Capítulo 58

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Na manhã seguinte, eu e Gustavo chegamos separados ao escritório. Ele está emocionado pela minha decisão de ir com ele para a Alemanha; e eu também estou. Por sorte tenho algumas roupas em seu hotel e me troco para não ir com a mesma da véspera. Não comentei com ele o episódio com aquelas mulheres, e decido ficar quieta. No fundo não aconteceu nada, e, se eu contar, ele vai ficar aborrecido comigo.

Como todo dia, Luan vem me buscar e vamos tomar café antes de começarmos a trabalhar. Me sento em frente à porta. Sei que Gustavo entrará de uma hora para outra e vai me procurar com o olhar. Ele não falha. Dez minutos depois, o homem por quem estou completamente apaixonada passa pela porta e, depois que me localiza, acomoda-se bem diante de mim.

Luan e eu continuamos conversando, e observo discretamente Gustavo tomando café da manhã. Fico concentrada no seu jeito elegante de passar a manteiga no croissant. Em alguns momentos nossos olhares se cruzam, sei que ele está feliz porque vou morar com ele na Alemanha e preciso me segurar para não ficar rindo como uma boba.

Quando terminamos o café, Luan e eu nos levantamos e Gustavo faz o mesmo. Eu o vejo sair e, ao chegarmos ao elevador, ele está esperando com as mãos enfiadas nos bolsos, com a sua expressão séria e impenetrável. Assim que repara na nossa presença, olha para nós dois.

— Bom dia, senhorita Castela. Senhor Pereira.
— Bom dia, senhor Mioto — dizemos em coro.

As portas do elevador se abrem e nós três entramos. Vamos para o 17º andar, mas o elevador vai parando e pegando outras pessoas. De repente, sinto Gustavo roçando os nós dos meus dedos nos seus, e eu sorrio. Cada vez é mais difícil estarmos juntos sem nos tocarmos.
Quando a porta se abre no nosso andar, nós três saímos, mas Gustavo toma um caminho diferente do nosso.

 
— Será que o Iceman sorri alguma vez? — cochicha Luan ao vê-lo se afastando.
— Pssss... não sei.
— Esse cara precisa é de uma boa trepada. Você ia ver só como ele ia sorrir rapidinho. 

Seu comentário me faz soltar uma gargalhada. Se Luan soubesse o que eu sei, ficaria bem surpreso, mas prefiro fazer de conta que concordo e pronto.

 
Então minha chefe aparece, olha para nós dois e com sua voz irritante me avisa num tom
ríspido:

— Judith, deixei várias pastas na sua mesa. Preciso que você xeroque o que está dentro delas e depois leve à minha sala. Luan, acho que estão te procurando no seu departamento. Vamos, ao trabalho!

 
Sigo meu caminho até a sala. Ali dentro, vejo as pastas e me dirijo à máquina de xerox. Depois respondo vários e-mails das sucursais. Lá pelas onze, entro no arquivo. Preciso de vários papéis que os representantes me pediram. Me concentro neles, até que ouço uma voz às minhas costas:
— Hummmm... confesso que te encontrar no arquivo me dá mil ideias pervertidas.

Sorrio. É Gustavo, que me observa da porta.
— Senhor Mioto, deseja algo?
Seus olhos passeiam pelo meu corpo.
— Pode dar uma voltinha? Você fica ótima com essa calça.
Fico toda boba com seu elogio e faço o que ele pede. Dou uma voltinha e pergunto:
— Satisfeito?
— Sim... mas eu ficaria ainda mais satisfeito se você tirasse sua roupa e...
— Gustavo!
Com as mãos nos bolsos, sorri. 

— Menina... — murmura sem se aproximar. — Se é você que me provoca...
— Seu cara de pau! — Eu rio e, ao vê-lo chegar mais perto, levanto a mão e digo: — Stop! Gustavo para.
— Fora do meu arquivo. Estou trabalhando e não quero ser demitida por fazer coisas proibidas no ambiente de trabalho, entendido?
Gustavo dá outro passo na minha direção. 

— Hummmm... você fica tão linda trabalhando. Vem cá e me dá um beijo.
— Não.
— Vem... você está querendo tanto quanto eu.
— Gustavo, alguém pode ver a gente...
Faz cara de bonzinho e um gesto com a mão.
— Um bejinho só?
Solto um suspiro fundo... mas acabo cedendo e lhe dou um beijo nos lábios. 

Imediatamente, Gustavo me pega pela cintura, me apoia contra os arquivos e enfia sua língua na minha boca. Me devora e eu correspondo.
— Meu Deus... pequena. O que vou fazer contigo?
— Por enquanto, me soltar — eu digo. — A maçaneta do arquivo está entrando na minha bunda.
Me solta rapidamente.
— Está doendo? — pergunta, preocupado. — Te machuquei?
— Nãããããão. — Rio. — Só falei pra você me soltar.
De novo percebo a zombaria em seus olhos. Passa a língua nos lábios e dá um passo para trás. Me olha, ergue um dedo e diz:

— Que seja a última vez, senhorita Castela, que você me leva a fazer algo que não quero. Vá trabalhar e pare de ficar se insinuando.

Ele sai do arquivo e abro um sorriso. A felicidade que sinto com Gustavo não se compara a nada no mundo. Saio e o vejo falando ao telefone. Depois passa ao meu lado e, apesar de não me encarar diretamente, sei que me olhou. Nós dois voltamos às nossas salas.

À uma da tarde me ligam da recepção. Um entregador traz um buquê de rosas. Quando ele aparece e avisa que o lindo buquê de rosas vermelhas é para mim, fico sem palavras. Assim que ele vai embora, tiro o cartãozinho e leio: "Como diz nossa música: penso em você desesperadamente."
Fico admirada e feliz olhando para o cartão com o buquê nas mãos. Gustavo é muito romântico, e eu adoraria que todo mundo soubesse disso. Minha chefe, que nesse momento passa ao meu lado, fica reparando nas flores.

 
— Que maravilha. Quem me mandou esse presente lindo?
— É pra mim.
Ela fecha a cara ao escutar isso, dá meia-volta e se afasta. Não gostou nada de saber que eu posso receber flores tão bonitas. Empolgada, pego um dos jarros que guardo, encho de água e coloco sobre a mesa.

 
Gustavo aparece na sala, olha para mim e, sem mudar sua expressão séria, diz:
— Bonitas flores.
— Obrigada, senhor Mioto.
— Algum admirador secreto?
Sorrio como uma boba.
— Meu namorado, senhor.
Gustavo faz que sim com a cabeça, vira-se e volta para sua sala. Nesse dia, quando chego em casa no fim da tarde, ele aparece 15 minutos depois e transamos apaixonadamente.

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Continua.......☆


O próximo capítulo......

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