- Onde você vai? - perguntou Margot vendo Lily arrumada na sala.
- Tem um grupo que eu participo, eu nunca mais fui, pretendo ir lá hoje. Não vai ser um problema. - disse Lily.
- A gente deve ser vista juntas. - disse Margot.
- Então vem junto. - disse Lily.
- Onde você vai?
- Quando chegarmos lá você descobre. - disse Lily e Margot bufou.
Margot não tinha nada para fazer então resolveu seguir Lily.
- Em pleno domingo dirigindo para esses lados da cidade. - reclamou Margot.
- Já estamos chegando. - disse Lily.
As duas desceram do carro e Margot ficou observando o lugar, era um prédio velho e quase caindo aos pedaços.
- É uma ONG. - disse Lily.
As duas entraram e tinha um grupo de pessoas conversando e outro colocando uma toalha sobre a mesa.
Logo algumas pessoas vieram abraçar Lily e ela apresentou Margot.
- Achei que você não voltasse mais agora que tá famosa. - disse uma mulher negra com os cabelos raspados.
- Jamais. - Lily respondeu.
Margot não disse nada apenas observava o lugar.
- Podemos começar? - a mesma mulher disse e as demais mulheres e homens que estavam ali começaram a sentar em círculos.
- Vem. Vamos ajudar a montar a mesa do café - disse Lily puxando Margot.
Elas pegaram as coisas em um cozinha pequena que havia ali e colocaram em uma mesa. Tinha, café, bolo e chá.
Quando elas voltaram, um homem sentado no círculo estava falando.
- Eu sou um homem trans, fui expulso de casa, fui morar com uma tia, e consegui me formar em marketing, mas é difícil conseguir emprego nessa cidade, quando vêem meu currículo eu sou chamado para as entrevistas quando me vêem pessoalmente tudo muda. - disse ele.
Depois uma mulher pediu a palavra e começou a contar quando se descobriu lésbica e seus pais a expulsaram de casa, ela começou a viver em abrigos, até uma amiga a ajudar.
- O que se trata isso? - perguntou Margot para Lily.
- É um grupo de ajuda, todos nós conversamos sobre nossas experiências aqui. - disse Lily.
- Alguém aqui é hetero? - quis saber Margot.
- Você realmente acha que eu preciso te responder isso? Vamos sentar - disse Lily.
As duas sentaram e continuaram acompanhando a reunião.
Depois de duas horas, a reunião terminou e todos foram tomar café. Margot estava atônita com os relatos e não falou mais nada.
Lily se despediu e subiram no carro. Margot foi até uma parte do trajeto em silêncio.
- Esse grupo vocês só conversam? - quis saber Margot.
- É uma ONG além da conversa, tentamos ajudar com moradia, alimentos, mas são poucas doações e a ONG sobrevive graças a doações. - disse Lily.
- Isso explica aquela comida horrorosa, como alguém consegue pensar em algo positivo com aquele tipo de comida. - disse Margot.
- É simbólico apenas para confraternização. - disse Lily.
- Você já deu seu depoimento lá? - quis saber Margot.
- Sim, eu conheci o grupo a cerca de dois anos ia quase todos os domingos. Mas é a primeira vez que volto lá depois que começamos esse contrato. - disse Lily.
Margot não disse nada, apenas assentiu.
Chegaram em casa e Margot foi para seu quarto, ela não queria que Lily notasse mas ouvir aqueles depoimentos tinha mexido com ela e ela chorou no banho como a muito tempo não fazia.
A noite, desceu e encontrou Lily no lugar da casa que ela mais ficava, na cozinha.
- Ainda no bife Wellington? - quis saber Margot.
- Macarrão a carbonara, já tô quase finalizando, quer? - disse Lily.
Margot deu de ombros.
- Na sua linguagem isso é um sim. - disse Lily.
Lily pegou uma toalha e colocou na mesa, serviu os pratos.
- Pra que tudo isso? Só duas pessoas podemos comer no sofá. - disse Margot.
- E daí que são duas pessoas? Éramos só eu e meu pai e sempre comiamos a mesa. - disse Lily.
- Que seja então. - disse Margot.
Lily colocou a mesa e as duas comeram. Lily queria saber o que Margot tinha achado da reunião, mas sabia que ela não daria o braço a torcer.
- Queria convidar Antonella para vir aqui. - disse Lily.
- Aquela sua amiga?
- Sim, de acordo com as regras da Heloísa, receber visitas era ok, o problema era convida-la pra ir a algum lugar. - disse Lily.
- Tanto faz, já vou dormir, tenho que acordar cedo amanhã. - disse Margot se levantando da mesa.
Lily entendeu aquilo como um sim e mandou mensagem para Antonella.
Antonella chegou uma hora depois e as duas ficaram na sala comendo pipoca e assistindo filme. Ela não queria mentir para Antonella mas era inevitável, e ela precisava sair um pouco do mundo de Margot e apenas curtiu um pouco um momento entre duas amigas.
- Quando você ia me contar? - perguntou Antonella no meio do filme
- Eu fiquei com vergonha. - disse Lily.
- Garota você tem muita sorte, só parece as ricaças pra você em compensação os pé rapados me perseguem. - disse Antonella.
- Não deu certo com o Lucas?
- Aquele idiota tava conversando comigo e mais várias garotas ao mesmo tempo. - disse Antonella
- Sinto muito amiga. - disse Lily.
- Acho que vou desistir de homens, o lado bom de ser bissexual. - riu Antonella.
- Antes de eu esquecer sábado que vem meu aniversário na boate, você e sua excelentíssima estão convidadas e eu exijo a presença de vocês. - disse Antonella.
- Amiga eu queria muito ir, mas você sabe como é complicada a vida da Margot. - disse Lily disfarçando.
- Não vou aceitar essa desculpa, ela era fotografada em todas as baladas da cidade, não vem com essa de complicada. - disse Antonella.
- Tá tudo bem vou falar com ela. - disse Lily.
- Isso amiga, vou adorar comemorar com vocês. - disse Antonella.
As duas continuaram olhando o filme e assim que ele terminou Antonella foi embora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fake Dating
RomanceMargot é rica, hétero, egocêntrica e polêmica. Lily é uma estudante lésbica, sem dinheiro e desempregada. Completamente opostas uma da outra, as duas concordam em fingir um namoro durante 6 meses, afinal nada poderia dar errado não é mesmo?