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BÁRBARA E EU, nosso rompimento, é bem típico do ensino médio. Com isso, quero dizer que é efêmero. Até essa dor vai ser passageira, finita. Eu devia me agarrar à pontada intensa da traição dela, lembrá-la e valorizá-la, porque é meu primeiro rompimento verdadeiro. É tudo parte do processo de me apaixonar. E eu nem achava que ficaríamos juntas para sempre; só temos dezesseis e dezessete anos. Um dia, vou olhar para isso tudo com carinho. É o que fico dizendo a mim mesma enquanto lágrimas enchem meus olhos, deitada na cama, chorando até dormir. Choro até as bochechas arderem de tanto secar as lágrimas. Esse poço de tristeza começa com Bárbara, mas não termina aí. Porque, repetidamente, um pensamento surge na minha cabeça: Sinto saudade da minha mãe. Sinto saudade da minha mãe. Sinto tanta saudade dela. Se ela estivesse aqui, traria uma xícara de chá Night-Night para mim e se sentaria no pé da minha cama. Colocaria minha cabeça em seu colo, acariciaria meu cabelo e sussurraria no meu ouvido: Vai ficar tudo bem, Carolina. Vai ficar tudo bem. E eu acreditaria, porque as palavras dela sempre foram verdade. Ah, mamãe. Quanta saudade. Por que você não está aqui, quando mais preciso de você?

* * *

Até o momento, guardei um guardanapo em que Bárbara fez um desenho do meu rosto, o canhoto do ingresso da primeira vez que fomos ao cinema, o poema que ela me deu no Dia dos Namorados. E o colar, claro. Não consegui tirar. Ainda. Fico deitada na cama o sábado todo e só me levanto para lanchar e deixar Jamie ir fazer xixi no quintal. Avanço comédias românticas para as partes tristes. O que eu devia estar fazendo era elaborando um plano para tirar Heloísa do jogo, mas não consigo. Dói cada vez que penso nela, no jogo, em Bárbara, mais do que tudo. Decido tirar isso da cabeça até conseguir me concentrar. Bak me manda uma mensagem para saber se estou bem, mas não consigo responder. Também deixo isso para depois. Só saio de casa na tarde de domingo, para ir à Belleview, a uma reunião do comitê de planejamento de festas. Devido à bajulação de Stormy, Janette autorizou minha ideia da festa USO, e o show deve continuar, que se danem os rompimentos. Stormy diz que todo mundo está falando nisso. Ela está bem animada, porque estão dizendo que Ferncliff, o outro grande lar para idosos na cidade, talvez leve alguns residentes de ônibus. Stormy diz que eles têm ao menos um viúvo promissor que ela conhece do clube do livro sênior da biblioteca municipal. Isso deixa as outras residentes de Belleview animadas.

— Ele tem uma cabeleira prateada muito distinta — Stormy fica dizendo para todo mundo. — E ainda dirige!

Faço questão de espalhar a notícia. Qualquer coisa para aumentar a empolgação. Na festa, todo mundo vai receber cinco "vales-guerra", que podem ser usados para um copo de ponche de uísque, um broche de bandeirinha ou uma dança. Isso foi ideia do sr. Morales. Na verdade, a ideia dele era um vale para cada dança com uma dama, mas todas nós o acusamos de ser machista e dissemos que devia ser uma dança com um cavalheiro ou uma dama.

Alicia, pragmática como sempre, decretou: — Vai haver bem mais mulheres do que homens, então são as mulheres que vão mandar.

Tenho ido de apartamento em apartamento pedir para as pessoas emprestarem fotos dos anos 1940 se tiverem, principalmente de uniforme militar ou em uma festa USO.

Uma residente fungou e disse: — Pois saiba que eu tinha seis anos em 1945!

Na hora, falei que fotos dos pais dela também seriam bem-vindas, mas ela já estava batendo a porta na minha cara.

* * *

"Scrapbooks para todas as idades" virou na verdade um comitê de planejamento de baile. Imprimi os vales-guerra, e o sr. Morales está usando meu estilete para cortá-los. Maude, que é nova no grupo e sabe usar a internet, está pesquisando artigos sobre a guerra para decorar a mesa de bebidas. A amiga dela, Claudia, está organizando a playlist. Alicia vai ter uma mesinha só dela. Ela está fazendo uma guirlanda de origami, todos de cores diferentes, lilás e pêssego, turquesa e floral. Stormy reclamou do desvio do tema vermelho, branco e azul, mas Alicia bateu o pé, e eu a apoiei. Cheias de classe, como sempre, as fotos dela de nipo-americanos em campos de concentração estão em porta-retratos elegantes.

P.S.: Ainda amo você |ADAPTAÇÃO BABITAN|Where stories live. Discover now