P.S.: Ainda amo você |ADAPTAÇÃO BABITAN|

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QUANDO SOPHI NASCEU, eu disse que ela parecia um filhotinho de gato, e não Sophia, e daí começamos a chamá-la de Sophi. Quando fomos para casa depois de visitar a mamãe no hospital, Lara e eu fizemos uma faixa com os  dizeres FELIZ ANIVERSÁRIO, SOPHI para fazer o tempo passar mais rápido. Pegamos todos os suprimentos de arte que tínhamos em casa, e vovó ficou irritada porque fizemos uma lambança na cozinha, com direito a tinta pingando no chão e marcas de mãos para todos os lados. Temos uma foto de mamãe de pé  embaixo da faixa segurando Sophi naquele primeiro dia, com os olhos cansados, mas cheios de vida. Feliz. Virou tradição colocar a faixa na porta de Sophi, para ser a primeira coisa que ela vai ver quando acordar.

Eu me levanto cedo e penduro a faixa com cuidado, para que as beiradas não se dobrem nem rasguem. Para o café da manhã, faço uma omelete de queijo munster. Com ketchup, desenho uma cara de gato com um coração ao redor. Temos uma "gaveta de aniversários", que é cheia de velas enfeitadas, chapeuzinhos de papel, toalhas de mesa e cartões de aniversário de emergência. Pego os chapeuzinhos e coloco um na cabeça, inclinado para o lado. Coloco um no prato de Sophi e um no prato de papai, e também coloco um em  Jamie Fox-Pickle. Ele não gosta, mas consigo tirar uma foto antes de ele arrancar o chapéu. 

Papai preparou o almoço favorito de Sophi para ela levar para a escola: sanduíche de brie com batatinhas chips e um cupcake red velvet com cobertura de cream cheese. Sophi fica feliz da vida com a arrumação da mesa e com a omelete com cara de gato. Bate palmas e ri como uma hiena quando o elástico do chapeuzinho de papai arrebenta e o chapéu sai voando. Não há aniversariante mais feliz do que nossa Sophi. 

— Posso usar seu suéter de margaridas? — pergunta ela com a boca cheia de omelete. Eu olho para o relógio. 

— Vou buscar, mas você tem que comer rápido.  Ela vai chegar a qualquer momento.

Quando chega a hora de ir para a escola, colocamos os sapatos, damos beijos de despedida no papai e saímos pela porta da frente. Esperando na rua na frente do carro está Bárbara, com um buquê de cravos
cor-de-rosa enrolados em papel celofane. 

— Feliz aniversário, garota — diz ela.

Sophi arregala os olhos. 

— São para mim?

Bárbara ri. 

— Para quem mais seriam? Ande logo, entre no carro. 

Sophi se vira para mim com os olhos brilhando, o sorriso tão largo quanto o rosto. Eu também estou sorrindo. 

— Você não vem, Carol? 

Eu balanço a cabeça. 

— Não, só tem espaço para dois. 

— Você é minha única garota hoje — diz Bárbara, e Sophi corre até ela e agarra o buquê.
Como uma verdadeira cavalheira, ela abre a porta para Sophia. Fecha-a, se vira e pisca para mim. — Não fique com ciúmes, Voltan. 

Nunca gostei tanto dela como nesse momento. 

• • •

A festa de aniversário de Sophi com as amigas vai ser em algumas semanas. Ela insistiu em uma festa do pijama, e papai está de plantão nos fins de semana até o fim de fevereiro. Esta noite, vamos comemorar com um jantar em família. Um dos melhores pratos de papai é frango assado. Ele diz que é a especialidade da casa. Passa manteiga, coloca uma cebola e uma maçã dentro, polvilha com especiarias e coloca no forno. Em geral, o acompanhamento é  algum tipo de batata. Hoje, fiz purê de batata-doce e polvilhei açúcar mascavo e canela por cima, depois coloquei no forno para o açúcar caramelizar como em um crème brûlée.