Capítulo 29

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Quando chego à boate Amnesia, meus amigos me perguntam por Vetuche. Minha cara demonstra que não quero falar disso. Respeitam meu silêncio e não perguntam mais. Meu querido amigo Mateus me oferece uma Coca-Cola.
— Bebe... Vai se sentir melhor.
Uma hora depois, já estou mais relaxada. Mateus conseguiu me fazer sorrir e só me deixou tomar Coca-Cola. Segundo ele, o álcool não é bom para curar a tristeza. Enquanto todos conversamos, fico observando seu braço. Sua tatuagem me chama a atenção. Então eu o seguro perto de mim.
— É nova?
— É, sim. Gostou?
Concordo com um gesto.
Sempre gostei de tatuagens e dos homens tatuados. Algo que Gustavo não tem de jeito nenhum. Sua pele é suave e sem marcas, ao contrário de Mateus, que é tatuador e adora ter a pele cheia de desenhos. De repente, tenho uma ideia.
— Mateus, você me faria uma tatuagem?
Ele me crava seus olhos amendoados.
— Claro. Quando você quiser.
— Quanto você me cobraria?
Mateus sorri.
— Nada, meu amor. Pra você eu faço de graça.
— Sério?
— Claro que sim, sua boba.
— Você faria agora?
Surpreso, deixa sua cerveja no balcão e repete:
— Agora?
— É.
— São cinco da manhã.
Sorrio. Mas, muito a fim de ter uma tatuagem, chego mais perto dele.
— Não acha que é uma hora perfeita pra isso?
Não preciso dizer mais nada. Mateus pega firme na minha mão e saímos. Subimos na moto e vamos até seu estúdio. Ao entrar, acende as luzes e olho ao redor. Centenas de desenhos pendurados nas paredes, o trabalho de Nacho ao longo de todos esses anos. Tribais, nomes, caricaturas, dragões...
— Bem, Dona Impaciência. Que tatuagem você quer?
Sem me mexer, continuo observando as fotos até que vejo algo e então sei exatamente o que quero. Ele se surpreende quando digo o que é, mas procuramos em seus moldes o que eu quero. Decidimos o tamanho. Não muito grande, mas o suficiente para ser notada. Mateus começa a trabalhar no molde. Vinte minutos depois, olha para mim.
— Já está pronto, minha linda.
Nervosa, faço que sim com a cabeça. Ele me mostra.
Observo seu desenho e sorrio. Me convida a me sentar na maca onde faz seus trabalhos.
— Onde você quer a tatuagem?
Hesito por alguns instantes. Quero que a tatuagem seja algo muito íntimo, que só quem eu queira possa ver e que sempre... sempre me faça lembrar dele. De Gustavo. Por fim, convencida do que quero, aponto o dedo para meu púbis depilado e sussurro:
— Aqui, quero que você tatue aqui.
Mateus sorri. Eu também.
— Menina, vai ser uma tatuagem muito sensual. Você sabe disso, né?
— Sim, eu sei — respondo.
Mateus faz que sim e pergunta, enquanto pega uma agulha:
— Tem certeza, Ana?
— Tenho — afirmo determinada.
— Tudo bem, linda. Então deite aí.
Enquanto conversamos e escutamos Bon Jovi, Mateus trabalha sobre meu corpo. As picadas da agulha são dolorosas, mas nada se compara com a dor que sinto em meu coração por culpa de Gustavo. Por volta das sete da manhã, Mateus larga a agulha na mesinha e lava minha pele com água.
— Prontinho, linda.
Levanto, ansiosa para ver o resultado.
De calcinha, ando até o espelho e meu coração se contrai quando leio em meu púbis:
“Peça-me o que quiser.”
Ao chegar em casa, em torno das oito da manhã, estou exausta e um pouco dolorida por causa da tatuagem. Mas abro o notebook. Passo as fotos que tirei com o celular e fico decidindo qual delas enviar. Depois abro meu e-mail e escrevo:

De: Ana Flávia Castela
Data: 22 de julho de 2012 08:11
Para: Gustavo Mioto
Assunto: Noite agradável
Para que você veja que estou me divertindo e fazendo o que te prometi.
Atenciosamente,
Ana Flávia Castela

Anexo à mensagem uma foto em que estou deitada na cama e Vetuche me beija. Nem menciono a tatuagem. Ele não merece. Quero que se sinta mal. Que veja que minha vida continua mesmo sem ele. Após ler a breve mensagem umas cem vezes, aperto “enviar”. Fecho o computador e vou dormir.

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Continua...........☆

Peça-me o que quiser, miotela ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora