Luan narrando:
A Bruna anda muito estranha.
Ela não tá comendo direito, vive trancada no quarto, só chora e se assusta sempre que faço carinho nela.
Aconteceu alguma coisa.
Tive uma ideia.
- Paloma, deixa eu te fazer uma pergunta. - digo assim que a Paloma senta no sofá.
- pode falar. - dá de ombros.
- você sabe o que aconteceu com a Bruna?
Sua expressão fica um pouco tensa, mas ela tenta disfarça olhando pra algum lugar aleatório.
- na... Não. Porque? - ela tá muito nervosa pra quem não sabe de nada.
Ela tá mentindo.
- eu tenho todo o direito de saber o que tá acontecendo, eu sou o marido dela. - falo calmamente, mesmo que por dentro eu esteja muito irritado com esses segredos.
O que tem de errado em me dizer a verdade?
- se eu pudesse, eu já teria te contado tudo, mas eu não posso, ela me fez prometer que não ia contar o que ela me disse pra ninguém, e eu vou honrar a minha palavra. - as vezes ser honesta não é uma opção muito boa.
Eu sinto que eu preciso descobrir isso.
E se a Paloma não me contar, a Bruna vai.
E vai ser agora.
- espera, o que cê vai fazer, Luan? - Paloma arregala os olhos e segura meu braço antes de abrir a porta do quarto.
- descobrir toda a verdade. - abro a porta e me solto dela.
Ao entrar, encontro Bruna encolhida na cama chorando.
Me sento do lado dela e ao toca-la ela recua e parece ficar desconfortável.
- preciso falar com você. - digo a abraçando, mas isso a faz chorar e ela se levanta.
- pode falar. - Bruna se encolhe e fica olhando para a janela.
Faz de conta que eu já sei de tudo.
- eu já sei de tudo. - digo tranquilamente, Bruna se vira com os olhos arregalados e encara Paloma que estava de pé no batente da porta com a mesma expressão que ela.
- de tudo o que? - seu tom de voz é preocupado e ao mesmo tempo cheio de medo.
O que ela tá escondendo?
- pelo amor de Deus, até quando você vai tentar me esconder algo que eu já sei? - finjo me irritar e ela se senta na cama perplexa, como se seu mundo tivesse desabado.
- então você já sabe? - lágrimas brotam no seu rosto. Assinto e ela abaixa a cabeça. - eu juro que eu não queria, não é culpa minha. - Bruna coloca as mãos na barriga e chora descompassadamente.
Agora eu tô entendendo tudo.
Não pode ser.
Eu tinha razão, ela me traiu.
- eu não acredito que você teve coragem de fazer isso comigo. - eu sentia raiva, tristeza, mas principalmente dor, uma dor tão familiar que eu acreditei que não voltaria a senti-la nunca mais.
Será que todo o meu amor não foi suficiente para ela?
Será que eu não fui suficiente para ela?
Como sempre, eu fui incapaz de ser a pessoa que ela queria.
Limpo as lágrimas que não paravam de rolar e finalmente tento fazer a pergunta que eu temia tanto a resposta.
- esse filho é meu? - silêncio.
O silêncio diz mais do que palavras.
Bruna levanta o olhar para mim e volta a olhar pro chão.
- eu não sei. - sua voz sai tão fraca que quase não a ouço.
Três palavras.
Três malditas palavras acabaram comigo, com esse amor, com nosso casamento.
- acabou. Eu quero divórcio. - se eu dissesse para ela tido que está na minha mente agora certeza que eu iria acabar com o psicológico dela.
Saio do quarto e bato a porta, dando de cara com a Paloma no corredor.
Ela estava com os braço cruzados e com uma cara de poucos amigos.
Então o errado sou eu?
- você não pode pedir o divórcio! - Paloma diz indignada.
Só eu sei o que eu tô sentindo, como ela tem coragem de dizer o que eu devo fazer?
- ela me traiu Paloma, você quer que eu faça o que? - respondo ríspido.
Eu não tô com cabeça pra falar com ninguém, não agora.
- ela não traiu, Luan. - não sei porque ela tá se alterando.
Que isso?
- eu já passei por isso uma vez e você sabe, e agora eu tô passando de novo, então não se meta. - saio de perto dela, mas Paloma segura meu ombro e me força olhar para ela.
- eu me intrometo sim, porque ela é minha amiga e eu sei que ela não te traiu. - ela fala com tanta certeza, quem vê pensa que é verdade.
Bruna aparece na porta com uma expressão triste.
- Luan. - Bruna murmura e tenta me abraçar, mas eu me afasto dela.
Ela está com o rosto pálido, aparentemente tonta e mergulhada em um poço de tristeza muito profundo, até que ela é bem convincente.
- não encosta em mim. - assim que digo isso, Bruna recua e se escora no batente da porta.
- você não pode tratar ela assim. - Paloma a abraça e fica com seu olhar fixo em mim.
- e porque eu deveria tratar ela bem? Me diz. - a raiva realmente cega as pessoas. - porque ela tá grávida? Mas essa criança pode nem ser minha! - aumento meu tom de voz e a essa altura Bruna já estava desmaiada nos braços da Paloma.
- porque ela foi abusada! - as palavras saem involuntariamente de sua boca e quando ela percebe me olha assustada.
Essa frase atinge meu coração como se fosse uma faca o perfurando lentamente, sem pressa para que corte cada centímetro, cada veia.
O que foi que eu fiz?
Como que eu não percebi isso antes?
Quem foi o maldito que fez isso com ela?
Eu juro que vou acabar com ele.
- quem foi? - pergunto em um quase sussurro.
- o que? - ela se faz de desentendida.
- quem foi que fez isso com ela? - digo pausadamente, com o ódio e a dor me consumindo pouco a pouco.
- eu não sei. - Paloma diz enquanto olhava para a Bruna.
Vou deixar isso para depois, a minha prioridade é cuidar da Bruna agora.
Pego a Bruna no colo e antes de caminhar para a garagem, volto meu olhar para Paloma.
- eu vou fazer de tudo para descobrir quem fez isso com ela, e quando eu descobrir eu vou fazer questão de mata-lo lentamente como se eu fosse uma doença silenciosa e letal que o fará morrer aos poucos.
Isso é uma promessa.
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CADA SEGUNDO COM VOCÊ-LIVRO II
Romance"existem tantas páginas dessa história pra escrever, não venha inventar um fim." Depois de enfrentar vários desafios, Luan e Bruna finalmente se casam, mas essa história está bem longe de ter um final feliz, porque graças aos aliados de Luíza, segre...