NAQUELA NOITE, AO telefone, Miih diz: — Me conta. Quem você tirou?
— Não vou contar.
Já cometi esse erro no passado, contei coisas demais para Miih, o que fez com que ela saísse vitoriosa.
— Pare com isso! Eu ajudo você se você me ajudar. Quero meu desejo!
A força de Miih nesse jogo é sua vontade de ganhar, mas isso também é sua fraqueza. Você tem que jogar Assassinos de um jeito frio e controlado, não ir com muita sede ao bote. Digo isso como alguém que analisou todas as nuances, mas nunca conseguiu ganhar, claro.
— Você talvez esteja com meu nome. Além do mais, eu também quero ganhar.
— Vamos ajudar uma à outra nessa primeira rodada — pede Miih. — Não tirei seu nome, juro.
— Jure por aquele cobertorzinho que você não deixa sua mãe jogar fora.
— Eu juro pelo meu cobertorzinho Fredrick e juro de novo pela minha jaqueta de couro nova que foi mais cara do que a droga do meu carro. Você tirou o meu nome?
— Não.
— Jure pela sua coleção brega de boinas.
Faço um som indignado.
— Eu juro pela minha coleção encantadora e elegante de boinas! Quem você tirou?
— Thaiga.
— Eu tirei Bak McClaren.
— Vamos nos unir para tirá-los do jogo — sugere Miih.
— Nossa aliança pode durar só a primeira rodada, depois é cada uma por si.
Hum. Ela está falando sério, ou é só estratégia?
— E se você estiver mentindo para acabar comigo?
— Eu jurei por Fredrick!
Hesito, mas falo: — Me mande uma foto do papel com o nome, aí vou acreditar.
— Tudo bem! Então me mande o seu.
— Tudo bem. Tchau.
— Espere. Diga a verdade. Meu cabelo está uma merda? Não está, né? Rajah é só uma espírito de porco abominável. Certo?
Eu hesito só um segundinho.
— Isso mesmo.
• • •
Miih e eu estamos escondidas no carro dela. Estamos a um bairro de distância do meu; é o bairro pelo qual Thaiga vai passar para cortar caminho até a escola para o treino de balé. Paramos na entrada de garagem de uma pessoa qualquer.
— Me diga o que vai desejar se ganhar — pede Miih.
Pelo jeito como fala, sei que acha que não vou ganhar. Eu pensei no desejo na noite passada, quando estava tentando dormir.
— Tem uma exposição de artesanato na Carolina do Norte em junho. Eu poderia pedir para Bárbara me levar. Ela jamais faria isso de outra forma. Poderíamos pegar a van da mãe dela emprestada, assim vamos ter espaço suficiente para todas as coisas que vou comprar.
— Exposição de artesanato? — Miih está me olhando como se uma barata tivesse entrado voando no carro dela. — Você desperdiçaria um desejo com uma exposição de artesanato?
— É só uma opção — minto. — Mas, já que você é tão inteligente, o que desejaria se fosse eu?
— Eu faria com que Bárbara nunca mais falasse com a Rajah. Tipo, não é o máximo? Sou um gênio do mal ou não?
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P.S.: Ainda amo você |ADAPTAÇÃO BABITAN|
RomanceEm Para todos os crush's que já amei, Carolina Voltan não fazia ideia de como sair dessa enrascada, muito menos sabia que o namoro de mentirinha com Bárbara Passos, inventado apenas para fugir do total constrangimento, se transformaria em algo mais...