Capítulo 4

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Chego em casa às sete e meia. Dou oi para o meu gato Jack, que vem bem devagar me receber. Largo a bolsa no sofá cor de berinjela, vou até a cozinha, pego seu remédio, abro a boca de Jack e lhe dou umas gotas. O coitadinho nem se perturba mais.

Após dar sua cota diária de carinho, abro a geladeira para pegar uma Coca-Cola. Sou viciada em Coca-Cola... é desesperador! Sem pensar em mais nada, vejo a pilha de roupas para passar que estão em cima da cadeira. Embora viver sozinha e ser independente tenha lá suas vantagens, se eu estivesse morando com meu pai essa roupa toda com certeza estaria passadinha e pendurada no armário.

Depois de terminar a lata de Coca, corro para o banho. Antes, ponho um CD do Guns'n'Roses. Adoro essa banda. E Axl, o vocalista, com esse cabelo e essa cara de gringo, e com seu jeito de mexer os quadris. Fico louca! Entro no banheiro. Tiro a roupa enquanto cantarolo Sweet Child O'Mine:

She's got a smile that it seems to me,

Reminds me of childhood memories

Where everything was as fresh as the bright blue sky.

Que maravilha! Que voz esse homem tem! Instantes depois, suspiro ao sentir a água quente caindo sobre minha pele. Faz com que eu me sinta limpa. Mas, de repente, o senhor Mioto e seu jeito de falar comigo surgem em minha mente, e minhas mãos, escorregadias por causa do sabonete, descem pelo meu corpo. Abro as pernas e me toco. Ah, sim, Mioto!

Pensar em sua boca, em como percorreu meus lábios com sua língua, me excita. Lembrar de seus olhos e dele todo me deixa a mil. Calor de novo! Minhas mãos deslizam sobre mim, e uma delas se detém no meu seio direito, enquanto a voz penetrante do vocalista do Guns'n'Roses continua a ecoar. Toco o mamilo direito com o polegar, fazendo-o ficar duro. Mais calor!

Fecho os olhos e imagino que é Mioto quem o toca, quem o endurece. Não o conheço. Não sei nada sobre ele. Mas sei, sim, que sua proximidade me enche de tesão. Solto um gemido bem no instante em que ouço o toque do meu telefone. Deixo tocar. Não quero interromper esse momento. Mas no sexto toque abro os olhos, saio da minha bolha de prazer, pego a toalha e corro até o quarto para atender.

— Por que demorou tanto pra atender?

É minha irmã. Como sempre, na hora errada e fazendo mil perguntas.

— Eu estava no banho, Duda. Algum problema?

Sua risadinha me faz rir também.

— Como está o Jack?

Dou de ombros e suspiro.

— Igual a ontem. Sem muita novidade.

— Maninha, você tem que estar preparada. Lembra o que o veterinário disse.

— Eu sei, eu sei.

— O Vetuche te ligou? — me pergunta após um breve silêncio.

— Não.

— E você vai ligar pra ele?

— Não.

Minha irmã não se contenta com minha resposta e insiste:

— Ana Flavia, esse cara é ideal pra você. Tem um trabalho estável, é bonito, gentil e...

— Então fica você com ele.

— Ana Flavia! — protesta minha irmã.

Vetuche é o típico amigo da vida toda. Nós dois somos de Sete Quedas. Meu pai e o pai dele vivem nessa cidade linda e a gente se conhece desde pequenos. Na adolescência começamos um rolo que continuou quando já éramos adultos. Ele mora em Valência, e eu em Madri. É inspetor de polícia, e nos vemos nas férias de verão e inverno quando nós dois vamos a Sete Quedas ou em viagenzinhas relâmpago que ele faz a Madri com qualquer pretexto para me ver.

Peça-me o que quiser, miotela ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora