MOB E EU estamos sentados no corredor de pernas cruzadas, dividindo um picolé de torta de morango.
— Fique do seu lado — diz ele quando abaixo a cabeça para dar outra mordida.
— Fui eu que comprei! — lembro a ele. — Marcos... você acha que é traição escrever cartas para uma pessoa? Não sou eu, estou perguntando por uma amiga.
— Não — responde Marcos. Ele levanta as sobrancelhas. — Espere, são cartas eróticas?
— Não!
— São parecidas com a que você me escreveu?
Digo um "não" baixo e fraco. Ele me olha como quem não acredita em nada do que estou dizendo.
— Então está tudo bem. Tecnicamente, está em zona livre. Para quem você está escrevendo?
Hesito.
— Você se lembra de Gabriel Bak McClaren?
Ele revira os olhos.
— Nossa, é claro que me lembro de Gabriel Bak McClaren, Carolina. Como não lembrar? Eu tinha uma quedinha por ele no sétimo ano.
— Eu tinha uma quedinha por ele no oitavo!
— Claro. Todo mundo tinha. No ensino fundamental, todo mundo gostava de Bak ou de Bárbara. Eram as duas escolhas principais. Como Nick e Brian, dos Backstreet Boys. Obviamente, Bak é Nick e Bárbara é Brian. — Ele faz uma pausa. — Lembra que Bak tinha uma gagueira muito fofa?
— Lembro! Senti até um pouco de falta quando sumiu. Era tão fofo. Tão pueril. E você lembra que o cabelo dele era cor de manteiga depois que ele pintou? Tipo, aposto que era da cor de manteiga recém-batida.
— Achei que estava mais para palha de milho iluminada pelo luar, mas é. E como ele está?
— Não sei... É estranho, porque tem o ele de quem me lembro do ensino fundamental, só uma lembrança, e tem o ele de agora.
— Vocês ficaram, naquela época?
— Ah, não! Nunca.
— Deve ser por isso que você está curiosa.
— Eu não falei que estava curiosa.
Marcos me lança um olhar.
— Disse sim. Mas eu não te culpo. Eu também estaria curioso.
— É divertido pensar nisso.
— Você tem sorte — diz ele.
— Sorte como?
— Sorte de ter... opções. Não estou oficialmente "fora do armário", mas, mesmo que estivesse, só tem uns dois caras gays na nossa escola. Mark Weinberger, que tem a cara cheia de espinha, e Leon Butler.
Marcos estremece.
— Qual é o problema do Leon?
— Não seja condescendente. Eu só queria que nossa escola fosse maior. Não tem ninguém pra mim aqui.
Ele observa o nada, mal-humorado. Às vezes, olho para Marcos e, por um segundo, esqueço que ele é gay e tenho vontade de gostar dele de novo. Eu toco na mão dele.
— Um dia, em breve, você vai estar no mundo, e vai ter tantas opções que não vai saber o que fazer com elas. Todo mundo vai se apaixonar por você, Marcos, porque você é lindo e charmoso, e você não vai nem se lembrar do ensino médio.
Mob sorri, e o mau humor some.
— Pode ser, mas nunca vou me esquecer de você.
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P.S.: Ainda amo você |ADAPTAÇÃO BABITAN|
RomantikEm Para todos os crush's que já amei, Carolina Voltan não fazia ideia de como sair dessa enrascada, muito menos sabia que o namoro de mentirinha com Bárbara Passos, inventado apenas para fugir do total constrangimento, se transformaria em algo mais...