Cap.28

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[...]
Sempre com o olhar distante, turvos por conta da dissociação que começou pouco depois do momento em que assistiu histérico o pequeno caixão ser coberto de terra enquanto a pequena garoa molhava suas roupas pretas extremamente pesadas sobre os ombros e que faziam os joelhos de sua calça mancharem com a grama úmida e suja da terra molhada.

A única coisa que fazia BangChan perceber que ainda estava vivo, era o vazio instalado em seu peito, que pulsava em saudade fazia dois meses.

Estava completando dois malditos meses desde que precisou enterrar sua filha e, céus, doía tanto.

Se o questionasse o tamanho de sua dor, Chan diria se assemelhar a sensação ter seu coração arrancado dele sem qualquer preparação. Não que ele pudesse confirmar tal sensação, era óbvio. Porém, foi tudo tão rápido que ainda se via desnorteado.

Quando menos esperava, teve o seu chão tirado de um segundo para outro.

E BangChan estava cansado de ser consolado por palavras que afirmavam que tudo ia ficar bem porque ele sabia que, lá no fundo, nada ficaria bem.

Ele tinha completa certeza e noção disso.

BangChan acreditava que aquela dor nunca desaparecia, muito menos diminuiria.

— Chan, por favor. Você precisa se alimentar, não o vi fazer uma refeição verdadeira nas últimas semanas. – Com a voz carregada em súplica, Jisung estava ao seu lado com uma bandeja quase vazia.

Era apenas um pequeno prato contendo sopa de legumes e um copo d’água. Jisung resolveu apostar em algo leve por conta do estômago frágil do mais velho, que recusava-se a manter algo por mais que alguns minutos, o que acabou se tornando uma rotina doentia nos últimos dois meses.


Tanto que Jisung sequer conseguiu conter a frustração quando BangChan não moveu um dedo desde que teve a bandeja colocada sobre o seu colo.
BangChan  esteve sentado na mesma posição desde que acordou, à uma hora atrás.

Jisung soltou a respiração lentamente, esperando ansiosamente o mais velho fazer menção de pegar a colher.

Porém isso não aconteceu pelos próximos quinze minutos.

E nem nos próximos vinte.

Ou sequer depois de quarenta minutos.

Até que a sopa acabou esfriando o suficiente após permanecer intocada por uma hora.

Jisung mordeu os lábios por se sentir inútil. Ele havia tentado de tudo para que o australiano reagisse durante os meses que se passaram. Mas, ainda sim, Christopher parecia não ser nada mais que uma casca vazia.

A falta de brilho nos olhos sorridentes ainda eram impactantes para o Han.

Em um dia estavam todos se divertindo pela comemoração da saída de Soyeon do hospital e, no outro, as mesmas pessoas estavam reunidas envolta do caixão onde o corpo da garotinha estava sendo velado.

— Chan hyung... – A voz de Jisung era baixa, gaguejante por conta das lágrimas que começaram a acumula-se em seus olhos. – Por favor. – Ele fungou ruidosamente. – Você precisa comer alguma coisa. – Suas mãos trêmulas agarraram as semelhantes do mais velhos, mas elas estavam frias e pálidas, sem qualquer menção em retribuir ao seu aperto. – Por favor, você não pode desistir assim. – Ele engoliu a seco para tentar se conter.

Mas isso só serviu mais que passasse a chorar com mais intensidade.

Chan agir de forma completamente indiferente ainda era novo para ele. E Jisung odiou aquela nova versão.

O silêncio do quarto foi cortado por conta dos soluços do Han.

— Desculpe... – Chan murmurou quase sem voz pela falta de uso por semanas. Ele ainda se forçava a mamter total atenção na bandeja sobre as pernas.

— Tudo bem, hyung. Tudo bem. Não se desculpe por estar de luto. – Jisung encarou os olhos opacos com culpa por o sobrecarregar com o próprio desequilíbrio emocional, beijando a palma da mão extremamente frias perto das suas.

Christopher ainda não o olhava de volta, mantendo sempre a atenção no caldo já frio.

O que mais fazia seu coração doer, era lembrar da maneira estúpida de como todos criaram esperança de que aquilo era apenas uma fase ruim e que logo tudo voltaria a ser o que era: com SooYeon completamente saudável.

Mas foi injusto como BangChan teve a realidade batendo em sua porta com a ligação da professora da garotinha, que dizia que estavam levando-a as pressas ao hospital após uma parada cardiorrespiratória.



Talvez se BangChan tivesse insistido em deixá-la em casa por mais dois meses, isso não teria acontecido.



Se ele não tivesse sido tão estúpido em dar ouvindo e acreditar na palavra de profissionais que afirmavam que não havia mais nada de errado com Soyeon, talvez ela ainda estivesse ali.

Se ele só tivesse ficado ao lado dela, perceberia que não havia nada de certo.

No entanto, Chan preferiu segurar naquele fio de esperança de que a garotinha não estava mais sofrendo e que agora estava curada.

Tolice.

Um ruído parecido com um ofego deixou os lábios de BangChan, que não percebeu estar se debulhando em lágrimas até escutar a fala baixinha de Jisung falando para deixar aquilo sair, que estava tudo bem chorar daquela forma enquanto deixava carinhos reconfortantes em suas costas.


Aquela foi uma das vezes em que Chan pensou em apenas desistir.
[...]



.



.


.



Foi preciso muito esforço da parte de Minho para que pudesse limpar a mente nebulosa em satisfação de ter um pedido tão sujo vindo de Hyunjin direcionado apenas à ele.

Minho deixou-se cair para trás quando o outro o empurrou pelo peito, até que estivesse sentado sobre seu colo. A cama era surpreendentemente grande para aqueles movimentos, o que causou um frio na barriga do mais velho em antecipação.

Mas assim que sua mente enevoada pareceu clarear de forma mínima, ele o chamou:

— Hyunjin. – Minho não quis verdadeiramente o impedir de tirar o sobretudo pesado dos ombros, muito menos se viu querendo impedi-lo de terminar de abrir os botões da blusa violada por suas próprias mãos curiosas anteriormente.

Chegou a ser ridículo a maneira como Minho se via sendo capaz apenas de assistir os movimentos que pareciam acontecer em câmera lenta.

Ou talvez fosse a expressão de Hyunjin que o mantivesse tão envolvido. Como uma hipnose maluca, Minho diria.

— Hm? – O único som que saiu da boca do mais novo, foi um murmúrio baixo.

E ele parecia satisfeito quando se acomodou sobre o seu colo, para o desespero do Lee, que queria fazê-lo parar.

Hyunjin, por outro lado, sentiu sua pele arrepiar com a sensação da ereção de Minho bem debaixo de sua bunda.

— Não torne isso mais difícil. – Minho continuou com a voz afetada por seus movimentos nada sutis e pela respiração tão pesada em seus ouvido. Tanto que foi impossível conter o suspiro que deixou seus lábios.

Hyunjin suspirou trêmulo por suas ações propositais, satisfeito quando arrancou algo além de leves ofegos do mais velho.

Assim que o gemido sôfrego ecoou pelo ambiente silencioso, as mãos do Lee correram de forma instintiva pelas pernas de Hyunjin e apertou a carne coberta pela calça social.

— Por favor. – O pedido sussurrado de Hyunjin pareciam combinar perfeitamente com os murmúrios que Minho emitia sem que percebesse.

— Ver você todo choroso pedindo por algo tão sujo não me lembra nada o garoto atrevido que conheci. – Minho abriu os olhos que nem percebeu ter os fechados, capturando a imagem dos olhos apertados com força, bochechas rosadas e a boca entreaberta, por onde leves lufadas de ar escapavam.

Hyunjin era lindo. Seu coração disparado pareceu bombardear ainda mais rápido. Seja a maneira como suas sobrancelhas franziam por manter os olhos apertados, ou talvez a maneira rebelde que seus fios castanhos estavam totalmente arrepiados, Minho não saberia dizer.

Ele estava deslumbrado por pequenos detalhes quando tinha o outro tão perto.
Um riso bobo escapou de seus lábios antes que pudesse impedir.

Mas, então, seus olhos caíram sobre o volume notório da barriga de Hyunjin e o leve sorriso pareceu cair um pouco.

Hyunjin estava sem qualquer vestimenta para esconder a gravidez, o que fez Minho pensar que essa era a “primeira vez” que estava realmente ciente da gestação do mais jovem.

O choque de realidade começou a pesar sobre os seus ombros tendo em vista o volume que acomodava os bebês.

E foi incrível como tudo se encaixou.

Minho levou a mão para pele desnuda quente de Hyunjin e dedilhou a área carregado de delicadeza. O início de um movimento leve ocorreu bem na hora que parou a mão na lateral de sua barriga.

— Combina com você. – O Lee se viu falando poucos segundos depois, encantado com o momento. O sorriso fraco voltou a brilhar, enquanto massageava a cintura do Hyunjin quando os movimentos dos bebês diminuíram.

— O-o quê? – A voz de Hyunjin não passava de um sussurro entrecortado e confuso quando abriu os olhos, ainda com a cabeça enevoada pelos toques do outro.

A gentileza que Minho usou não o ajudou a compreender do que se tratava.

— Estar grávido. – O Lee levantou os olhos de sua barriga para os olhos entreabertos, sorrindo ainda mais com a conclusão que chegou. – Você fica muito bonito carregando meus bebês. – O Lee assistiu a maneira como um lampejo de surpresa passou pela expressão do mais novo.

Só para então assisti-lo  fechar os olhos e franzir as sobrancelhas como se sentisse dor.





Hyunjin parecia impactado com a frase de Minho, tanto que sequer percebeu que os seus músculos tensionaram em reação. E como se um alerta vermelho passasse a gritar em sua cabeça, Hyunjin se viu entrando em um espiral estranho.

Algo que, definitivamente, nunca aconteceu antes. Não da maneira que estava  acontecendo.

Quer dizer, ele teve alguns episódios estranhos desde o início da gestação, mas nunca foram o suficiente para deixá-lo tão enevoado. Foi como um gatilho inesperado para ele.

Tudo não passa de uma piada de muito mau gosto. Seu subconsciente o alertou.

Hyunjin se mexeu sobre o colo de Minho quando tal pensamento sobressaiu todo os outros que também gritavam ao fundo. Porém, não conseguiu de mover de onde estava por causa dos mãos que agarraram sua cintura.

— Isso não vai funcionar. Foi... foi um erro. – Hyunjin se viu falando, com a voz pesada, como se estivesse reprimindo qualquer sentimento que quisesse – inconscientemente – expor.

Hyunjin esteve deixando a excitação falar por ele quando se viu à mercê dos toques delicados, das palavras açucaradas de Minho carregadas de arrependimento. Porém, bastou uma frase para que a lembrança do quão desprezado havia sido passasse a correr à solta.

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⏰ Última atualização: Jul 29 ⏰

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