
Corro para o quarto e começo a remexer no armário. Esse vai ser nosso primeiro encontro de verdade, e quero impressioná-la um pouco. Infelizmente, Bárbara já me viu com minhas roupas boas, então a única coisa que me resta fazer é ir pegar algo no armário de Lara.
Ela tem um vestido creme com alças finas que trouxe da Escócia, e posso usá-lo com meu Jordan marrom e bege. Tem também um moletom lilás que ando namorando; posso usar com minha saia preta e prender meu cabelo com um rabo de cavalo, que vou ondular, porque uma vez Bárbara disse que gostava do meu cabelo ondulado e preso com a franja solta na frente do rosto.
— Sophi! — grito. — Venha olhar duas opções!
— No comercial! — grita ela. Enquanto isso, mando uma mensagem de texto para Lara:
Você me empresta seu suéter de tricô ou seu vestido creme de mangas longas??.
Sophi vota no moletom lilás e diz que parece que estou usando roupa de uma líder de torcida no tempo livre, ou uma patinadora, e gosto da ideia.
— Você pode usar se formos patinar no gelo — completa. — Você, eu e Bárbara.
Dou uma gargalhada.
— Fechado.
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P.S.: Ainda amo você |ADAPTAÇÃO BABITAN|
Любовные романыEm Para todos os crush's que já amei, Carolina Voltan não fazia ideia de como sair dessa enrascada, muito menos sabia que o namoro de mentirinha com Bárbara Passos, inventado apenas para fugir do total constrangimento, se transformaria em algo mais...