Capítulo 1 💜🌹

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Débora Escobar
2001
Goiás, Brasil

-Porque a mamãe não foi pra missa com a gente?-Pergunto para meu pai, estava segurando sua mão enquanto caminhávamos pela estrada de terra em direção à nossa fazenda.

-Ela teve que ficar em casa, seu irmãozinho ficou doente.

-O que o Murilo tem?-Me preocupo com ele, já que ele ainda era bebê.

-Ele tá chatinho, com febre. Não se preocupe, amanhã vamos levar ele no médico.

-Tá bom. Tô com fome, pai.

-Que tal eu ir falando o nome de alguns pratos gostosos e você escolher qual vai querer pro almoço de hoje?

-Oba! Legal!-Respondo saltitante.

-Bom, vamos ver...-Meu pai é interrompido por um barulho de moto na estrada, o condutor para bem perto de nós.

-Você que é o Sérgio Escobar?-Pergunta o rapaz que estava com capacete, nos impedindo de ver seu rosto.

-Sim, sou eu. Posso ajudar em alguma coisa?-O rapaz tira um revólver do seu bolso, e efetua disparos contra meu pai, que solta a minha mão e cai no chão. O homem foge logo em seguida. Ele nem se importou com a minha presença.

-Papai?Papaaaai!-Grito e não recebo nenhuma resposta, ele morreu ali mesmo.-Alguém me ajude!-Me deito sobre o corpo do meu pai e choro. Eu tinha apenas sete 7 de idade quando presenciei seu assassinato...

2015

Santa Bárbara, Califórnia

14 anos se passaram logo após a morte do meu pai, a polícia chegou a investigar, sempre dando a entender que se tratava de latrocínio, mas meus familiares jamais acreditaram nessa versão. Aquilo foi uma execução, mas a mando de quem? Por qual motivo? Essas perguntas até hoje estão sem respostas.

Passados dois anos da morte dele, minha mãe engatou um novo relacionamento, com um americano chamado Enrique. Em 2008, esse nosso padrasto disse que sua irmã tinha lhe arranjado uma oportunidade única de emprego, que ele esperava a muito tempo, mas esse emprego era na Califórnia, nos Estados Unidos. Ou seja, minha mãe teria que se mudar e levar eu e meu irmão para os EUA se quisesse continuar com Enrique. Nessa época estávamos com 13 e 8 anos. Apesar de ser uma decisão difícil, ela aceitou ir com ele sem nenhum problema, ja que ela era apaixonada por esse homem e queria ter uma vida familiar com ele. Então, no ano seguinte, todos nós fomos morar em Santa Bárbara.

Nós ficamos em um lugar bom para morar, tudo estava fluindo bem, porém, eu e Murilo não gostamos dessa ideia de morar em outro país, pois perdemos contato com pessoas que ja conhecíamos a muito tempo, sem contar que a gente adorava viver no interior de Goiás. Mesmo sendo muito novos, esse período da mudança foi bastante conturbado, porque é mais difícil para um adolescente se adaptar a uma nova vida do que um adulto.

E eu era a pessoa que mais demonstrava que não estava feliz com essa nova vida. Isso acabava gerando discussões, pois eu dizia que não era justo com minha família paterna, mas estranhamente minha mãe odiava quando eu citava o meu pai na frente do Enrique, o que acabava me gerando castigos. Essa raiva também era direcionada ao meu padrasto que foi a origem de toda essa guinada familiar. Antes da mudança eu já não me dava bem com ele, não éramos próximos, mas também não chegávamos a brigar. Depois que viemos para os EUA, nós mal podíamos nos entreolhar que já começava discussões.

Devido a tantas brigas, eu ficava cada vez mais retraída e com raiva. Cheguei a repetir de ano no ensino médio, pois meu rendimento escolar não era mais dos melhores, minhas notas começaram a cair. Ao longo da minha adolescência, fiz algumas poucas amizades, e esses amigos sabiam que o que eu mais queria era voltar para o meu país de origem. Murilo combinou comigo que assim que ele completasse 18 anos, nós dois voltaríamos para Goiás. Como eu anseio por esse dia...

Hellen Warren

-Ainda temos cinco vagas para o curso de logística, quem souber de alguém que está interessado me passa o contato. Vou criar um grupo para a turma. Combinado?-O professor Michael pergunta e todos nós concordamos.

-Até já sei quem vou trazer.-Pego meu celular e procuro o contato de Debbie.

-Quem?-Bruce olha curiosamente para meu celular.

-A Debbie! Eu sei que ela não vai gostar do curso, mas pelo menos vai ficar umas seis horinhas com a mente ocupada.

-E se ela não querer?

-Puxo aquela cabeleira loira dela! Ela vai querer sim.

Chamo ela no chat, mas ela não responde. Naquele primeiro dia de aula, saímos mais cedo. Bruce me acompanha até minha casa e vai para a dele em seguida, moramos bem próximos um do outro, poucos metros.

Debbie e eu trabalhamos juntas em um restaurante famoso da região. Sempre que pode ela dorme na minha casa, pois é bem mais tranquilo pra ela aqui do que na própria casa dela, com aquele projeto de mãe que mudou toda a vida dela por causa de macho. Quando eu estava preparando o meu jantar, o celular vibra. Era Debbie me respondendo.

Miga: 💕
Queria falar comigo?

Hellen:
Quero sim. Bora fazer curso comigo?

Miga:💕
De quê?

Hellen:
Operador de logística.✌🏻

Miga:💕
Com que dinheiro vou pagar curso, Hellen? Tá doida? 🙄🙄

Hellen:
É gratuito, besta! 🙄🙄
Tá sobrando vaga e o professor pediu pra gente tentar conseguir pessoas pra fechar a turma. E aí, vai ou não vai?

Miga:💕
Qualquer lugar é melhor que aqui...😪🙄
Vou sim. ✌🏻

Hellen:
Aeeeee!❤😻
Vou te colocar no grupo que o prof fez.
Amanhã às 18:30, viu?!

Miga:💕
Ok. ❤

Hellen:
PS: Bruce também vai.😎🤣🤣🤣
Boa noite, minha loira. 😘❤

Miga:💕
Aaah não...🤣🤦🏼‍♀️
Até amanhã, parceira.😘❤

Além de Um ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora