Marinette desiste completamente do amor... Com Adrien nada deu certo, com Luka, um completo fiasco, com Chat Noir... nem vale a pena mencionar. Enquanto Marinette passa por essa fase confusa, começa a entender que a única cura do amor é a amizade, a...
Observando o céu estrelado, Marinette ainda não conseguia colocar seus pensamentos – e sentimentos – no lugar...
Zoe... a amava...
Sabia que sua kwami a observava, pronta para dizer algo, mas não o diria até que Marinette a desse a devida atenção...
Como não percebeu antes?!
Pôs a mão no peito, em cima do coração, e se apoiou no parapeito da varanda...
Apertou sua mão bem ali, onde seu coração batia disparado...
Não podia entender...
Não podia entender a si mesma...
Havia amado Adrien por meses, depois veio o Luka, um verdadeiro fiasco por mais que realmente gostasse dele, para logo em seguida vir o Chat Noir, um fiasco ainda pior... Zoe apareceu justamente quando ela mais precisava de apoio... Mas... Mas...
Amor?!
Não, não podia estar sentindo aquilo...
Era... impossível, não era?
Não tinha como amar tantas pessoas em tão pouco tempo...
E Zoe era... era...
Tudo o que lhe veio a mente foram os momentos que passou com ela... Desde quando Zoe a consolou, até o passeio de moto, os intervalos que passaram juntas, o dia que foram ao cinema, ela em sua casa, os flertes de uma Zoe totalmente diferente que estava acostumada a ver, a Kitty Noire, a noite na casa dela... E agora sua declaração...
- Eu tentei avisar, mas você sempre tinha desculpas, Marinette... – Começou Tikki, cautelosa. – E agora, o que vai fazer?
De olhos arregalados e ainda olhando o céu estrelado, respondeu:
- Eu... Eu não sei o que sinto, Tikki... – Admitiu...
- Se não sabe o que sente, é porque sente algo, não é? – Marinette enfim olhou pra sua kwami.
Seus olhos azuis mostravam o misto de emoções que sentia...
Voltou a olhar as estrelas, depois baixou o olhar, a mão ainda no peito.
Respirou fundo repetidas vezes...
No fim das contas, recuou e voltou para sua cama em silêncio.
Sua kwami a seguiu, olhando sua portadora sentada na cama, ainda confusa.
Marinette cobriu o rosto com as mãos, se encostando na parede.
Marinette olhou para seu mural de fotos, focando apenas em Zoe naquela foto...
Quando se deitou, mal percebeu que seus pensamentos só sossegaram e a deixaram dormir somente no alvorecer.
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Quando abriu os olhos, a primeira coisa que lembrou foi de que Zoe havia ficado em sua casa para dormir, e sorriu, mas seu sorriso murchou quando se lembrou da declaração que a mesma fizera...
Se sentou na cama, se sentindo exausta e com a cabeça cheia.
Coçou os olhos, logo os sentindo pesados...
Pelo menos a Ladybug não precisou agir durante aquela noite...
Preguiçosamente, saiu da cama devagar... Temeu ver Zoe ali, dormindo no divã, mas viu que as roupas que ela tinha usado para dormir perfeitamente dobradas estavam em seu lugar.
Que horas eram?
Checou seu celular, próximo ao computador...
Ainda faltavam trinta minutos para as aulas...
É, não havia acordado atrasada pelo menos.
Começou a se arrumar, porém o fazia tão devagar que até colocar suas roupas era lento demais...
Simplesmente seus pensamentos sempre vagavam para uma certa loira de olhos azuis...
Suspirando pesado, pegou sua bolsinha a qual Tikki entrou sem dizer nada.
Marinette nem havia visto sua kwami ainda, onde ela havia dormido? De qualquer maneira não se demorou muito pensando nisso, e logo desceu a escada que dava acesso à sala de estar de sua casa.
A medida que descia os degraus, reconhecia as vozes de sua mãe, seu pai e de... Zoe.
Sentia alívio por ela ainda estar ali ou sentia um certo pânico de ter que a encarar depois da noite anterior?
Ela não sabia dizer o que significa o frio na barriga que só aumentava a cada passo...
- Bom dia, minha filha! – Com beijos da mãe em suas duas bochechas, se permitiu sorrir um pouco.
- Bom dia, mãe... – Deu seu melhor para dar um sorriso convincente, mas seu olhar cansado não a ajudava a disfarçar... Sabine notou, entretanto nada disse.
- Venha tomar seu café da manhã! – Puxando a filha pela mão, a guiou até a mesa, e a partir do momento que seu olhar cruzou com o olhar de Zoe, o mundo pareceu parar, inclusive seus pensamentos que até então não tinham sossegado.
Zoe sorriu para ela, mas ela não conseguiu sorrir de volta...
Ela estava... normal?
- Bom dia, Mari! – Talvez acreditasse em seu sorriso largo se não tivesse notado o leve tremor nas mãos dela enquanto se servia de um copo de leite.
A fitou por alguns segundos... Ela estava com suas roupas de costume, porém seu olhar mostrava o receio que ela sentia, ao mesmo que parecia aguardar por uma resposta, fosse boa ou ruim...
- Bom dia... – Antes que falasse mais algo, seu pai a abraçou com força, suspendendo-a do chão, a fazendo soltar um gritinho.
- Bom dia, filhota! – O padeiro beijou a testa da filha e a devolveu ao chão.
- Bom dia... – Respondeu um pouco rouca, recebendo um olhar preocupado do pai.
Ela ignorou e se sentou ao lado de Zoe com mais cautela do que gostaria.
Enquanto se servia de leite e alguns pães, não ousou sequer olhar na direção dela.
Seus pais estavam conversando entre si, mal notando nas duas garotas silenciosas.
Marinette se levantou quando comeu pouco mais que meio pão.
- Só isso? Assim vai emagrecer, minha filha... – Disse seu pai, preocupado.
- Estou sem fome, papai... – Explicou Marinette, subindo ao seu quarto para escovar os dentes.
Quando desceu, pronta pra ir ao colégio, Zoe já estava na porta.
- Vamos? – Perguntou a loira, a voz quase imperceptivelmente embargada.
Marinette simplesmente a seguiu sem nada a dizer.
Enquanto desciam o lance de escadas, Zoe arriscou olhar para Marinette, mas só disse algo assim que saíram da padaria ao se despedir dos pais da mestiça.
- Mari, eu... – Iniciou, mas o que diria?
- Zoe... Eu... – Atravessaram a pista que separava a casa de Marinette da escola. – Eu realmente... – Assim que o olhar de ambas se cruzaram e Marinette enfim ia dizer algo, escutaram um forte barulho vindo de dentro do colégio... Não tinha nenhum aluno ali fora, o que era estranho já que deviam faltar cinco minutos para o sinal tocar... E o barulho era... A Chloé falando?!
E devia ser em um microfone, pois para escutarem daquela distância...
Marinette cerrou os punhos em antecipação...
O que quer que Chloé estivesse tramando, não era bom.
Zoe, por sua vez, subiu os degraus e entrou no pátio, curiosa.
Marinette não teve outra opção senão a acompanhar, semicerrando o olhar para as enormes caixas de som, um palco improvisado (uma enorme tábua de madeira no chão, com dois palmos de altura) com Chloé bem em cima, um microfone em mãos, com Sabrina no encalço.
De repente, luzes – que estavam posicionadas no alto da escadaria, sendo controlas por Lila – pararam de iluminar Chloé para iluminar Zoe e Marinette.
- Ah, as protagonistas do nosso espetáculo chegaram! – Após uma gargalhada debochada de Chloé, todos voltaram os olhares para as duas. Marinette reconheceu todos de sua turma entre a enorme multidão de alunos, entre alguns outros como Aurora e Marc, da sala de Zoe.
Zoe arqueou as sobrancelhas.
Marinette já começava a se irritar...
- A bastarda ridícula e a padeira girl! – Outra gargalhada. – Vamos começar pela Dupain-Cheng, que é apaixonada pelo Adrien, acreditam nisso?! Uma padeira apaixonada por Adrien Agreste! Ridículo!
Marinette focou no rosto de Adrien, que pareceu chateado e ao mesmo tempo bravo com Chloé Borgeouis.
- Tá bem desatualizada, Chloé – Marinette cruzou os braços – ninguém liga pra notícia velha, que inclusive já está até enterrada. – Zombou, mas seu sorriso vacilou quando a filha do prefeito soltou mais uma risadinha cruel, dando a entender que aquilo tudo não era só pra mostrar pra toda a escola sua antiga paixão pelo Adrien.
- Ah, mas o que vou falar é agora é muitíssimo atual... Vocês acham mesmo que uma garota totalmente ridícula teria chances com a Dupain-Cheng obcecada por Adrien Agreste? – Não, não, não... Era a única palavra que se passava pela mente de Marinette, e quando viu alguns alunos rindo do ridículo da situação e, pior, quando olhou pro lado e viu Zoe trêmula e com os olhos cheios d'água, totalmente paralisada, provavelmente não acreditando que sua irmã seria capaz daquilo, ela mesma entrou em desespero. – Pois é exatamente isso, Zoe Lee é apaixonada pela tola da Marinette Dupain-Cheng! Acreditam nisso? Acham mesmo que ela teria alguma chance? – Alguns risos de pessoas realmente ridículas tomaram conta, e Marinette pôde escutar um soluço que Zoe não conseguiu conter escapar por sua garganta.
