Capítulo 57

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Ao chegar ao escritório na manhã seguinte, não me surpreendo ao encontrar Gustavo trabalhando. Como se nem reparasse na presença dele, deixo minhas coisas na mesa e o telefone interno começa a tocar. Gustavo. Quer que eu vá à sala dele.

— Bom dia, senhorita Castela.
— Bom dia, senhor Mioto.

Logo vejo Julio Merino, um rapaz da empresa, sentado na mesinha redonda da sala de Gustavo, com uns papéis nas mãos.
— Senhor Merino — diz Gustavo, recostando-se na cadeira —, poderia me trazer um cafezinho?
O jovem se levanta.
— Sim, senhor Mioto... é pra já.

Quando passa ao meu lado, faz cara de impaciência e eu tento segurar o riso. Assim que eu e Gustavo ficamos a sós na sala, ele suaviza o tom:
— Dormiu bem?
— Muito mal... estava sentindo sua falta.
Noto seus lábios se encurvando.
— Com certeza não tanto quanto eu senti a sua.
— Até parece... tenho certeza de que eu senti tanto quanto você ou até mais.

Nos olhamos. Um duelo de olhares. Já aprendi a sustentar o seu olhar.
— Essa noite você vai dormir comigo no hotel.
— Ok.

Adorei a proposta. Fico louca só de pensar e já imagino que será um bom momento para contar a ele o que aconteceu ontem.
— O que acha de brincarmos com outras pessoas?
Meu estômago se contrai. Brincarmos acompanhados? Sei o que significa e já estou há muito tempo sem fazer isso. Engulo a avalanche de emoções que ficaram entaladas na minha garganta.

— Por mim tudo bem, se você quiser.
Sem levantar da cadeira, move a cabeça.
— Está excitada? — pergunta ao notar meu nervosismo.
Faço que sim. Gustavo sorri e se levanta.
— Por favor, senhorita Castela, entre no arquivo.

Sem pensar duas vezes, me dirijo ao arquivo e minha respiração fica entrecortada. Ali dentro, Gustavo chega perto de mim, meu traseiro esbarra nos arquivos e, apoiando seus quadris nos meus, sinto sua mão se enfiando por dentro da minha saia e tocando minha coxa direita.

— Há muito tempo que não te ofereço e não vejo a hora de fazer isso de novo.
— Gustavo...
— Continuo chateado contigo e você merece um castigo.
— Um castigo?
— É... minha pequena. E hoje à noite você vai saber qual é.

Voltamos a nos enfrentar num duelo de olhares.
— Gostaria de te lembrar — murmuro — que o castigo que você me deu em Barcelona foi me deixar excitada naquela casa de swing e depois me levar embora sem realizar nenhuma daquelas fantasias.
Ele sorri e passa o nariz pelo meu cabelo.
— Nunca se sabe, Ana... nunca se sabe.
Gustavo separa minhas pernas. Toca a tirinha da minha calcinha.

— Seu castigo está te esperando no meu hotel — sussurra ao me ouvido. — Quando sair do escritório, pega o carro e vai direto pra lá.
Tira a mão de baixo da minha saia e se afasta.
— Muito bem, já pode voltar ao trabalho.

Excitada e irritada por esse tratamento tão frio, dou meia-volta para sair quando sinto uma palmada. Me viro para repreendê-lo e então Gustavo me puxa para si, me beija com paixão e murmura com um sorriso provocante:
— Te amo, pequena...

Essas palavras carinhosas produzem em mim o efeito Mioto. Minha irritação some e eu sorrio como uma pateta enquanto ele me abraça e me beija com voracidade.
Segundos depois, me solta.
— Senhorita Castela, poderia fazer a gentileza de parar de me provocar para que eu possa dirigir esta empresa?

Seu comentário me faz rir. Ajeito minha saia, me retiro do arquivo, depois saio da sala e, com um sorriso bobo estampado no rosto, volto à minha mesa. Hoje à noite estou decidida a contar a ele o que aconteceu.
Julio chega com o café e, quando passa ao meu lado, murmura:
— Pô... hoje o chefe está atacado!
Sorrio e tento me concentrar no trabalho.

Às seis da tarde saio nervosa do escritório e faço o que ele me pediu. Pego o carro e vou direto para o hotel. Tomás está esperando na porta e, ao me ver, acena com a mão. Freio, abaixo a janela e o ouço dizer:
— O senhor Mioto a espera na suíte. Pode deixar seu carro comigo.

Admirada com a regalia, desço, entro no hotel e vou ficando cada vez mais excitada. Desde Zahara de los Atunes que não jogo e estou ansiosa. O ascensorista sorri e me cumprimenta. Subimos em silêncio e, assim que as portas do elevador se abrem, eu me surpreendo ao encontrar Gustavo me esperando no hall.

— Oi, querida.
— Oi — respondo, radiante, enquanto passeio meus olhos por ele e reparo em como está gatíssimo com essa calça preta e a camisa azul-celeste. Sem rodeios, ele me beija, me pega pela cintura e me guia até a suíte. Ouço uma música na sala. Há alguém lá dentro, mas não consigo ver quem é. Gustavo me leva diretamente ao quarto e fecha a porta.

— Em cima da cama está o que quero que você use. Tome uma ducha e, quando estiver pronta, vá até a sala.
Dito isso, dá meia-volta e sai, me deixando sozinha.

Surpresa, caminho até a cama. Lençóis de seda pretos. Que excitante! Sobre os lençóis vejo uma fina e curta camisola de seda junto a sapatos pretos de salto bem alto. Não há calcinha, apenas uma cinta-liga lilás. Minha boca fica ressecada só de pensar. Sexo! Dois homens vão me possuir.

Sem conseguir tirar os olhos dessa peça de roupa, fico nua e entro no banheiro. Tomo uma chuveirada e me delicio ao sentir a água correndo pela minha pele. Me enxugo e visto o que
Gustavo pediu.
Abro a porta do quarto. Gustavo me vê e faz sinal para eu me aproximar. Quando chego perto, vejo um casal. Ela está vestida como eu. Surpresa, olho para Gustavo em busca de uma explicação.
— Ana Flávia, esse é o Thiago e essa é a mulher dele, Criss. Uns amigos meus.

O homem vem e me dá dois beijinhos no rosto, e, quando a luz reflete na mulher, me dou conta de que é Criss Paiva. Por que age como se não me conhecesse? Vem até mim e dá dois beijinhos também.
— Oi, Ana Flávia, que bom te ver.
— Digo o mesmo — respondo, confusa.

Não menciona nossos encontros na academia, nem o que aconteceu ontem. Eu também não falo nada. Me sinto estranha ao omitir isso, mas, sabe-se lá por quê, não consigo agir de outro modo.
Gustavo me pega pela cintura e me puxa para si.
— Eles estavam naquela festa à fantasia em Zahara. Desde então, Criss não para de me mandar e-mails pedindo pra te conhecer. Me viro para ela e a vejo sorrir.
— Estou louca pra provar você, Ana.

Não respondo. Não posso. Tudo o que consigo ver é a mulher me olhando de alto a baixo e se detendo nos meus seios. Parece o gato Frajola quando quer devorar o Piu-Piu.
A expressão de Gustavo é de malícia. Ele gosta do que está vendo. Isso o deixa excitado.
— Tenho uma namorada muito... muito atraente.

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