Capítulo 59

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Na sexta-feira, Gustavo me convida para jantar num restaurante maravilhoso. Marcamos a data de nossa mudança e decidimos que será em meados de janeiro. Meu apartamentinho é próprio.

Quando me mudei para Madri, meu pai me ajudou a comprá-lo e, depois de conversarmos, decido não vender nem alugar. É um apartamento que sempre terei quando quiser visitar Madri.

Nessa noite, apesar da felicidade que noto em Gustavo, percebo que ele está com dor de cabeça.
Eu o vi tomar dois comprimidos. Mas não quer falar disso. Ele se recusa. Só quer conversar sobre nós dois e nosso futuro na Alemanha.

Após o jantar, ao sairmos do restaurante, encontramos na rua uns amigos dele. Um casal.
Nós os cumprimentamos e, um tempo depois, Gustavo me pergunta:

— O que acha de eu chamar Lucas pro hotel pra brincarmos nós três?
Meu coração bate com força e faço que sim com a cabeça. Gustavo sorri.
— Vou falar com ele. Tenho certeza de que vai aceitar.

Gustavo e Lucas se afastam um pouco de mim e da garota que está com ele. Chama-se Jaquelline e é muito simpática. Nós duas conversamos, enquanto observo os dois homens. De repente o
celular de Gustavo toca, ele atende e logo para de sorrir. Em seguida diz:
— Vamos.

Lucas e Jaquelline ficam onde estavam e eu os vejo entrarem no restaurante. O que será que houve?

No caminho de volta, Gustavo está mais calado que o normal. Tento puxar conversa, fazer alguma piada, mas ele não quer saber de nada. Decido não insistir. Quando ele fica assim, é melhor deixar pra lá.

Já no hotel, Gustavo pede que nos tragam uma garrafa de champanhe. Tiro os sapatos e me sento na beira da cama. Estou com vontade de participar dos seus joguinhos. A proposta de
Gustavo me deixou muito excitada.

Gustavo tira o blazer, pendura no cabideiro e olha para mim. Alguém bate na porta e meu coração dispara. Mas a ansiedade diminui quando vejo entrar o garçom com duas taças e a garrafa de champanhe.

Assim que ficamos a sós, Gustavo abre a garrafa, serve a bebida, me dá uma das taças e murmura num tom frio e distante:
— Minha proposta te deixou ansiosa, né?
Penso numa resposta. Poderia mentir, mas não quero.
— Deixou.

Gustavo balança a cabeça num gesto afirmativo, toma um gole e pergunta:
— Você gosta muito que eu te ofereça a outros homens, né?
— Gustavo!
— Responde, Ana.
Respiro fundo e digo:
— Sim, gosto.

Senta-se ao meu lado e toca meu joelho com delicadeza.
— Também gosto muito disso e espero te oferecer a outros.
— Outros?
— É... outros. Faço muitos jogos e tenho certeza de que você vai querer continuar jogando, né?
Calor... calor... e mais calor... já começo a sentir calor!

Gustavo repõe o champanhe na taça e me desperta da minha fantasia.
— Você gostaria de brincar com uma mulher outra vez?
Surpresa, encolho os ombros.
— Não.
— Tem certeza? — insiste.
Sua insistência me inquieta. Quando vou dizer algo, ele me segura pelo braço e me olha nos olhos.

— Por que não me contou que você e Criss Paiva se conheciam?
Isso me pega totalmente de surpresa.
— O quê?!
— Quero saber quando você costuma encontrar Criss.
— Não costumo encontrá-la.

Com o olhar encoberto pela fúria, Gustavo murmura:
— Não mente pra mim, droga.
— Não estou mentindo. Ela frequenta minha academia e já nos vimos ali duas vezes. Só isso.

Nesse instante, sinto que devo lhe contar o que estou omitindo há tanto tempo, mas antes que eu diga qualquer coisa Gustavo explode.
— Porra, Ana Flávia! Não suporto mentira. Por que você não me disse que já se conheciam quando ela veio outro dia ao hotel?
— Não... não sei... eu...

Fora de controle, Gustavo se afasta.
— É melhor você ir embora, Ana Flávia. Estou bastante chateado e não quero falar mais.
— Mas eu quero falar contigo e não quero deixar as coisas pela metade, como a gente sempre faz quando você fica chateado.

— Ana... — ele diz, grunhindo.
— Gustavo, a gente tem que conversar! Não adianta nada deixar as coisas desse jeito. Você não percebe?

Ele segura a cabeça. Esse gesto me faz ver que não está bem. Gustavo abre a nécessaire e toma outros dois comprimidos. Fico preocupada. Não quero vê-lo sofrer. Sai do quarto e me deixa sozinha. Me sento na cama, calço os sapatos e, sem dizer mais nada, saio também. Ele está na varanda, olhando o horizonte. Vou até ele.

— Está com dor de cabeça?
— Estou.
— Você quer mesmo que eu vá embora?
— Quero.
— Gustavo, querido, não sei o que te contaram, mas é uma bobagem, acredita em mim.

— Vou pedir pro Tomás te levar pra casa.
— Não.
— Sim. Ele vai te levar. Tchau, Ana. Até amanhã.

Não olha para mim. Não se move e, no fim das contas, eu me dou por vencida. Me viro e vou embora, com o coração apertado.

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Continua......☆

Entramos oficialmente na reta final da fic... 😢

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