A mãe de Gustavo se revela uma mulher inteligente e encantadora.
Durante o jantar, ela ri e brinca o tempo todo e me faz sentir como se nos conhecêssemos a vida toda. Me conta histórias de Gustavo quando era pequeno, e ele, horrorizado, a repreende mas logo sorri. Adoro ver como ele fica olhando para a própria mãe. Dá para perceber que ele gosta muito dela e isso me deixa imensamente feliz.
O celular de Gustavo toca, e ele se levanta para atender. Nesse momento, Jussara olha para mim e diz:
— Obrigada.
— Por quê? — pergunto surpresa.
— Por fazer meu filho sorrir. Fazia anos que eu não o via tão feliz, e isso, para mim que sou sua mãe, enche meu coração de felicidade. Vejo como ele te olha, como você olha pra ele, e sinto vontade de pular da cadeira e gritar como louca: “Finalmente!
Finalmente meu filho se permite ser amado!”
Emocionada, e achando graça, sorrio e me aproximo dela.
— Foi um osso duro de roer. Te garanto!
— Sério?
— Sério.
— Meu Gustavo é osso duro?
— Sim... seu Gustavo.
Jussara solta uma gargalhada ao ouvir isso.
— Ah, Ana...! Não sei como uma moça tão simpática como você consegue aguentá-lo. Gustavo tem um gênio do cão. Bom... imagino que você já tenha percebido por conta própria. Quando mete alguma coisa na cabeça, não para até conseguir.
— Mas posso te garantir que comigo foi um páreo duro. — Eu rio, divertida.
Olho para Gustavo, vejo que nos observa do fundo do restaurante e suspiro ao admirar seu corpo. Está gatíssimo de calças escuras e camisa azul. Ele pisca para mim e estremeço. Eu o desejo com toda a minha alma.
— Ana, posso te fazer uma pergunta?
— Claro, Jussara
A mulher dá uma olhada rápida para o filho e diz:
— O que você sabe sobre Gustavo?
Entendo aonde ela quer chegar e respondo:
— Se você está se referindo a José Rafael, a Thaynara e à doença dele, sei de tudo. Ele me contou e eu o amo do mesmo jeito.
Jussara pega minha mão e percebo que ela faz um esforço imenso para não chorar. Vejo a emoção em seus olhos, mas ela se controla. Faz que sim com a cabeça e bebe um pouco de vinho.
— Gustavo merece alguém como você. Uma pessoa que o ame e que o compreenda.
— É fácil amá-lo. Ele só tem que deixar. — Sorrio.
Ela concorda num gesto de cabeça e chega mais perto de mim.
— A desgraçada da Thaynara o fez sofrer muito. Gustavo passou por poucas e boas, e eu pensei que ele nunca voltaria a sorrir por uma mulher. Mas você... você é namorada dele, e estou tão feliz por vê-lo feliz que eu poderia passar a noite inteira te agradecendo por gostar assim dele.
Sorrio. Bebo um pouco de vinho e Jussara diz:
— Toda vez que me lembro da agonia dele, fico morrendo de raiva. Flagrar a própria namorada com o sem-vergonha do pai juntos na cama... Esse dia foi terrível... terrível.
— Calma, Jussara... calma — murmuro, tocando em sua mão ao perceber sua dor.
De repente, reconheço a mulher com quem Gustavo está falando. É a loura que vi há alguns dias no escritório e com quem ele saiu do prédio. Jussara olha na mesma direção que eu.
— Minha nossa — sussurra. — O que ela está fazendo aqui?
Observo que Gustavo a pega pelo cotovelo e lhe diz algo. Ela se solta e começa a caminhar até nossa mesa. Meu sangue ferve. Não sei quem é essa mulher. Só vejo a expressão ofuscada de Gustavo e fico sem palavras. De repente, Jussara se levanta e pergunta:
— O que você está fazendo aqui?
Gustavo chega ao mesmo tempo que a jovem, e ela não o deixa falar.
— Mãe, não estou nem aí se esse cabeça-dura me mandar ir embora outra vez. Vim atrás dele e não penso em voltar pra Alemanha sem ele.
Surpresa, olho para Gustavo, que se aproxima de mim e diz:
— Querida, essa é minha irmã, Letícia.
A jovem loura com cara de criança me olha e sorri.
— Oi, Ana Flávia... Ouvi falar de você. Pouco, mas bem. Aliás, eu e você precisamos conversar sobre o cabeça-dura do meu irmão.
— Letícia! — protesta Gustavo.
— Ah... Gustavo, fica quietinho aí! Você já me irritou muito.
— Crianças... crianças... não comecem — intervém a mãe.
Sorrio para ela, e Jussara me explica:
— Letícia é filha do meu segundo casamento. — E, olhando para a filha, diz num tom de cochicho: — Ana Flávia é a namorada de Gustavo, sabia?
Gustavo faz cara de impaciência, eu rio e sua irmã pergunta:
— Sua namorada?
— É, minha namorada — diz Gustavo.
— Mas como você aguenta esse rabugento?
— Masoquismo puro — respondo e todos riem, inclusive Gustavo
Após umas risadas que deixam o clima mais leve, Letícia, sem dar trégua, olha para a mãe e depois para o irmão.
— Agora que já foram feitas as apresentações, diz aí, Gustavo: quando você volta pra Alemanha? Eu e mamãe não estamos mais suportando o José Rafael, e a babá dele qualquer dia o estrangula. Essa criança vai nos matar de desgosto. E daqui a pouco é hora de fazer a cirurgia. Você tem que se operar. Eu já te disse que você precisa baixar a pressão intraocular. E o que está acontecendo? Por que você não volta pra cuidar disso tudo? Tenho certeza de que sua namorada vai entender que você precisa viajar, né?
Balanço a cabeça afirmativamente. Faço cara de espanto. A história da cirurgia me pegou de surpresa. Não sabia que ele estava adiando a operação por minha causa. Isso me deixa furiosa e, quando Gustavo vê minha expressão, diz:
— Por que você não consegue ficar quieta, irmãzinha?
— Porque eu quero continuar tendo um irmão rabugento que vê minhas caras de emburrada quando brigo com ele, que tal?
— Que saco...! Quando você assume esse papel doutora-falando-com-o-paciente, me tira do sério.
— E você me tira do sério mais ainda, quando se comporta como um cabeça-dura. Aliás, preciso te contar que ontem José Rafael aprontou de novo no colégio.
Gustavo respira fundo. Não está à vontade com a conversa.
— Filho — acrescenta a mãe —, você insiste em não colocar José Rafael num colégio interno. Você sabe que eu amo esse menino, mas o comportamento dele é...
— Chega, mãe!
— Ei, você... pode parar... não fala assim com a mamãe — solta Letícia.
Furioso, Gustavo olha para as duas.
— Já sou crescidinho pra decidir o que é melhor pra mim e pro José Rafael.
— Ótimo — diz Letícia. — Então levanta essa bunda da cadeira, vai pra Alemanha e cuida dessa história. Porque senão, no fim das contas, eu e mamãe é que teremos que decidir o que fazer com ele.
Gustavo diz palavrões, irritado. Iceman está de volta!
De repente, o clima bom que havia na mesa vai por água abaixo. Fico transtornada ao ver como esses três se olham e se desafiam. Ao fim, mãe e filha se levantam da mesa e, sem falar nada, vão embora. Gustavo abre o celular e eu o ouço dizer:
— Tomás... minha mãe e minha irmã vão sair do restaurante. Leve as duas ao hotel. Nós vamos voltar de táxi.
Quando desliga o telefone, olha para mim, mas desta vez eu me antecipo:
— Estou muito chateada contigo.
Gustavo me olha... me olha... me olha e finalmente sussurra:
— Escuta, Ana. Eu, melhor do que ninguém, sei o que estou fazendo. Sobre José Rafael, sei que elas têm razão. Vou voltar pra Alemanha e cuidar dele, mas não vou enfiá-lo num internato. Giana não me perdoaria, nem eu. E, quanto a mim, pode ficar tranquila, sou o primeiro a não querer ficar cego, está bem?
A palavra “cego” me faz estremecer.
De repente, volta à minha consciência o fato de Gustavo, meu amor, o homem que amo, ter uma doença terrível, e minhas angústias ressurgem em cascata. Minha expressão se contrai e, quando prendo a respiração para segurar as lágrimas, ele me pega pela mão.
— Calma, pequena... estou bem.
Minha cabeça concorda e não digo nada, pois senão meus olhos se transformariam nas cataratas do Niágara, de tanta água que sairia.
Gustavo me puxa para si. Eu me levanto e sento no seu colo para abraçá-lo sem me importar com as pessoas que estão à nossa volta. Preciso senti-lo perto de mim. Preciso sentir seu cheiro. Preciso tê-lo e, principalmente, preciso que ele saiba que tem a mim.
Quinze minutos depois, quando já estou mais tranquila, Gustavo paga a conta e saímos em silêncio do restaurante. Voltamos ao hotel de táxi.
Ao chegarmos à suíte, permaneço em silêncio. Não tenho forças nem para discutir, e, quando entramos no quarto, Gustavo segura minha mão.
— Escuta, Ana...
De repente, uma raiva incontrolável toma conta de mim.
— Não, escuta você, cabeça-dura desgraçado. Sobre José Rafael, suas escolhas me parecem razoáveis, ele é seu sobrinho, e você, melhor que ninguém, sabe o que fazer com ele. Mas, quanto à sua doença, se você me ama e quer que a gente continue juntos, faz o favor de voltar com sua família pra Alemanha e fazer o que tiver que ser feito. — As lágrimas me invadem e começam a rolar pelas bochechas. — Não sei por que você está adiando isso, mas, se é por mim, te garanto que vou estar te esperando quando você voltar, ok? Você diz que sou sua namorada e, como tal, exijo que se cuide porque te amo e quero estar ao seu lado por muitos e muitos anos. Se você quiser, posso ir contigo. Ficarei ali o tempo que for necessário. Mas, por favor, preciso saber que você está bem. Porque, se acontecer alguma coisa de ruim com você, eu... eu...
Gustavo me abraça e eu desmorono.
— Desculpa, pequena... desculpa.
Dou um empurrão nele e solto um grito, enquanto vejo como está sério e desesperado.
— Vai à merda, pra não dizer coisa pior! Se você me ama, seja responsável com suas obrigações e se cuide. Essa é a maneira de demonstrar que me ama.
Por alguns minutos, permanecemos calados: eu choro; ele me olha. Sua dor é imensa, mas não consigo controlar minhas malditas lágrimas. Por fim, ele me estende sua mão.
— Vem cá, querida.
— Não.
— Por favor... vem.
— Não... não quero ir.
Ele acaba se sentando na cama, disposto a esperar que minha raiva passe. Já me conhece e sabe que é melhor me dar um tempo até eu me acalmar. Dez minutos depois, me sinto ridícula e vou me sentar no seu colo, de frente para ele. Eu o abraço e ele me abraça. Permanecemos assim um bom tempo, até que tento beijá-lo e ele se esquiva.
— Você acabou de virar a cara pro meu beijo?
Gustavo sorri, e eu logo sinto que ele me segura com mais força.
— Alguma vez teria que ser eu, né?
Sorrio por fim e ele me beija com doçura, enquanto sinto seus braços me apertarem mais e mais contra si. Depois se levanta comigo e me deita na cama. Levanta meu vestido, tira minha calcinha e, sem deixar de olhar para mim, vai tirando a roupa. Deita sobre mim segura minhas mãos e sinto que vai se encaixando, cuidadoso, lenta e pausadamente em meu interior. Meu corpo estremece e eu o recebo com prazer, contorcendo-me de olhos fechados.
— Olha pra mim, querida. Eu preciso.
Eu olho. Agora entendo que ele precisa ver minha expressão, meus olhos, meu rosto, quando se funde de novo em mim. Minha boca se abre para deixar escapar um gemido que Gustavo devora com os lábios, enquanto aumenta o ritmo de seus movimentos para me dar mais e mais prazer.
— Mais forte... mais forte — exijo.
Gustavo solta minhas mãos e segura meus quadris. Com um tranco me toma toda e eu grito, me contorço de prazer, sem deixar de olhar para ele.
— Isso, Ana... Isso, minha querida.
Instantes mais tarde, após entrar e sair vigorosamente em mim, chegamos juntos ao orgasmo, e ele desaba em cima de mim. Ficamos nessa posição durante alguns minutos, enquanto recuperamos o fôlego, até que Gustavo ergue o rosto e olha para mim.
— Tudo bem, Ana. Voltarei depois de amanhã e farei a cirurgia. Mas quero que você comece a pensar sério na proposta de ir morar comigo e com José Rafael na Alemanha. Promete que vai pensar?
Claro que vou pensar. Concordo com a cabeça e abraço Gustavo.____________________________________
Continua.......☆
Entramos na reta final......
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Peça-me o que quiser, miotela ✔️
FanfictionPara todas as pessoas a quem a paixão enamora e o amor apaixona. Conta a história da secretária espanhola Ana Flávia Castela e seu chefe, o alemão Gustavo Mioto, também conhecido como Iceman - um homem muito sério e com os olhos castanhos mais inten...