BÁRBARA E EU só estamos nos falando pelo telefone e na escola até uma de nós ser pega. Não vai ser eu. Tenho sido supercuidadosa. Vou e volto de carro para a escola. Olho ao redor antes de sair do carro e corro até a porta de casa. Coloquei Sophi de vigia; ela sempre sai do carro ou de casa primeiro e garante que a barra está limpa. Já prometi que ela vai ter um pouco do que eu desejar se eu ganhar.
Mas, até o momento, só estou jogando na defensiva. Ainda não tentei ir atrás de Bak McClaren. Não por estar com medo, ao menos não do jogo. Só não sei o que vou dizer para ele. Estou sem graça. Talvez eu nem precisasse dizer nada; talvez eu esteja sendo presunçosa de achar que ele possa estar interessado em mim.
Depois do almoço, Miih vem andando rápido pelo corredor e para de repente quando me vê sentada no chão com Mob, em frente aos nossos armários. Hoje, estamos dividindo um picolé de uva. Miih se senta conosco.
— Estou fora — anuncia ela. Eu levo um susto.
— Quem pegou você?
— O maldito Bak McClaren! — Ela pega o picolé da mão do Marcos e engole tudo de uma vez.
— Grossa — diz Mob.
— Conte tudo — peço.
— Gabriel me seguiu no caminho para a escola hoje de manhã. Parei para botar gasolina, e ele pulou do carro assim que me virei. Eu nem sabia que ele estava me seguindo!
— Espere, como ele sabia que você ia parar para botar gasolina? — pergunta Marcos.
Ele sabe sobre o jogo, o que espero que seja útil se só restar Heloísa e eu, pois ele mora no bairro dela.
— Ele esvaziou meu tanque!
— Nossa — sussurro.
Meu coração se aquece por Bak estar levando o jogo tão a sério. Eu estava com medo de as pessoas não darem bola, mas parece que não é assim. Qual será o desejo de Gabriel? Deve ser uma coisa boa, para ele ter tanto trabalho.
— Mandou bem — diz Marcos com um aceno.
— Quase não consigo ficar com raiva, porque foi tão legal. — Ela sopra o cabelo do rosto. — Mas estou furiosa por não poder fazer Heloísa me dar o carro da vovó.
Marcos arregala os olhos.
— Era isso que você ia pedir? Um carro?
— Aquele carro tem valor sentimental para mim — explica Miih. — Nossa avó me levava ao salão com ela nas tardes de domingo. Devia ser meu por direito. Rajah envenenou a mente dela contra mim!
— Que carro é? — pergunta Mob.
— Um Jaguar antigo.
— De que cor? — quer saber ele.
— Preto.
Se eu não conhecesse Miih, acharia que havia uma lágrima se formando no olho dela. Passo o braço pelos ombros dela.
— Quer que eu compre um picolé para você?
Miih balança a cabeça.
— Vou usar uma blusa cropped hoje à noite. Não posso ficar barriguda.
— Então, se você está fora, quem Bak tem que pegar agora? — pergunta Marcos.
— Passos — responde Miih. — Não consegui chegar perto dela porque Bárbara está sempre com a maldita da Rajah, e eu tinha certeza de que ela tinha me tirado. — Ela olha para mim. — Foi mal, Cah.
Miih e Mob me olham com pena. Se Milena tinha que pegar Bárbara e Bak a pegou, isso quer dizer que Bak tem que pegar Bárbara agora. O que quer dizer que Bárbara ou Heloísa me tiraram. Como eu tirei Gabriel, as duas devem ter feito uma aliança. Logo, elas contaram uma para a outra quem tiraram.
Engulo em seco.
— Eu sabia desde o começo que elas ainda eram amigas. E Rajah está passando por um momento difícil, sabe?
— Pelo que ela está passando? — pergunta Milena com uma sobrancelha erguida.
— Bárbara disse que é um problema na família. — A expressão dela continua vazia. — Você não soube de nada?
— Ela estava meio estranha no jantar de aniversário da tia Wendy na semana passada. Mais vaca do que o habitual. Quase não disse nada a noite toda. — Ela dá de ombros. — Então deve estar rolando alguma coisa, mas não sei o quê. — Miih sopra o cabelo do rosto. — Droga. Não consigo acreditar que não vou ficar com o carro.
— Eu vou eliminar Gabriel Bak McClaren por você — prometo. — Sua morte não terá sido em vão.
Ela me olha de esguelha.
— Se você tivesse tirado ele antes, isso não teria acontecido.
— Ele mora a meia hora de distância! Eu nem sei chegar na casa dele.
— Não importa, ainda coloco parte da culpa em você. — O sinal toca, e Miih se levanta. — Até mais, chicas.
Ela segue pelo corredor, na direção oposta da sala de aula.
— Ela acabou de me chamar de chica — diz Marcos, olhando para mim com a testa franzida. — Você contou para ela que sou gay?
— Não!
— Tipo, porque eu contei pra você em segredo. Lembra?
— É claro que lembro, Marcos!
Agora estou nervosa. Será que falei alguma coisa para Miih? Tenho quase cem por cento de certeza de que não, mas ele me deixou em dúvida.
— Tudo bem — diz Mob, com um suspiro. — Tanto faz.
Ele se levanta e oferece a mão para mim. Sempre um cavalheiro.
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P.S.: Ainda amo você |ADAPTAÇÃO BABITAN|
RomantikEm Para todos os crush's que já amei, Carolina Voltan não fazia ideia de como sair dessa enrascada, muito menos sabia que o namoro de mentirinha com Bárbara Passos, inventado apenas para fugir do total constrangimento, se transformaria em algo mais...