capítulo 22 - pesadelo.

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- BRUNA! - sinto alguém me sacudir.

- não, não, não... - digo baixinho com meus olhos fechados.

- ei, olha pra mim. - abro meus olhos vejo Paloma na minha frente me olhando preocupada.

Sinto lágrimas escorrendo no meu rosto.

- calma, tá tudo bem. - ela me abraça e começo a chorar descontroladamente.

Só aí percebo que foi um pesadelo.

Um maldito pesadelo.

Toda vez isso, eu não aguento mais.

Tomo uma grande lufada de ar na tentativa de controlar minha respiração irregular.

Enxugo minhas lágrimas e com o tempo vou me acalmando.

- Você tá bem? - Paloma pergunta fazendo carinho no meu cabelo.

- Agora eu tô. - minha voz soa fraca.

Me solto do abraço e ficamos de frente uma pra outra.

- outro pesadelo?

- sim. - desvio meu olhar e encaro o chão, flashes daquele maldito dia voltam a me atormentar.

Meu corpo começa a tremer e Paloma percebendo isso me abraça mais uma vez, mas não diz nada.

As vezes o silêncio conforta mais que palavras.

(...)

- não vai dormir aqui? - pergunto para Luan que estava indo mais uma vez dormir na sala.

- não. - reponde áspero.

Se ele soubesse a verdade ele não me trataria assim.

Mas eu tenho medo do que ele pode tentar fazer com o Rian.

O Rian que se dane, mas o Luan não merece passar anos na cadeia por causa de um vagabundo, ou pior, morto.

Não permitirei isso.

Por mais que essa distância doa em mim, eu vou ter que ser forte pelo bem dele.

- eu não entendo como pôde acreditar naquele canalha. - nossos olhares se encontram e percebo dor neles.

- você sabe que eu já passei por isso, e, eu juro que eu tento acreditar em você, mas é quase a mesma coisa que aconteceu anos atrás. - sua voz transmite tristeza, uma dor muito profunda.

Eu nunca enganaria ele como aquela sem coração da Luíza fez.

- é quase a mesma coisa mesmo, porque eu não te traí. - abaixo o meu olhar para o chão, mais flashes voltam à minha mente e não consigo impedir as lágrimas de caírem.

- pode não parecer, mas tá doendo muito ter que me afastar de você. - ele suspira vai para a porta.

Ao escutar meu choro ele volta e me abraça.

- me desculpa, eu não queria te fazer chorar. - ele acaricia meus cabelos e continuo chorando.

- não foi você que me fez chorar. - as palavras escapam da minha boca, minha voz sai bem baixa e falha.

- o que você disse? - ele olha nos meus olhos preocupado.

- nada. - desvio o olhar.

- se estiver acontecendo alguma coisa, pode me contar. - seus dedos enxugam minhas lágrimas.

Como eu queria contar tudo.

Mas eu não posso.

- na-não está acontecendo nada. - tiro sua mão do meu rosto e me afasto dele.

Luan me olha um pouco confuso e sai do quarto, me deixando sozinha com os meus fantasmas me atormentando.

Luan narrando:

Por mais que eu esteja um pouco irritado com a Bruna por ter supostamente me traído, eu me preocupo com ela.

Não sei se eu estou sendo trouxa demais, mas eu sinto que eu devia acreditar nela.

O problema é o meu orgulho, e o meu passado.

Antes seu olhar era cheio de alegria e tinha um brilho tão lindo que eu nunca vi em nenhum outro olhar.

Mas hoje seu olhar está cheio de medo, seu rosto mostra uma tristeza profunda e seu brilho está se apagando pouco a pouco.

Sei que ela está passando por coisas difíceis desde que a gente se casou.

Primeiro foram as ameaças do Rian, depois o acidente do Gusttavo e agora o nosso casamento está por um fio.

Não sei, eu acho que eu estou sendo insensível demais com ela.

E eu acho que tem coisas que eu preciso saber.

(...)

Bruna narrando:

Passei o dia todo passando mal.

Eu não sei o que aconteceu comigo.

Quer dizer, eu espero muito que não seja o que eu estou pensando que é.

No momento eu estou no banheiro esperando passar os três minutos que mais parecem séculos.

Assim que olho para o teste na minha mão meu sangue gela, meu coração erra as batidas e meu corpo todo começa a tremer.

Não pode ser.

Não pode ser.

Não pode ser.

- Bruna, cê tá bem? - sem aviso prévio Paloma abre a porta do banheiro e assim que seu olhar cai sobre minha mão ela fica espantada. - meu Deus.

Continua...

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