VOU ATÉ O escritório de Janette em Belleview no dia seguinte, armada com caderno e caneta.
— Tive uma ideia para a aula de artes. "Scrapbooks para todas as idades." — Janette assente, e eu continuo: — Posso ensinar aos residentes como fazer scrapbooks, e vamos olhar todas as fotografias antigas e lembranças que eles tiverem e ouvir músicas antigas.
— Parece ótimo — diz ela.
— Eu poderia dar essa aula e também assumir o happy hour de sexta à noite.
Janette morde seu sanduíche de atum e engole.
— A gente talvez corte o happy hour.
— Talvez corte? — repito, sem acreditar. Ela dá de ombros.
— A frequência foi ficando menor desde que começamos a oferecer aulas de informática. Os residentes descobriram o Netflix. Um mundo novo se abriu.
— E se caprichássemos mais no evento? Tipo, se o tornássemos mais especial?
— Nós não temos dinheiro para nada chique, Carolina. Tenho certeza de que Lara contou como nos viramos aqui. Nosso orçamento é mínimo.
— Não, não, poderiam ser coisas que nós mesmos faríamos. Pequenos toques que vão fazer toda a diferença. Como tornar obrigatório que os homens usem paletó. E que tal pegar os copos do refeitório emprestado em vez de usar copos de plástico? — Janette ainda está ouvindo, então continuo: — Por que servir amendoins na lata se pudermos botar em uma tigela bonita, certo?
— Amendoim tem gosto de amendoim independente do receptáculo.
— Mas fica mais elegante se for servido em uma tigela de cristal.
Eu falei demais. Janette está pensando que parece muito trabalho, consigo perceber.
— Não temos tigelas de cristal, Carolina.
— Tenho certeza de que consigo alguma em casa — garanto.
— Parece trabalho demais para todas as sextas à noite.
— Bem... talvez pudesse ser mensal. Isso tornaria o evento ainda mais especial. Por que não fazemos um pequeno hiato e voltamos com tudo daqui a um mês, mais ou menos? — sugiro. — Podemos dar às pessoas a chance de sentirem saudade. Criar expectativa, e então fazer as coisas direito. — Janette assente de má vontade, e antes que ela possa mudar de ideia, acrescento: — Pense em mim como sua assistente, Janette. Deixe tudo comigo. Vou cuidar de tudo.
Ela dá de ombros.
— Faça como preferir.
• • •
Miih e eu estamos no meu quarto naquela tarde quando Bárbara liga.
— Estou passando pela sua casa — diz. — Quer fazer alguma coisa?
— Não! — grita Milena para o telefone. — Ela está ocupada.
Bárbara geme no meu ouvido.
— Desculpe — digo. — Miih está aqui.
Bárbara diz que vai me ligar mais tarde, e mal desliguei o telefone quando Miih resmunga:
— Por favor, não vire uma daquelas garotas que começam a namorar e somem.Estou bem familiarizada com "aquelas garotas", porque Miih desaparece toda vez que conhece um cara novo.
Antes que eu possa lembrá-la disso, ela diz:
— E não vire uma dessas tietes de lacrosse. Odeio aquelas malditas tietes. Será que elas não conseguem encontrar coisa melhor para tietar? Tipo uma banda? Ah, meu Deus, eu seria tão boa tiete de uma banda importante de verdade. Seria como ser uma musa, sabe?
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P.S.: Ainda amo você |ADAPTAÇÃO BABITAN|
Roman d'amourEm Para todos os crush's que já amei, Carolina Voltan não fazia ideia de como sair dessa enrascada, muito menos sabia que o namoro de mentirinha com Bárbara Passos, inventado apenas para fugir do total constrangimento, se transformaria em algo mais...