capítulo 9-enganado?

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Bruna narrando:

Ao acordar deitada em uma maca, me deparo com Luan ao meu lado com uma cara fechada.

- o que foi? - pergunto ao ver que ele estava com um olhar distante, mas ao mesmo tempo parecia querer dizer algo.

- Bruna eu preciso que você me conte toda a verdade. - penso que ele estava se referindo ao que aconteceu comigo, mas percebo que é algo muito mais sério.

- do que você tá falando? - pergunto preocupada.

- disso Bruna. - ele me mostra algumas fotos de uma investigação antiga, onde aparece uma mulher entre os bandidos, que logo a reconheço. Acabo ficando boquiaberta ao ver aquela foto. - quando você ia me contar que você é a mulher da foto? - meu coração erra uma batida e meu sangue gela.

- porque você tem tanta certeza disso? - pergunto tentando convencê-lo de que estava blefando.

- meu Deus, eu encontrei o casaco que você usava nos assaltos dentro daquele pacote que você não queria que eu visse. - Luan diz um pouco irritado com minha pergunta e me encara com um olhar frio. - essa é a hora de você me contar toda a verdade. - engulo seco ao ser pressionada, por mais que eu já não fizesse parte do grupo, eu não pudia traí-los assim, mas chegou a hora de abrir o jogo e dizer tudo que eu nunca tive coragem suficiente para dizer.

- eu faço parte daquele grupo desde meus dezenove anos. Eu entrei nesse mundo por que eu não tinha uma família e muito menos dinheiro para me sustentar, eu tive que multas vezes pedir esmola e comer comida do lixo. Quando passei a me envolver nisso eu comecei a ganhar dinheiro suficiente para me sustentar, mas minha consciência me atormentava e dizia que eu devia sair dessa vida, mas já era tarde demais, pois se eu saísse eu seria obrigada a devolver todo o dinheiro que ganhei e eu não tinha esse dinheiro todo, então tive que continuar lá. Os roubos de início eram coisas pequenas, sempre alguém assaltado no meio da rua ou no trânsito, mas a ambição dos meus colegas foi aumentando cada vez mais e em uma noite eles resolveram invadir uma mansão, onde roubaram muitas jóias raríssimas e foi a partir dessa noite que tudo mudou. A vontade deles de conseguir mais poder e dinheiro nos levou a começar invadir museus, e foi durante uma invasão que eu acabei com a minha vida. Dentro daquele museu tinha uma garota de uns oito ou nove anos e quando fui atirar em uma das caixas de vidro que protegia um colar de rubis, o vidro explodiu bem na hora que a menina passou ao lado da caixa e ela acabou se cortando feio. Quando meus colegas viram o que aconteceu eles saíram correndo e me deixou para trás, eu estava desesperada e tentei salvar aquela menina, mas quando cheguei ela já estava sem vida. O remorso e a culpa de ter matado aquela menina me deixaram tão mal que acabei entrando em depressão e nem queria mais saber de roubar, mas eles ameaçaram matar a pessoa mais importante pra mim, minha melhor amiga, então para evitar carregar o peso de mais uma morte voltei para o crime e foi quando vocês começaram a nos investigar. O dia que a gente se conheceu naquela invasão eu não era refém coisa nenhuma, era só uma distração para que os outros fugissem, mas você se escondeu e acabou com o plano quando atirou no cara que tava me segurando. Não era pra isso acontecer, mas eu me apaixonei por você no momento em que você me tirou do meio do tiroteio e foi por causa de você que eu criei coragem para sair de vez do mundo do crime e encontrar um emprego de verdade. Eu te entendo se você quiser me entregar para a polícia, mas finalmente eu me sinto bem por ter te contado tudo que veio me atormentando durante esses anos. - lembrar de tudo que vivi não foi fácil, era como se eu tivesse revivendo tudo aquilo de novo, mas a coisa certa a fazer era contar para o Luan quem eu sou de verdade, ou pelo menos, quem eu fui.

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