capítulo 24-uma promessa.

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Luan narrando:

A Bruna anda muito estranha.

Ela não tá comendo direito, vive trancada no quarto, só chora e se assusta sempre que faço carinho nela.

Aconteceu alguma coisa.

Tive uma ideia.

- Paloma, deixa eu te fazer uma pergunta. - digo assim que a Paloma senta no sofá.

- pode falar. - dá de ombros.

- você sabe o que aconteceu com a Bruna?

Sua expressão fica um pouco tensa, mas ela tenta disfarça olhando pra algum lugar aleatório.

- na... Não. Porque? - ela tá muito nervosa pra quem não sabe de nada.

Ela tá mentindo.

- eu tenho todo o direito de saber o que tá acontecendo, eu sou o marido dela. - falo calmamente, mesmo que por dentro eu esteja muito irritado com esses segredos.

O que tem de errado em me dizer a verdade?

- se eu pudesse, eu já teria te contado tudo, mas eu não posso, ela me fez prometer que não ia contar o que ela me disse pra ninguém, e eu vou honrar a minha palavra. - as vezes ser honesta não é uma opção muito boa.

Eu sinto que eu preciso descobrir isso.

E se a Paloma não me contar, a Bruna vai.

E vai ser agora.

- espera, o que cê vai fazer, Luan? - Paloma arregala os olhos e segura meu braço antes de abrir a porta do quarto.

- descobrir toda a verdade. - abro a porta e me solto dela.

Ao entrar, encontro Bruna encolhida na cama chorando.

Me sento do lado dela e ao toca-la ela recua e parece ficar desconfortável.

- preciso falar com você. - digo a abraçando, mas isso a faz chorar e ela se levanta.

- pode falar. - Bruna se encolhe e fica olhando para a janela.

Faz de conta que eu já sei de tudo.

- eu já sei de tudo. - digo tranquilamente, Bruna se vira com os olhos arregalados e encara Paloma que estava de pé no batente da porta com a mesma expressão que ela.

- de tudo o que? - seu tom de voz é preocupado e ao mesmo tempo cheio de medo.

O que ela tá escondendo?

- pelo amor de Deus, até quando você vai tentar me esconder algo que eu já sei? - finjo me irritar e ela se senta na cama perplexa, como se seu mundo tivesse desabado.

- então você já sabe? - lágrimas brotam no seu rosto. Assinto e ela abaixa a cabeça. - eu juro que eu não queria, não é culpa minha. - Bruna coloca as mãos na barriga e chora descompassadamente.

Agora eu tô entendendo tudo.

Não pode ser.

Eu tinha razão, ela me traiu.

- eu não acredito que você teve coragem de fazer isso comigo. - eu sentia raiva, tristeza, mas principalmente dor, uma dor tão familiar que eu acreditei que não voltaria a senti-la nunca mais.

Será que todo o meu amor não foi suficiente para ela?

Será que eu não fui suficiente para ela?

Como sempre, eu fui incapaz de ser a pessoa que ela queria.

Limpo as lágrimas que não paravam de rolar e finalmente tento fazer a pergunta que eu temia tanto a resposta.

- esse filho é meu? - silêncio.

O silêncio diz mais do que palavras.

Bruna levanta o olhar para mim e volta a olhar pro chão.

- eu não sei. - sua voz sai tão fraca que quase não a ouço.

Três palavras.

Três malditas palavras acabaram comigo, com esse amor, com nosso casamento.

- acabou. Eu quero divórcio. - se eu dissesse para ela tido que está na minha mente agora certeza que eu iria acabar com o psicológico dela.

Saio do quarto e bato a porta, dando de cara com a Paloma no corredor.

Ela estava com os braço cruzados e com uma cara de poucos amigos.

Então o errado sou eu?

- você não pode pedir o divórcio! - Paloma diz indignada.

Só eu sei o que eu tô sentindo, como ela tem coragem de dizer o que eu devo fazer?

- ela me traiu Paloma, você quer que eu faça o que? - respondo ríspido.

Eu não tô com cabeça pra falar com ninguém, não agora.

- ela não traiu, Luan. - não sei porque ela tá se alterando.

Que isso?

- eu já passei por isso uma vez e você sabe, e agora eu tô passando de novo, então não se meta. - saio de perto dela, mas Paloma segura meu ombro e me força olhar para ela.

- eu me intrometo sim, porque ela é minha amiga e eu sei que ela não te traiu. - ela fala com tanta certeza, quem vê pensa que é verdade.

Bruna aparece na porta com uma expressão triste.

- Luan. - Bruna murmura e tenta me abraçar, mas eu me afasto dela.

Ela está com o rosto pálido, aparentemente tonta e mergulhada em um poço de tristeza muito profundo, até que ela é bem convincente.

- não encosta em mim. - assim que digo isso, Bruna recua e se escora no batente da porta.

- você não pode tratar ela assim. - Paloma a abraça e fica  com seu olhar fixo em mim.

- e porque eu deveria tratar ela bem? Me diz. - a raiva realmente cega as pessoas. - porque ela tá grávida? Mas essa criança pode nem ser minha! - aumento meu tom de voz e a essa altura Bruna já estava desmaiada nos braços da Paloma.

- porque ela foi abusada! - as palavras saem involuntariamente de sua boca e quando ela percebe me olha assustada.

Essa frase atinge meu coração como se fosse uma faca o perfurando lentamente, sem pressa para que corte cada centímetro, cada veia.

O que foi que eu fiz?

Como que eu não percebi isso antes?

Quem foi o maldito que fez isso com ela?

Eu juro que vou acabar com ele.

- quem foi? - pergunto em um quase sussurro.

- o que? - ela se faz de desentendida.

- quem foi que fez isso com ela? - digo pausadamente, com o ódio e a dor me consumindo pouco a pouco.

- eu não sei. - Paloma diz enquanto olhava para a Bruna.

Vou deixar isso para depois, a minha prioridade é cuidar da Bruna agora.

Pego a Bruna no colo e antes de caminhar para a garagem, volto meu olhar para Paloma.

- eu vou fazer de tudo para descobrir quem fez isso com ela, e quando eu descobrir eu vou fazer questão de mata-lo lentamente como se eu fosse uma doença silenciosa e letal que o fará morrer aos poucos.

Isso é uma promessa.

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⏰ Última atualização: Jun 12 ⏰

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