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NA MANHÃ SEGUINTE, eu escolho com cuidado o que vestir para a escola. Miih disse que eu devia dar a cara à tapa, o que significaria escolher uma roupa chamativa. Lara acha que eu devia agir com indiferença, o que quer dizer alguma coisa madura, como uma saia-lápis ou talvez meu blazer de veludo verde. Mas meu instinto é me misturar, me misturar, me misturar. Uma camiseta marrom larga da Bárbara, que parece um cobertor. Calça Wide Leg jeans, e os all stars marrons de Lara. Se eu pudesse, colocaria um boné, mas a escola proíbe qualquer tipo de chapéu.

Preparo uma tigela de cereal com banana fatiada em cima, mas só consigo me forçar a comer algumas colheradas. Estou nervosa demais. Lara repara e coloca uma barrinha de cereal na minha mochila, para mais tarde. Tenho sorte de ela ainda estar em casa para cuidar tão bem de mim. Ela volta para a Escócia amanhã.

Papai coloca a mão na minha testa.

— Você está doente? Também quase não comeu no jantar ontem.

Eu balanço a cabeça.

— Deve ser só cólica. Estou para ficar menstruada.

Só preciso dizer a palavra mágica "menstruada" e sei que ele não vai insistir no assunto.

— Ah — responde ele, assentindo. — Depois que você botar comida no estômago, tome dois ibuprofenos para garantir.

— Pode deixar.

Sinto-me mal pela mentira, mas é uma mentira pequena, e é para o bem dele. Ele nunca pode saber sobre o vídeo, nunquinha.

Bárbara aparece na entrada da nossa casa na hora certa pela primeira vez. Está seguindo mesmo nosso contrato. Lara me acompanha até a porta e diz:
— Mantenha a cabeça erguida, está bem? Você não fez nada de errado.

Assim que entro no carro, Bárbara se inclina e me beija na boca, o que ainda me surpreende. Sou pega desprevenida e dou uma tossidinha na boca dela.

— Desculpa.

— Tudo bem — diz ela com a tranquilidade de sempre. Então apoia o braço no encosto do meu banco enquanto dá a ré e depois joga o celular para mim.

— Olhe o MeninaVeneno.

Abro o Instagram dela e vou para a página da MeninaVeneno. Vejo o que estava postado abaixo do nosso vídeo, a foto de um cara desmaiado com desenhos de pênis por todo o rosto feitos com caneta permanente. É a postagem mais recente agora. Eu arfo.

O vídeo do ofurô sumiu!

— Bárbara, como você fez isso?

Ela dá seu sorriso presunçoso.

— Enviei uma mensagem para o MeninaVeneno ontem à noite e mandei tirarem aquela porcaria do ar, senão vamos processar. Falei que meu tio é advogado e que nós duas somos menores de idade.

Ela aperta meu joelho.

— Seu tio é mesmo advogado?

— Não. Ele é dono de uma pizzaria em Nova Jersey. — Nós rimos, e a sensação é de um alívio enorme. — Escute, não se preocupe com nada hoje. Se alguém disser alguma coisa, vou quebrar a cara deles.

— Eu só queria saber quem foi. Podia jurar que estávamos sozinhas.

Bárbara balança a cabeça.

— A gente não fez nada de errado! Quem liga se a gente se beijou no maldito ofurô? Quem liga se a gente transasse nele? — Eu franzo a testa, e ela acrescenta: — Eu sei, eu sei. Você não quer que as pessoas pensem que a gente fez uma coisa que não fez. E nós não fizemos, e foi o que falei para aquela vaca da MeninaVeneno.

P.S.: Ainda amo você |ADAPTAÇÃO BABITAN|Where stories live. Discover now