Cap. 25

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O sopro suave da brisa passou pela varanda enquanto carregava o cheiro gostoso que avisava que logo mais chegaria a chuva.

Com as mãos formigando a cada mínimo toque que dava por entre a bagunça que eram os fios de Hyunjin, o sentimento de estranheza junto de comodidade explodia em seu peito, que era aquecido pela respiração leve dele no tecido da sua blusa amarrotada pelo tempo que passou com o outro aconchegado ali.

A noite inteira, para ser mais preciso.

No primeiro instante em que o viu ceder ao choro, não hesitou em ir até ele, temendo pela aparição de presenças indesejáveis ao que o mais novo sequer notava que seus soluços estavam ecoando por todo corredor.

Hyunjin, por outro lado, não esperava que sua estrutura emocional se rompesse logo no segundo dia longe do conforto de sua casa. Por mais que soubesse que estava ultrapassando a meses um limite que ele próprio impôs há muito tempo, ainda assim não estava preparado para o turbilhão de sentimentos que o sufocou de forma tão “repentina”.

Os sinais estavam aí o tempo todo, desde a descoberta da gravidez até a pressão do desfile. Apenas passou a fingir que não os via.

Quando Hyunjin deixou-se sucumbir, a reação foi o choro que durou mais tempo do que se lembrava.

A verdade é que o garoto não soube o que aconteceu após o aperto delicado ao redor de seu corpo. Tudo não passou de um borrão onde ele era tocado a cada instante com vozes embaralhadas soando tão perto.

Então seus olhos confusos olhavam ao redor como se procurasse algo familiar após ter o corpo balançado levemente e o calor deixando-o aos poucos, mas ele não conseguia ver nada, apenas ter a sensação de ardência pela claridade do sol adentrando as cortinas abertas da varanda.

Suas mãos se fecharam de forma instintiva no calor e no conforto que queria o deixar repentinamente, mesmo que não fizesse ideia de como diabos havia ido parar em uma cama que sabia não ser sua pelo cheiro de perfume que vinha dos lençóis

— Por quê tão pegajoso? – A voz rouca murmurou ao pé de seu ouvido, mas sem qualquer sinal de raiva. Era apenas como se estivesse frustrado.

Seu estômago afundou um pouco, engolindo a seco com a sensação estranha da boca.

As mãos de Hyunjin tentaram ir para frente dos olhos na intenção de os proteger da claridade excessiva, porém, sentiu como se seus membros estivessem pesados o suficiente para que esse simples movimento o fizesse desistir logo na primeira tentativa enquanto franzia as sobrancelhas.

No entanto, bastou apenas alguns segundos para pensar que aquela voz lhe parecia familiar.

Onde estava?

Não houve tempo para associar algo quando os pelos da nuca se arrepiaram com o toque por entre seus fios por trás da sua orelha, parecendo não seguir um padrão, apenas acariciando com a ponta dos dedos.

Como se a intenção fosse justamente o acordar.

Hyunjin finalmente conseguiu escutar a respiração de alguém se chocando contra sua testa, acarretando nas sobrancelhas mais franzidas pelas leves cócegas que causava.

— Hmm... – Na sua primeira tentativa de fala, o gestante entreabriu os olhos desfocados e, se estivesse em condições, ofegaria surpreso ao se deparar com a silhueta de fios morenos tão perto deitado ao seu lado. – O que...? – Ele falou tão baixo que ele próprio não se escutou, ainda entorpecido pelas pálpebras pesadas.

Os movimentos cessaram e Hyunjin quase reclamou.

— Você acordou. – O alívio escondido nas entrelinhas foi captado pela figura confusa, que fechou os olhos novamente sem saber o motivo de estar tão cansado. – Não durma de novo, está quase no fim do horário do café da manhã e temos que sair logo mais. Você precisa comer. – O garoto mexeu as pernas, percebendo o edredom pesado e quentinho que o cobria.

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