Capítulo 53

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Na segunda-feira, Gustavo tem que viajar à Alemanha. Pede que eu vá com ele, mas acho que não é o caso. No início ele fica chateado, mas eu o faço entender que, por mais que adoremos ficar juntos 24 horas por dia, seu sobrinho não iria gostar muito de dividi-lo comigo.
Na mesma segunda, à noite, Gustavo me liga e ficamos mais de três horas ao telefone. Diz que está morrendo de saudades e comento que tudo perde a graça sem ele por perto.
Na terça-feira, ao sair do trabalho, decido ir à academia. Desde que Gustavo está comigo, mal tenho tempo para malhar. Esteira e spinning são atividades que me relaxam. Termino completamente suada. Adorei o ritmo que a professora de spinning impôs na aula. Era bem o que eu estava precisando. Entro no banheiro, tiro a roupa e vou direto para o chuveiro. Ai, que delícia! Depois de me refrescar, vou até a jacuzzi e, ao não ver ninguém, decido entrar por uns minutos. E, pouquinho antes disso, ouço uma voz atrás de mim:
— Ana Flávia?
Olho a mulher que vem na minha direção e me chama.
— Oi, não se lembra de mim?
Sua cara não me é estranha, mas não consigo saber de onde a conheço, até que ela diz:
— Criss Paiva. Criss de la Rosa. Nos conhecemos no verão em Zahara de los Antunes, numa festa à fantasia. Quem nos apresentou foi a Bruna. Lembra?
Logo sei quem é e do que está falando.
— Ah, claro... lembro, sim. Você era de Huelva, né?
— Isso mesmo. — Sorri enquanto enrola a toalha no corpo. —Como você está?
— Exausta — respondo. — Acabei de fazer uma aula de spinning superforte que me deixou outra pessoa.
Criss continua sorrindo.
— Eu não posso fazer spinning. Me deixa totalmente fora de combate. Você vai à jacuzzi?
— Era isso que eu ia fazer.
— Ah, legal, vou com você.
Conversamos por vários minutos, enquanto as borbulhas explodem ao nosso redor. Estou alerta. Essa mulher já deu em cima de mim naquela festa de Zahara, mas desta vez, surpreendentemente, ela não faz qualquer insinuação. Depois da jacuzzi, nós tomamos uma ducha e, antes de nos despedir, trocamos telefones.
Na sexta-feira ao meio-dia recebo no escritório um lindo buquê de balas fini e, quando abro o cartão, quase choro de emoção ao ler: “Estou morrendo de vontade de te beijar, moreninha.”
Às quatro, assim que volto do almoço, me surpreendo ao ver Gustavo conversando com vários chefes. Fico superfeliz e tenho vontade de pular de alegria. Ele me vê e por alguns segundos me observa, mas logo depois se vira e continua falando.
Dez minutos mais tarde, recebo um torpedo dele: “Te espero no meu hotel. Esteja linda. Te amo.”
Apatetada de tanta felicidade, saio do escritório às seis. Assim que chego em casa tomo logo um banho e me arrumo. Quero estar deslumbrante para Gustavo e ponho um vestido novo bordô que tenho certeza que ele vai amar. Às oito chego ao Villa Magna e vou direto para o elevador. O ascensorista já foi avisado damminha chegada e me leva até o andar em que Gustavo está hospedado.
Quando entro na suíte, acho estranho não o encontrar ali. Eu o procuro, mas só vejo sua mala e, em cima da cama, o notebook. Convencida de que ele não vai demorar, volto à sala e ligo o som. Música é sempre bom para alegrar o ambiente. Sintonizo a rádio que costumo ouvir e começa a tocar September, de Earth, Wind and Fire. Adoro essa música. Sem hesitar, tiro os sapatos e começo a dançar enquanto vou cantarolando:

Do you remember the 21st night of September?
Love was changing the minds of pretenders
While chasing the clouds away
Our hearts were ringing
Ba de ya – say that you remember
Ba de ya – dancing in September
Ba de ya – never was a cloudy day.

Rebolo um pouco seguindo o ritmo, canto e curto a música. Com os olhos fechados, dou umas voltinhas na hora do refrão, levanto os braços e me deixo levar pelo momento. De repente, a música para, abro os olhos e me vejo diante de Gustavo e de uma mulher de meia-idade que me observam.
Ofegante pela dancinha que acabo de fazer, fico logo morrendo de vergonha do espetáculo que devo ter dado, até que a mulher sorri para mim.
— Admito que sempre que ouço essa música tenho vontade de dançar. Oi, sou a Jussara, mãe de Gustavo, e você é...?
A mãe dele?
O que a mãe dele está fazendo aqui?
Me recomponho o melhor que posso, afastando o cabelo do rosto, e me apresento:
— Prazer em conhecê-la, senhora. Sou a Ana Flávia.
Ela me dá dois beijinhos. Depois olha para o filho, que não abriu a boca até agora, e pergunta enquanto calço os sapatos:
— E Ana Flávia... é?
Gustavo olha para ela divertido.
— Mãe, ela é... Ana.
A senhora me olha e grita:
— Ah... que burra que eu sou, claro...! Ana Flávia é Ana...! Você é a namorada de Gustavo!
Apoiada numa mesinha para me calçar, acabo caindo ao escutar isso. Namorada?
Gustavo e sua mãe vêm correndo até mim.
— Está bem, filha?
— Sim... sim... não se preocupe, senhora. Eu escorreguei.
— Por favor, Ana... me chame de “você”.
— Ok, Jussara. Estou bem.
Gustavo me levanta, me atrai para si e me olha.
— Você está bem, querida?
Como um bonequinho, balanço a cabeça afirmativamente, meus olhos ficam piscando e vai me subindo um calorão.
Namorada dele?
Acabo de conhecer sua mãe e ela já disse que sou a namorada dele?
Me sinto nas nuvens ao longo da meia hora seguinte. Jussara, a mãe de Gustavo, é muito simpática e faladeira. Fisicamente não se parece nada com ele, exceto no jeito clássico de se vestir. É loira de olhos negros, e dá para perceber que é uma mulher que cuida da aparência. Quando sai para se trocar para o jantar, Gustavo me olha e pergunta baixinho:
— Tudo bem?
— Vem cá, Gustavo, sua mãe disse que sou sua namorada?
— Disse.
— E como ela ficou sabendo disso antes de mim?
Gustavo me olha. Pensa... pensa... pensa e, quando me vê quase explodindo de alegria, diz:
— Você não sabia que era minha namorada?
— Não.
— Não?
Estou atordoada de alegria.
— Não. Não sabia.
Gustavo insiste.
— Tem certeza, moreninha? Certeza, certeza?
— E como tenho. Eu... eu pensava que era sua... sua amiga... sua amante... seu casinho... sua garota, como você me apresentou a alguns amigos em Zahara. Mas... sua namorada?
— Mas lembro que no Moroccio você mesma disse que era a senhora Mioto.
— É, mas...
— Nem “mas” nem meio “mas”... senhorita Castela. Te chamei para morar comigo na Alemanha. Comentei isso com minha mãe e ela quis te conhecer.
— O quê?!
Gustavo sorri e continua:
— Querida, diante da insistência da minha mãe pra eu voltar à Alemanha, não me restou outra opção a não ser explicar a ela que aqui há uma linda espanhola que me deixa louco e a quem estou convencendo a vir morar comigo. Ao saber disso, ela quis te conhecer, e é isso aí. Te amo e você é minha namorada. Assunto encerrado.
— Como assim “assunto encerrado”?
Seu olhar inquietante se fixa no meu e ele dá um passo à frente.
— Não quer ser minha namorada?
Meu coração dispara desenfreado, eu quero tudo o que ele quiser, absolutamente tudo, mas decido entrar num joguinho com ele e murmuro enquanto dou um passo para trás:
— Não sei, Gustavo... não sei se você e eu...
— Você e eu o quê? — insiste e se aproxima de mim novamente.
— É que... você e eu somos muito diferentes e...
Ele percebe a brincadeira e isso o alegra, mas continua vindo mais para perto de mim.
— Você se lembra da nossa música?
Sorrio ao me lembrar de Blanco y negro, de Malú. É a nossa música.
— Lembro.
— Se você fosse tão rígida como eu em tantas coisas, te garanto que eu nunca teria ficado a fim de você. Gosto de você do jeito que você é, como se comporta, como me desafia e, principalmente, como me faz ver a vida em cores e não em preto e branco.
Uma expressão risonha se esboça nos meus lábios ao ouvir isso.
— Muito bem... senhor Mioto, o senhor está muito romântico. O que houve?
Gustavo vem para mim com a mão aberta e vejo uma caixinha de veludo vermelho.
Pisco os olhos... pisco e pisco de novo. Até que Gustavo fala baixinho ao perceber o quanto estou confusa:
— Abre. É pra você.
Com as mãos tremendo, abro a caixinha e na minha frente surge um maravilhoso anel de brilhantes. Fico sem palavras.
— Gosta?
— Mas... mas... mas é muito exagerado, Gustavo. Eu não preciso de nada disso.
Ele sorri, pega o anel e coloca no meu dedo.
— Mas eu, sim, preciso te dar. Quero encher minha namorada de presentes.
Depois que ele coloca o anel, eu olho admirada para minha mão. É lindo. Um solitário brilhante e elegante. Feliz pelo gesto, me agarro ao pescoço de Gustavo.
— Obrigada, querido. É lindo.
— A partir de agora, você é oficialmente minha namorada.
Eu o beijo com paixão. Com amor. Com tesão.
— Senhorita Castela, a senhorita está muito safadinha.
Isso me faz sorrir e meu lado pervertido se anima.
— Gustavo... quando você vai me oferecer de novo?
Surpreso com minha pergunta, ele franze a testa.
— Não sei. Você me deixa tão louco que eu te quero todinha só pra mim. — Eu rio e ele pergunta: — Você está com vontade de que eu te ofereça?
— Estou... — respondo, vermelha como um tomate.
— Ok... ok... Está a fim de brincar, senhorita Castela?
— Sim... muito a fim de satisfazer seus caprichos, senhor Mioto. Eu o olho enfeitiçada, e em seguida ele beija meu pescoço.
— Hummmmm... não me diga isso, senhorita Castela, ou terei que lhe dar uma palmada enquanto mando outro homem te foder.
— Gosto de ser uma depravada.
— Depravada??
— Para o senhor... sim.
Achando graça, ele toca meus seios por cima do vestido.
— Estou com muita vontade disso também, senhorita. Mas devo lembrá-la de que combinamos de encontrar minha mãe, e esses joguinhos são só entre nós dois.
Me aprisiona contra a parede e isso me faz rir. Sua boca procura a minha e ele sussurra antes de me beijar:
— Você me deixa louco... fofinha.
Me beija com sofreguidão. Em suas mãos, como sempre, fico totalmente rendida, adoro quando me domina. Suas mãos percorrem meu corpo e, quando solto um gemido, ele aperta sua ereção em mim e volto a gemer. Estou pronta. Quero que ele tire minha roupa. Que arranque minha calcinha e faça comigo o que quiser. Lambe meu queixo e, quando mais um gemido sai de dentro de mim, ele se afasta.
— Controle-se, senhorita Castela. Sua sogra pode pensar que a senhorita é mesmo uma depravada. Vamos... ela está nos esperando na recepção.
Seu comentário me faz rir. Sogra! Nunca tive sogra.
— Por essa você me paga — eu digo e em seguida o pego pela mão. — Não se esqueça disso.
— Hummmm.... não vejo a hora.

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Continua..........☆

Ela conhecendo a sogrinha e o iceman todo romântico 🥺

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