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              Capítulo Dezoito

Lan Zhan

— Sem ofensa, Hutch, mas você parece uma merda. — Provoquei meu amigo quando ele se juntou a mim em um restaurante local.
— Tento fazer isso quando estamos juntos. Eu sei o quão difícil deve ser para você... estar perto de alguém tão atraente quanto eu. Isso te machuca muito?
Eu ri. — Você é um idiota.
— É preciso ser um para reconhecer outro.

Quando nossa garçonete chegou com nossa água, Hutch agradeceu. Dissemos a ela que precisávamos de um momento para decidir, e ela nos deixou.

— Sério, porém, com aquele namorado sexy que você tem em casa, por que não está sorrindo? Por que parece que alguém chutou seu cachorrinho? — Perguntei a ele, mesmo que dada a minha própria situação, eu poderia entender as questões mais do que estava deixando transparecer.

— Eu odeio esse ditado.
— Isso porque é eficaz. Todo mundo adora cachorros.

Mas a verdade era que eu tinha a sensação de que sabia o que tinha acontecido. Eu poderia dizer que isso era mais do que apenas a confusão que eu tinha visto nele quando fomos para o Revelry.
— Madison descobriu?

— Sim. Naquela manhã logo depois que você saiu, na verdade. Ela pegou nós juntos.

— Meu Deus, Hutch. E você não disse nada?

Ele arqueou uma sobrancelha.
— Você está surpreso?

Eu não estava porque também não tinha contado a Hutch sobre Wuxian e eu. Eu queria, queria poder compartilhar isso com alguém, e parte de mim sabia que podia. Wuxian deixou isso óbvio para Krishna e Aanan, mas era diferente com Hutch. Eu me importava com ele de uma maneira mais profunda. E se ele me olhasse com nojo? E se pensasse que o que Wuxian e eu estávamos fazendo era errado? Eu faria isso de qualquer maneira porque amava Wuxian, mas não queria perder Hutch. Doeria, e eu estava cansado de ser machucado.

— Não, não, não estou. Claramente, não ficou bem.

— Vamos pedir primeiro. Então podemos conversar.

Quando a garçonete voltou, nós dois pedimos salmão grelhado e arroz.
Nós brincamos por um minuto antes de ele começar.

— Eu não sei totalmente o que dizer. Estou apaixonado pelo ex-marido da minha irmã. Ela está magoada e com raiva. Pediu um tempo. Ela levou cinco anos para superar a última vez que Ryder a machucou. Meu pai me odeia e minha mãe está tentando fingir que ela é a parte neutra, o que realmente significa que está apoiando meu pai.

Foi a resposta mais ridícula, mas sorri.
— O que acabei de dizer lhe dá a necessidade de sorrir?
— Você disse que está apaixonado por ele tão facilmente.

Eu me perguntei o quão libertador era. Foi quando contei a Wuxian, e presumi que anunciá-lo ao mundo também faria, mesmo com a dor que o acompanhava.
Ele desviou o olhar. — Cale-se.

— Realmente maduro.
— Nunca afirmei ser.
— Desculpe, Hutch. Já disse isso antes, e repito: você também merece ser feliz. Nem todo mundo tem a chance de felicidade. Você não pode ir embora quando tem uma chance da sua.
Eu não ia, agora que sabia que Wuxian sentia o mesmo.

— Mesmo que machuque os outros?

— Sim. Talvez eu seja apenas um filho da puta egoísta, mas sim. O que Ryder tem a dizer sobre tudo isso?

Ele me disse o quanto Ryder era solidário, mas que às vezes sentia raiva dele, inveja porque os pais de Ryder tinham sido mais receptivos. Tentei não pensar na minha própria situação, que se eles pudessem se sentir tão magoados por um ex-cônjuge, o que amar um homem que sua família considerava seu irmão causaria?
Mas isso não era sobre mim. Isso era sobre Hutch. Só tivemos mais alguns minutos de conversa antes que ele dissesse:
— Chega de falar de mim. Vamos falar sobre você. O que está acontecendo com você?

Desviei o olhar e balancei a cabeça. Com um suspiro, voltei-me para Hutch.

— Não posso.

Porque não importa o quê, eu não estava pronto para a resposta. Não estava pronto para os olhares e as perguntas. Porque parte de mim se preocupava que quanto mais pessoas soubessem, mais difícil seria, e mais chance havia de eu perder Wuxian.

— Não posso te dizer isso, Hutch. Não agora. Se fosse apenas sobre mim, eu falaria, mas não posso... não quando sei que afeta outra pessoa.  Mentiroso... covarde. Eu estava colocando a culpa em Wuxian quando deveria estar em mim.A preocupação de Hutch era clara. Ele me ofereceu seu apoio, antes de dizer que tudo o que eu lhe dissesse ficaria entre nós. Nossa comida chegou na hora perfeita, dando-nos uma desculpa para mudar de assunto.

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— Nós não vamos conseguir dormir juntos. — Wuxian disse enquanto entrávamos em seu carro para irmos para a casa de nossos pais.
— Podemos entrar nos quartos um do outro. Foder no banheiro... dizer que precisamos ir à loja comprar alguma coisa e encontrar algum lugar ao longo do caminho para obter um pouco de ação. Isso seria divertido. Sexo com um pouco de perigo é gostoso.

— E se não for apenas o sexo que sentirei falta, mas estar perto de você? Ou estar abraçado com você? Você finge que não é, mas é um grande ursinho de pelúcia, Lan Zhan.

Ele dizia as coisas mais doces. Eu adorava, mas ao mesmo tempo também queria dizer, Ewww, sentimentos.

— Não sou. Retire o que disse.
Wuxian saiu da garagem. — Sim, você é.

— Não, não sou. Abraçar é nojento.

— Você gosta de me abraçar.

Eu gostava de ficar abraçado com ele.
— Mentiroso. — Respondi, estendendo a mão e a colocando em sua coxa.

Wuxian suspirou. — A verdadeira questão é que não podemos ser nada além de irmãos neste fim de semana.
Ele estava certo. Seríamos lembrados por todos, em todas as situações, que irmãos eram exatamente quem éramos para eles. Seria como aqueles momentos com Kylie durante nosso encontro, só que com esteroides, e as pessoas que estavam fazendo isso seriam pessoas que amávamos.

— Passei anos sendo assim. Posso sobreviver a um fim de semana de três dias.

A diferença agora era que eu sabia como era tê-lo. Isso me mostraria como seria se isso não funcionasse e eu o perdesse... só que de novo, intensificado..

Wuxian disse: — Talvez algo aconteça e vamos perceber que podemos contar a eles, pelo menos mamãe e papai, e que vai ficar tudo bem.

— Pode ser.
— Não se transforme em um Lan Zhan rude e rabugento — ele brincou, e isso aliviou um pouco o aperto no meu peito.

— Primeiro sou um ursinho de pelúcia, e depois sou rude e rabugento? Se decida. Não estou gostando dessa descrição de imagem.

— Gostou da imagem que pintei de você de joelhos com meu pau na boca.
Sim, sim, eu gostei. Gostei muito disso.

— Excelente. Agora estou pensando em chupar seu pau — respondi, ganhando uma risada dele. Desejei que nossos rostos não estivessem borrados naquelas pinturas. Que não precisavam ser essas versões distorcidas de nós, para sempre escondidas.

— Talvez eu encontre uma maneira de deixar mais tarde — Wuxian respondeu.

— Isso é muito legal de sua parte. Olhe para os sacrifícios que está disposto a fazer. Vai me deixar te chupar? Melhor. Namorado. De. Sempre.
Depois de mais uma rodada de risadinhas, depois um momento de silêncio, Wuxian disse: — Eu gosto disso.
— Humm? Do quê?
— Quando você me chama de seu namorado.

Maldito seja se eu não sorri o sorriso mais estúpido e sentimental no meu rosto.
— Gosto disso também.

(....)

𝐅𝐨𝐫𝐜̧𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐨𝐬 𝐋𝐢𝐦𝐢𝐭𝐞𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora