Lá estava Lily Garcia chegando em sua cidade natal a grande Pinhal com 15 mil habitantes. Lily desceu do ônibus com as malas e respirou fundo. Tudo tinha dado errado na cidade grande, San Andreas tinha sido um erro.
Pegou um táxi e foi até a antiga casa do seu pai. Como boa cidade do interior não existia Uber. Lily lembrava de ter ido embora dali depois de formada no ensino médio e só ter voltado em datas comemorativas, para ver seu pai.
Desceu do carro e ficou olhando a casa do seu pai, estava ainda mais deteriorada que dá última vez que ela estivera ali, observou a casa ao lado, um sobrado gigantesco que parecia ter sido reformado para ficar ainda mais deslumbrante.
Ela lembrava bem daquele sobrado era da família de Margot Bianchi, sua primeira paixão e também a garota que fez Lily entender que ela gostava de meninas.
A família de Margot se mudou para a cidade quando Lily tinha 12 anos, o pai de Margot era um investidor que trouxe fábricas para a cidade, aumentando os empregos, o que foi comemorado por todos.
Lily lembrava de ficar admirando Margot no recreio da escola. Margot tinha 17 anos, enquanto Lili tinha 13. Em pouco tempo Margot se tornou popular, era considerada uma aluna nota A e começou a dar tutoria para os alunos com dificuldade.
Margot namorou Alex, o garoto mais popular da escola, eles faziam o casal considerado perfeito. Alex era ruivo, enquanto Margot era loira de olhos azuis, tinha as bochechas rosadas e um sorriso encantador, em dias de inverno suas bochechas estavam sempre vermelhas. Ela tinha um andar altivo de quem sabia que era boa em qualquer coisa que se propunha a fazer.
Lily naquela época não entendia porque ela não parava de pensar em Margot, chegou a ficar em recuperação em matemática apenas para ter Margot como tutora. Ela lembrava de Margot a encontrar na sala de matemática e explicar as contas como a coisa mais simples do mundo e deixar Lili ainda mais encantada. Lily ficou nervosa durante a aula e não parava de mexer no anel, herança de sua mãe, falecida. E aquela foi a primeira e a única vez que elas conversaram.
Na aula seguinte Margot estava ocupada e foi designada outra tutora, e Lily acabou desistindo e passando em matemática. No final do ano, Margot se formou e foi fazer faculdade na capital.
E foi Margot a primeira paixão platônica de Lily. O decorrer dos anos na escola foram péssimos. Depois de se assumir lésbica para o seu pai, e a escola toda, ela sofreu muito preconceito.
Sua mãe tinha falecido quando ela nasceu e seu pai tinha sido compreensivo, mas a escola tinha sido um lugar terrível.
Cidade pequena, pensamentos pequenos. Era a frase que ela repetia a si mesmo, com cada piadinha ou comentários desnecessários que ela escutava nunca diretamente, afinal a escola tinha uma política contra o preconceito, mas adolescentes podem ser bem cruéis as vezes.
Quando se formou e foi morar na capital, Lily sentiu um alívio tremendo, lá ninguém se importava com ninguém, ela podia ser livre, fazer o que quisesse sem ser julgada.
E agora sem escolha, ela estava de volta a cidade natal, a namorada tinha terminado com ela da pior maneira possível, dizendo que não tinha coragem de bancar um relacionamento homoafetivo embora o sexo tenha sido o melhor sexo da sua vida. O que Lily achou péssimo de ouvir, afinal ela só queria ser amada. De quebra tinha sido demitida porque sua chefe não a liberava para ir às aulas da faculdade.
Agora ela estava desempregada, teve que trancar a faculdade e se obrigou a voltar para a cidade natal com uma mão na frente outra atrás, mas ela não podia contar a seu pai, não ainda. Por sorte seu pai estava viajando, tinha ido visitar a namorada, então ela teria um momento de paz até decidir o que iria fazer. Seu pai tinha se aposentado como funcionário da fábrica vivia com um salário. Vivia uma vida simples e Lily não queria dar trabalho ao seu pai.
Ficou algum tempo parada em frente a casa relembrando sua infância naquele lugar. Nem percebeu que ao lado, Margot descia de um carro de luxo com uma cara de poucos amigos.
Margot era filha única e herdeira de todo o império dos Bianchi. Ela queria mostrar seu valor para os pais e acabou criando uma marca de hotéis, só que a sua ganância no último ano ao tentar expandir para o exterior tinha feito a empresa perder dinheiro.
Os consultores tinham avisado que era muito cedo para tentar expandir para o exterior, mas Margot havia ignorado e gastado muito dinheiro em marketing e divulgação que acabou não dando certo.
Uma das alternativas era pedir dinheiro ao seus pais, mas ela se negava a fazer isso, seria admitir que ela era incompetente e isso ela não faria.
A figura de Margot dona da empresa e influencer se misturavam e as fofocas sobre a sua vida eram constantes. Margot já havia se envolvido com muitos homens e muitas polêmicas eram constantes com seu nome.
Alguns ex-funcionários já tinham dito em entrevistas que o gênio dela era péssimo. Um funcionário até disse que preferia a guilhotina do que seguir trabalhando para ela. Mas o principalmente fator que fez Margot voltar a Pinhal foi a mais nova polêmica da vez.
Tinham gravado Margot numa balada chamando uma menina de escória da sociedade porque a garota tinha dado em cima dela. Margot tinha ficado furiosa e disse que tinha sido bem criada por isso nunca pegaria mulher.
O vídeo logo viralizou e Margot foi acusada de homofobia. Ela teve que ir a público pedir desculpas e sua assessoria achou melhor ela sumir da mídia por um tempo. E lá estava ela de volta a Pinhal esperando que a poeira baixasse.
Margot saiu do carro e viu Lily, uma moça morena com cabelos lisos e cachos nas pontas parada na calçada olhando fixamente para a casa.
- Mal cheguei e já me deparo com uma maluca. - disse Margot antes de colocar os óculos no rosto e entrar em casa.
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Fake Dating
RomanceMargot é rica, hétero, egocêntrica e polêmica. Lily é uma estudante lésbica, sem dinheiro e desempregada. Completamente opostas uma da outra, as duas concordam em fingir um namoro durante 6 meses, afinal nada poderia dar errado não é mesmo?