Nunca pensei que sentiria tanto a falta da Clara, não consegui dormir bem de sexta para sábado e já de manhã liguei para ela, mas não atendeu. Como estava muito preocupada fui até a sua casa no Brooklyn. Estava tudo fechado e um vizinho disse que ela não estava, tinha saído cedo. Esperei um tempão no carro e depois voltei para casa, ligando para ela e dando só caixa postal.
Organizei aquela orgia primeiramente pra provar pra mim mesma que ela não era importante, que aquela Helena que gostava de orgia era realmente eu, não sabia que Clara iria me ligar e decidir participar, os dias que passei com ela foram os mais felizes da minha vida, sem necessidade de orgias, farras em grupo ou outras mulheres, tinha sido simplesmente nós duas, de todas as maneiras possíveis e isso me assustou como nada na vida. E agora estragara tudo.
Quando ela me contou oque malévola disse não consegui me controlar, fiquei cega pela raiva, por ela saber tanto da minha vida, ninguém sabia dessa história e isso me deixava vulnerável de um jeito que me deixava em pânico, achei que Clara iria sentir pena de mim e eu não precisava da pena dela, mais tudo que ela sentiu foi amor, tudo que ela fez foi por amor.
Eu sabia que ela era diferente desde a ilha, o prazer que eu sentia com ela era diferente, mais ainda assim quis adequar ela para o que eu acreditava ser o meu mundo. Todas essas orgias não me davam prazer completo, não me sentia saciada como sentia quando transava com ela, quando apenas saíamos pra jantar ou assistíamos a algum filme bobo na TV, ela me deixava completa e eu não queria admitir isso pra mim. Aquela vez no clube em que o Benjamin a fodeu, eu senti um ciúme tão grande que nem consegui me concentrar na Anna, mais mesmo assim fui idiota, fiquei lutando contra o que eu sentia, e a Clara sempre ali, fazendo tudo que eu queria, mesmo eu não merecendo.
No dia em que Clara me contou que aquele advogadozinho havia a chamado pra sair e quando encontramos com ele no restaurante eu fiquei possessa de ciúmes e raiva, sentimentos que eu não sentia a anos, mais fui idiota fraca por não admitir o que eu sentia, lutei contra meus sentimentos, queria provar a mim mesma que Clara era como qualquer outra, descartável pra mim.
Anos atrás tinha me decidido a nunca deixar uma mulher ter controle sobre meus sentimentos e desejos, conhecera inúmeras delas, muitas tentaram me conquistar, mas sempre me mantive indiferente, imune. Quando me relacionei com Clara, achei que seria mais uma ainda mais com seu jeito doce e submisso, me divertiria e seguiria em frente. Não entendi em que momento Clara me envolveu, ela se tornou necessária pra mim de um jeito que só agora depois de perdê-la eu consigo admitir.
Enquanto ligava pra Clara, Helena fez uma analise da própria vida:
POV Autora
Aos sete anos, depois de ficar órfã Malévola e o marido Tomás ficaram com a guarda dela, Helena já havia sofrido muito por sua condição, não tinha amigos e as pessoas que sabiam a maltratavam, exceto seus pais, eles eram anjos pra ela, mais naquele momento Helena não teria mais eles, seus tios tinham por volta de trinta anos, eram boêmios e viviam da caridade do pai dela, que praticamente os sustentava. Ficaram eufóricos ao irem morar na mansão do seu pai e administrarem os bens, ou seja, dilapidarem a fortuna da família. A sorte de Helena foi que uma boa parte desta ficou resguardada e só poderia ser utilizada quando tivesse dezoito anos. Se não, teria ficado na miséria, pois eles só queriam saber de farras e gastar. No início, estava sofrendo muito, sentindo a
Falta dos pais, com dificuldades para se adaptar. Mas os novos tios foram pacientes, carinhosos, principalmente Malévola, era linda como um anjo, perfumada e vivia abraçando-a, mimando-a, até fazê-la ficar totalmente dependente dela, seguindo-a em cada canto como um cachorrinho, Malévola sabia da condição “especial” de Helena e quis tirar proveito disso, Helena já havia sofrido bastante por ser intersexual, não tinha amigos e se sentia muito sozinha, com a morte dos pais tudo piorou, muitos já a chamaram de aberração, esquisita, estranha, chamavam de menina-macho, por ela ser uma menina com um pênis, ninguém queria ser amigo da “menina com pênis”, tudo isso fez Helena se excluir, se fechar para o mundo. Helena tinha medo de perder sua tia também e ficar sozinha. Assim, era obediente, quieta e ela vivia elogiando-a. As festas na casa eram frequentes e Helena não podia frequentá-las, Mal sempre dizia que quando fosse maior poderia ir. E assim o tempo passou, Helena fez oito anos, já totalmente acostumada com eles. Tomás era mais distante, mas gostava de saber como estava e a observava muito. Foi quando tudo começou. Primeiro foi Malévola, com carícias e beijos cada vez mais constantes. Lembrava-se bem dela seminua pela casa, de incentivá-la a ser mais carinhosa, de deitar em sua cama e masturba-la. Na época ficara confusa, não gostava de sua tia lhe tocando, mas depois entendera bem o que fora aquilo, ela a seduzira com sua beleza, seus beijos, seus toques cada vez mais intimos, a fim de que quando Helena fizesse 18 anos eles conseguissem colocar a mão na outra parte de sua fortuna. Tomás geralmente aparecia do nada, deixando-a nervosa, envergonhada, pois no fundo sentia que nada daquilo era certo, mas ficava mais e mais dependente daqueles momentos.
Não aconteceu tudo de uma vez, Helena foi preparada, cercada, seduzida. Com o tempo, não se incomodava mais quando Tomás chegava e ficava olhando as coisas que ela a ensinava a fazer. Estava viciada naquilo. Teve permissão de ficar nas festas como expectadora, ninguém tocava nela, mas podia olhar aquela gente toda rindo, nua, fazendo sexo. A ponto de esperar ansiosamente pelas mesmas e não conseguir pensar em outra coisa. Quando tudo acabava, sua tia a recompensava até deixá-la feliz, cansada, satisfeita e Tomás sempre por perto, rondando, incentivando, se aproximando. Quando tinha dez anos, Malévola pedia que dormisse na cama entre ela e o marido. E foi ali, no meio da noite, quando estava com ela, que Tomás começou a tocá-la. No início não quis, ficou assustada, mas suavemente ela a incentivava, fazia relaxar. Tornou-se o brinquedinho deles e sexo passou a ser o centro
Do seu mundo. Precocemente Helena sabia masturbar e ser masturbada, fazer e receber sexo oral, em ambos os sexos e quando tinha onze anos a convenceram a ser penetrada por trás por Tomás, Malévola pediu que a fizesse, por ela, e preparou-a, foi horrível, doloroso, Helena chorou e não quis mais. No entanto, enquanto Tomás esperava, sem insistir, ela a seduzia de novo e, com o tempo, enquanto se excitava com ela, pedia a Helena que deixasse Tomás fazer de novo. E assim foi até Helena começar a gostar. Ficou mais velha e os três eram amantes. Faziam de tudo. Helena segurou o celular com forca, não segurando mais as lagrimas, enquanto tentava mais uma vez ligar pra Clara, cerrando os dentes. O ódio a consumia, pois pior do que a pedofilia, o abuso, era o fato de terem a feito gostar e se tornar dependente daquilo. Participava das orgias e se sentia o máximo, sempre elogiada por sua beleza, por ser diferente e por tudo que sabía fazer. Até que foi ficando mais velha, percebendo que aquilo era um segredo, que outras pessoas não faziam o mesmo e não podiam saber. Percebendo que era usada, que eles não trabalhavam e gastavam todo o dinheiro, que ela era a fonte deles de renda e de perversões. Com o tempo, sentiu-se dividida. Sentia um prazer imenso com Malévola e outras mulheres. Era completamente apaixonada por elas, mas não queria mais Tomás ou outros homens tocando-a. Como sempre, Mal tentou convencê-la com a sedução e o amor que sabia que a deixava dominada e Helena cedia, permitia, participava. Mas depois o nojo voltava ainda mais forte e com ele a noção de que Malévola a manipulava. Dos 14 aos 17 anos foi uma época difícil. Não
Teve uma adolescência normal. Não namorou ou foi inocente. Participou de orgias, incestos, sodomia, gostava de se sentir “especial” no meio das mulheres por ser diferente. Começou a beber muito, pois assim tinha coragem de enfrentá-los cada vez mais e se negar. Brigava, quebrava as coisas em casa, chegou a socar Tomás mais de uma vez e ameaçá-la de morte caso se aproximasse. E sua dependência de Malévola passou a virar decepção. Dali para o ódio não demorou muito,
Eles se desesperaram ao notar que ela escapava de seus domínios. E então, ao fazer 18 anos, expulsou-os de vez da sua vida. Deixou a mansão para eles, disse que teriam uma mesada mensal, mas se a procurassem de novo, se a deixassem furiosa, ficariam sem nada. No início a tia julgou-se capaz de convencê-la e tentou usar as velhas táticas chantagistas de amor, devoção, sedução. Mas Helena havia chegado ao seu limite e os enxergava com os olhos bem abertos. Deixou-os sem mesada por dois meses. E então eles se convenceram de que falava sério. E se afastaram. Reestruturou sua vida. Entrou na faculdade de Administração de empresas e assumiu os negócios da família em meio período, aprendendo tudo que podia sobre eles. Helena não procurou ajuda profissional, no fundo tinha vergonha por ter sido fraca e deixar que seus tios fizessem com ela o que quisessem, achou que não precisava de ajuda. Aos vinte e um anos era a presidenta e fez as empresas crescerem. Aos poucos duplicou, triplicou os lucros, até que eram maiores e mais lucrativas do que na época dos seus pais. Tornou-se dura, autossuficiente, aprendeu a não se intimidar mais por sua condição, começou a não ter vergonha de ser intersex, dona do seu próprio destino. Só tinha uma fraqueza na vida: tinha se viciado em sexo, nas orgias, nas farras, na submissão das mulheres. Não desejou homem algum. No fundo, envergonhava-se de suas experiências com Tomás, pois sempre foram baseadas para agradar Malévola, nunca um desejo real seu.
Mas as mulheres, delas não conseguia se libertar. Já tinha sido corrompida em seus desejos e aceitou-os. Conheceu clubes, casas de swings, festas particulares com jogos sexuais. Essa tinha sido sua vida até ali. Nunca ninguém que conheceu durante aqueles anos soube do seu passado. Nem seus amigos, namoradas, ou sequer achou que precisava procurar psicólogos. Era sua vida, sua intimidade, sua história. Foi forjada nela. Certo ou errada, corrompida ou não, essa era ela, era a mulher que se tornara. E aceitara o fato. Uma vez, tinha vinte e três anos, foi em uma festa particular levada por uma amiga, onde rolava de tudo em um apartamento. E o dono do local, um homem rico de pouco mais de cinquenta anos, morava ali com sua filha de dezesseis, sua amante. Ela participou da festa e tão logo Helena a tinha visto, nua com o pai, algo dentro dela estalou e ficou cego. Tinha batido tanto no homem, que foi preciso vários outros para tirarem o desgraçado de suas mãos. Lembrou-se de como os amigos de sua tia tinham visto que Helena era menor de idade e como ninguém tinha se importado, pelo contrário, tinham tirado sua lasquinha dela. Mas descobriu que não suportava ver episódios de sexo com menores de idade. E saber que o pai, quem deveria proteger a menina, a colocava naquele antro, revoltou-a. Helena denunciou-o ao sair dali. Meteu-se talvez onde não devia, gastou muito, mas conseguiu que a garota fosse morar com os avós maternos, já que a mãe era falecida. Uma vez ela descobriu seu telefone, ligou para ela que a xingou, disse que a odiava, pois queria voltar para o pai e não podia. Helena apenas escutou, entendendo mais do que ninguém o lado dela. Fora tão acostumada à perversão, que se acostumara a ela. Como ela mesma fez. Eram vítimas que foram seduzidas, corrompidas tão lentamente, que não sabiam mais enfrentar o mundo além daquele. A partir dali, passou a investir em campanhas e ações contra a pedofilia. Helena virou a mulher que era agora. Não acreditava em romance nem desejava ser o que não podia. Depois de Malévola, jurara nunca deixar uma mulher ter poder sobre ela e tinha conseguido. Até conhecer Clara Albuquerque . Quando a vira a primeira vez naquele bar, tão quieta e inocente, seus olhos grandes impressionados por Helena , assustados, tinha sentido uma atração instantânea. Ficara curiosa com sua pureza, sua ingenuidade, seu jeito tão entregue, sem joguinhos.
No início fora só isso, comprovar até onde ia aquela inocência toda naquele corpo de mulher. Mas de alguma maneira, não se cansou dela. Simplesmente ela foi ficando, atraindo-a mais, deixando-a nervosa com o poder que tinha sobre ela. E o tempo todo quis provar a si mesma de que se livraria dela quando quisesse. Não esperara sofrer tanto por sair vitoriosa daquela batalha.
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Minha Tentação (ADAPTAÇÃO) Clarena
FanfictionAdaptação de uma fic swaanqueen. Todos os créditos vão para o perfil @BNACOSTA! Espero que Gostem. +🔞. Personagem G!P. Vou postar apenas um capítulo por dia no período da manhã!