Capítulo 12

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Uma hora depois, os dois deitados na cama, saboreamos os morangos. Para minha surpresa, junto aos morangos e ao champanhe, que já foi substituído por outra garrafa cheia, há um pote de chocolate derretido. Mergulhar o morango nesse chocolate e enfiá-lo na boca me faz revirar os olhos várias vezes.
Que delícia!
Minhas caras divertem Gustavo, que não para de sorrir. Vejo-o calmo e relaxado, e me tranquiliza perceber que ele está curtindo o momento. Ele gosta de limpar com sua boca os restinhos de morango e chocolate que ficam nos meus lábios. Esse contato suave se assemelha a um beijo doce. Algo que Gustavo nunca me deu. Seus beijos são sempre selvagens e possessivos.
Um ruído chama minha atenção. Seu notebook está ligado e ele acaba de receber uma mensagem.
— Você sempre deixa ligado? — pergunto.
Gustavo olha para o computador e faz que sim com a cabeça.
— Sempre. Preciso estar a par dos assuntos da empresa o tempo todo.
Levanta-se, checa o e-mail e, depois disso, volta para a cama. Enfio mais um morango na boca. Estão maravilhosos.
— Pelo visto, você adora chocolate.
— Sim. Você não?
Dá de ombros e não responde. Eu volto ao ataque.
— Não gosta de doce?
— Se for como você, sim.
Nós dois rimos.
— Você não tem doces em casa?
— Não.
— Por quê?
— Porque não sou louco por doces.
— Você vive sozinho na Alemanha?
Não responde.
Mas pela sua expressão me dou conta de que não gostou da pergunta. Quero saber mais sobre Gustavo, se tem gato ou cachorro, qualquer coisa, mas ele não me deixa conhecê-lo. É só eu começar a falar de sua vida pessoal e ele se fecha por completo.
Inquieta, olho ao redor e meus olhos se detêm na câmera de vídeo.
— Continua gravando?
— Sim.
— Posso saber o que há de interessante no que estamos fazendo agora para que precise ficar registrado?
— Ver você comendo morangos com chocolate. Acha isso pouco?
Rimos de novo, os dois.
— Posso ver o que foi gravado antes?
Gustavo balança a cabeça concordando.

— Pode. Só tem que ligar a câmera na tevê.
Nunca me filmei fazendo sexo, e a ideia de me ver pela primeira vez nessa situação me desperta certa curiosidade.

— O que acha de assistirmos agora? — proponho.
Gustavo toma um gole de champanhe e ergue a sobrancelha.
— Você quer?
— Quero.
Gustavo se levanta com decisão.
Tira um cabo de sua pasta, liga à câmera e à tevê e, com um pequeno controle remoto nas mãos, diz, sentando-se na cama para ficar ao meu lado:
— Preparada?
— Claro.
Aperta o botão e instantes depois me vejo na tela da tevê. Isso me diverte. Minha voz soa estranha, e a dele também. Mergulho mais um morango no chocolate e observo as imagens.
Gustavo me faz tocar nos lenços e nós rimos. Depois enrubesço ao ver a cena seguinte. Gustavo no chão e eu totalmente extasiada com ele me chupando.
— Meu Deus, que vergonha!
Gustavo sorri. Beija meu pescoço.
— Por quê, linda? Não gostou desse momento?
— Gostei... claro que gostei. É só que... Mas não consigo terminar a frase.
As imagens seguintes de Gustavo me amarrando à cabeceira da cama me deixam sem palavras. Ele aparece tapando meus olhos com o outro lenço e, depois, deslizando pelo meu corpo, brincando com meus mamilos e meu umbigo. Isso me estimula de novo. Gustavo continua descendo, até se deter no meu sexo. Ele o saboreia e eu vejo como me entrego. Desce mais um pouco e, enchendo-me de beijos, chega até meus tornozelos.
Inebriada pelas imagens, sorrio.
Não consigo deixar de olhar para a tevê quando vejo na tela que Gustavo se levanta. Eu sigo deitada na cama, amarrada e com os olhos vendados, e ele caminha até o aparelho de som e aumenta o volume. Instantes depois, a porta do quarto se abre. Pisco os olhos.
Entra uma mulher loura de cabelos curtos e anda diretamente até a cama onde eu continuo amarrada. Quase não respiro. Gustavo a segue. A mulher está vestida com uma espécie de camisola preta. Gustavo chupa um de seus mamilos, e ela lhe entrega algo metálico. Depois, pega as luvas que estão sobre a cama e as veste.
— O que...? — tento balbuciar, mas me falta ar.
Gustavo não me deixa falar.
Encosta um dedo sobre meus lábios e me obriga a olhar para a televisão.
Totalmente paralisada, observo como a mulher, após colocar as luvas, sobe na cama enquanto Gustvao nos observa de pé. A mulher abre minhas pernas e pousa sua boca em minha vagina. Estou prestes a explodir de indignação.
O que está fazendo comigo?
Não consigo falar nada, apenas me observar me contorcendo na cama e gemendo enquanto aquela desconhecida brinca com meu corpo e eu ali. De vez em quando abre minhas pernas e eu curvo minhas costas, incitando-a a continuar, e ela obedece. Gustavo se delicia.
Instantes depois, ele entrega à mulher o objeto que estava segurando. Agora vejo que aquilo que senti como duro, frio e suave dentro de mim era um vibrador metálico. A mulher o enfia na boca, o chupa e depois introduz em mim. Solto um gemido. Gosto disso, e a mulher volta a enfiá-lo e a retirá-lo com delicadeza enquanto seu dedo sob a luva passeia pelo meu ânus.
Pouco depois, Gustavo lhe pede o brinquedo sem dizer nada, e ela o entrega a ele. Gustavo lhe aponta minha vagina novamente enquanto se masturba. Ela obedece e volta a encostar sobre mim primeiro suas mãos, depois sua boca ardente. Estou enlouquecida. Abro minhas pernas e me elevo em sua busca enquanto ela, com suas mãos enluvadas, segura minhas coxas e me devora com autêntica devoção.
Instantes depois, Gustavo toca em seu ombro. Ela se levanta. Retira as luvas e as deixa sobre a cama. Gustavo a beija na boca e, antes que a mulher vá embora, diz:
— Adoro seu sabor.
Sigo em estado de choque pelo que vejo, enquanto observo Gustavo se meter entre minhas pernas e, após trocar umas palavras comigo, colocar uma camisinha e me beijar. Me faz abrir as pernas e eu o vejo me penetrando e eu me contorcendo. Me possui sem parar e eu grito de prazer.
Quando já não consigo mais olhar para a tela, o observo com a respiração entrecortada.
Estou furiosa, excitada, irritada e com vontade de matá-lo. Não sei o que pensar. Não sei o que dizer, até que pergunto:
— Por que você permitiu isso?
— O quê, Ana?
Me levanto da cama.
— Uma mulher! — grito. — Uma desconhecida... ela... ela...
— Você disse que aceitava tudo menos sado, lembra?
A cada instante me sinto mais desconcertada. Olho para ele e digo, num gemido:
— Mas... mas tudo entre mim e você... não entre...
— Tudo menos sado... Você permitiu tudo, pequena.
— Eu nunca te disse que queria transar com outra mulher.
Eric olha para mim, se recosta na cama e responde de um jeito petulante:
— Eu sei...
— Então?
— Eu nunca disse que não queria que você fizesse sexo com uma mulher. E foi delicioso e espero repetir. Só brincamos um pouco, pequena. Não sei por que você fica assim — insiste.
— Brincar? Você chama isso de brincar? Para mim, brincar é fazermos só nós dois, mesmo que seja com esses brinquedinhos que você curte, mas... Você disse “repetir”?
— Sim.
— Então será com outra, meu querido, porque, comigo, sem chance! Cara! Você a beijou e em seguida me beijou. Que nojo!
Gustavo não se move. Sua atitude mudou e ele recobrou a seriedade.
— Ana... minhas brincadeiras são assim. Pensei que você já soubesse. Nas vezes que saímos juntos, deixei bem claro que é disso que eu gosto. No escritório, quando vimos sua chefe e seu colega, te dei a primeira pista. No Moroccio, na noite em que te convidei para jantar, te dei a segunda. Na tua casa, quando te ensinei a usar os vibradores, dei a terceira. Te considero uma mulher inteligente e...
— Mas... isso é depravação. Sexo é um jogo entre duas pessoas. E o que você faz...
— O que eu faço é sexo. E minha forma de ver o sexo não é depravada — diz, levantando a voz. — Claro que é um jogo entre duas pessoas. Sempre tive consciência disso e por isso te perguntei se você aceitava tudo, não perguntei?
Me olha à espera de uma resposta. Faço que sim com a cabeça.
— Você disse que sim. Me lembro muito bem. O sexo convencional me entedia. A você não? — Fico em silêncio. Não tenho vontade de responder. — O sexo é um jogo, Ana. Um jogo que admite loucuras, sensações e tudo o que você quiser incluir. Gosto de te dar prazer. Seu prazer é meu deleite e, quando te vejo cheia de tesão, fico louco. E me irrito ao ouvir você dizer que o que eu faço é coisa de depravado. Isso me incomoda muito. Seus convencionalismos de menina e sua falta de bom sexo é o que faz com que...
— Minha falta de bom sexo? — grito furiosa, enquanto tiro o roupão. — Pra sua informação, o sexo que fiz durante todos esses anos foi maravilhoso! Os homens com quem estive me fizeram aproveitar tanto ou mais do que você.
— Duvido — diz, rindo com frieza.
— Convencido!
Aperto os punhos, louca para lhe dar um tapa.
— Olha, Ana. Não duvido que suas experiências com outros homens tenham sido satisfatórias. Só digo que nunca serão como as que você teve comigo. Mas... porra! Se até quando disse “Me fode!” você ficou vermelha.
— Dizer isso é vulgar. Grotesco.
— Não, pequena. Não é nada disso. Simplesmente foi a atração pelo proibido tomando conta de você. A excitação faz as pessoas se comportarem de forma desinibida em certas ocasiões. A atração pelo proibido é o que faz você querer ver outra mulher e outro homem devorando o corpo de sua mulher enquanto você olha ou participa. Você, no chuveiro, foi seduzida pelo proibido. Disse o que queria. Pediu que eu te fodesse porque era isso que você desejava.
— Não quero mais ouvir.
— Querendo ou não, você é como a grande maioria da humanidade. O problema é que essa humanidade se divide entre os que, como eu, não se conformam com os convencionalismos e desfrutam do sexo com naturalidade e sem tabu, e os que veem o sexo como um pecado. Para muitos, a palavra “sexo” é tabu! Perigo! Para mim, a palavra “sexo” é diversão! Gozo! Excitação! E o que mais me incomoda em suas palavras é que sei que você gostou da experiência. Você gostou de sentir o vibrador, gostou da mulher entre suas pernas, gostou inclusive de dizer a palavra “foder”. O problema é que você nega isso. Você engana a si mesma.
Indignada, não respondo. Ele tem razão, mas não quero admitir. Nem morta.
Sem olhar diretamente para ele, visto a calcinha e o sutiã. Quero sumir daqui. Desta suíte. Deste hotel e da vida desse homem. Estirado na cama, Gustavo me observa, sem se mexer, como um deus todo-poderoso. Procuro minha calça e minha blusa e, quando estou completamente vestida, fico parada no meio do quarto.
— Não podemos mudar nada do que vivemos. Mas, a partir de agora, você volta a ser o senhor Mioto e eu sou a senhorita Castela. Por favor, quero recuperar minha vida normal, e pra isso o senhor deve ficar longe de mim. Dito isso, me viro e vou embora.
Preciso desaparecer daqui e esquecer o que houve entre nós.

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Continua......

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