Capítulo 14

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Às sete e meia da manhã de segunda-feira, estou de pé. Jack está calmo. Dou seu remédio e sua comida. Em seguida entro no chuveiro. Dez minutos depois, saio, me visto e ponho maquiagem.
Às oito e meia, chego ao escritório. No elevador esbarro em Luan e nos damos parabéns pelo título da Eurocopa. Estamos emocionados. Falamos sobre nosso fim de semana e, como sempre, terminamos em gargalhadas. Subimos até a cafeteria e ali trocamos abraços com outros colegas pela vitória de ontem.
Depois nos sentamos para tomar o café da manhã. Dez minutos depois, o biscoitinho que eu segurava cai das minhas mãos, quando vejo Gustavo entrar com minha chefe e outros dois diretores.
Está incrível em seu terno escuro e sua camisa clara. Sua expressão séria indica que está falando de trabalho, mas, quando chegam ao balcão e pedem seus cafés, ele me vê. Eu continuo falando, aproveitando a companhia dos meus colegas, ainda que, olhando de canto de olho, eu consiga vê-los sentando-se numa mesa afastada da nossa. Gustavo se acomoda na cadeira que fica diante de mim. Me olha e eu o olho de volta. Nossos olhares se encontram durante uma fração de segundo e, como era de se esperar, meu corpo reage.
— Que saco! Os chefes já chegaram — diz Luan. — Aliás, me disseram que outro dia você e o novo chefão ficaram presos no elevador.
— Pois é. Nós e algumas outras pessoas — respondo sem muita vontade. Mas, interessada em saber mais sobre o chefão, pergunto: — Vem cá, você que era secretário do pai dele, ele morreu de quê?
Luan olha com curiosidade na direção da mesa do fundo.
— Na verdade ele era um homem estranho e muito calado. Morreu de ataque cardíaco. — E, ao ver minha chefe rir, sussurra: — Pelo visto, nossa chefe gosta do novo chefão. É só ver como ela ri e mexe no cabelo.
Sem conseguir evitar, olho para a mesa dele e, de novo, meus olhos cruzam com o olhar gélido de Gustavo.
— O senhor Mioto tinha outros filhos?
— Sim. Mas só o Iceman está vivo.
Iceman?!
Luan ri e cochicha:
Gustavo Mioto é o Iceman. O homem de gelo. Não reparou na cara emburrada que ele tem? — Isso me faz rir e Luan acrescenta: — Pelo que a chefe me disse, ele é duro na queda. Pior que o pai.
Não me admira que seja assim. Dizem que a cara é o espelho da alma, e a cara de Gustavo é de desespero contínuo. Mas o apelidinho me agradou. Ainda assim, quero saber:
— Por que você disse que ele é o único que está vivo?
— Tinha uma irmã, mas morreu há uns dois anos.
— O que houve com ela?
— Não sei, Ana Flávia... O senhor Mioto nunca falava disso. Só sei que morreu porque um dia ele me disse que tinha que ir à Alemanha para o enterro da filha.
Saber disso me dá pena. Duas mortes em tão curto espaço de tempo deve ser muito doloroso.
— O senhor Mioto estava separado da mulher — continua Luan. — Iceman e ele não tinham uma boa relação, por isso o novo chefão nunca vinha à Espanha.
Esses novos dados me inquietam. Quero saber mais, então pergunto:
— E por que não tinham boa relação?
— Não sei, lindinha — responde Luan, enquanto ajeita uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. — O senhor Mioto era muito reservado em relação à vida particular dele. Aliás, quando você vai sair comigo?
Escutar isso me faz sorrir. Apoio os cotovelos sobre a mesa e, com minha cabeça entre as mãos, respondo, encarando-o:
— Acho que nunca. Não gosto de misturar trabalho e prazer.
Minha resposta carregada de uma ironia que ele não entende me diverte. Luan chega mais perto e murmura:
— Quando você fala em prazer, a que tipo se refere?
Sem me mover um milímetro sequer, respondo:
— Deixa eu te explicar, seu metido. Você é o docinho que todas as garotas do escritório gostariam de comer e eu sou uma mulher muito ciumenta e não gosto de compartilhar. Então, vá procurar outra, porque comigo você não tem a menor chance.
— Hummmmm... Adoro as difíceis!
Seu comentário me faz soltar uma gargalhada, e em seguida Luan faz o mesmo. De repente, vejo Gustavo se levantar e sair da cafeteria. Enfim respiro. Não tê-lo por perto é um alívio para mim. Dez minutos depois, meu colega e eu voltamos pros nossos lugares.
Quando chego à minha mesa, vejo que a porta da sala do chefão está aberta. Droga. Não quero vê-lo. Sento e de repente o celular apita e eu leio: “Paquerando em horário de trabalho?” Isso me incomoda, mas acabo sorrindo.
No fundo, o humor de Gustavo me diverte. Não pretendo responder, mas, como sempre faço quando estou nervosa, começo a coçar o pescoço. Meu celular apita novamente e eu leio: “Pare de se coçar, senão as brotoejas vão aumentar."
Ele está me observando. Olho na direção da sua sala e o vejo sentado na mesa que foi do pai. Sente-se poderoso. Está me provocando, mas não vou cair no seu jogo. Aperto os olhos, irritada. Faço uma cara de poucos amigos e, surpreendentemente, ele curva os lábios enquanto segura uma risada. De repente minha chefe aparece e diz, atrapalhando nosso campo de visão:
— Ana Flávia, se alguém me ligar, passe a ligação para a sala do senhor Mioto.
Sem abrir a boca, concordo com a cabeça. Minha chefe, rebolando os quadris, entra na sala de Gustavo e fecha a porta. Começo a trabalhar e, no meio da manhã, a porta da sala se abre. Vejo minha chefe sair com uma pasta nas mãos.
— Ana Flávia — diz. — Vou me ausentar do escritório por uma hora. Se o senhor Mioto precisar de qualquer coisa, resolva pra ele. — Logo se vira para Luan e acrescenta: — Venha comigo.
Meu colega sorri e eu também. Ai, ai...! Se eles soubessem que estou sabendo de tudo...
Quando somem da sala, o telefone interno toca. Me irrito ao saber que é ele. Acabo atendendo.
— Senhorita Castela, pode vir aqui na minha sala, por favor?
Fico tentada a dizer que não. Mas isso não seria profissional e eu, antes de tudo, sou uma profissional.
— Agora mesmo, senhor Mioto.
Levanto, entro na sala dele e pergunto:

— O que deseja, senhor Mioto?
Vejo que apoia a cabeça no encosto alto da cadeira de couro preta.
— Feche a porta, por favor — responde, olhando para mim.
Suspiro e sinto que minha pele começa a arder. Meu maldito pescoço vai me denunciar e isso me incomoda. Mas obedeço e fecho a porta.
— Parabéns. Vocês ganharam a Eurocopa!
— Obrigada, senhor.
O silêncio entre nós dois fica insuportável.
— A noite foi boa? — acrescenta. Não respondo.
— Quem era o cara que você beijou e com quem passou 17 minutos dentro do banheiro masculino? — pergunta. Boquiaberta, continuo olhando para ele.
— Te fiz uma pergunta — insiste. — Quem era?
Enfurecida com o que acabo de ouvir, sinto vontade de pegar a caneta que está comigo e enfiar no crânio dele, mas a seguro com força e respondo, enquanto contenho meus impulsos assassinos:
— Isso não lhe diz respeito, senhor Mioto.
Inacreditável. Ele estava me espionando? Me sinto invadida.
— O que há entre você e o namoradinho da sua chefe? — prossegue.
Olha a que ponto chegamos! Pisco os olhos e respondo:
— Veja bem, senhor Mioto, não quero ser desagradável, mas nada do que o senhor me pergunta é da sua conta. Então, se o senhor não deseja mais nada, voltarei à minha mesa.
Irritada e sem lhe dar tempo de dizer qualquer coisa, saio da sala e bato a porta. Quem ele pensa que é? Assim que me sento, o telefone interno toca outra vez. Reclamo mas atendo.
— Senhorita Castela, venha à minha sala. Já!
Sua voz soa enfurecida, mas eu também estou assim. Desligo e, contrariada, entro de novo disposta a mandá-lo à merda.
— Traga-me um cafezinho.
Saio da sala. Vou à cafeteria e, quando volto, deixo o café em cima da mesa.
— Não tomo com açúcar. Traga adoçante.
Repito o percurso, xingando todas as gerações da família de Gustavo, e, quando volto com o maldito adoçante, entrego a ele.
— Coloque meio envelopinho no café e mexa.
Como assim? Ele quer que eu misture seu maldito café?
Aquela ordem me deixa indignada. Ele não para de me olhar, e a sua expressão de superioridade me tira do sério. Que alemão idiota! Sinto vontade de jogar o café na cara dele, mandá-lo plantar batata, mas no fim das contas faço o que ele pede sem contestar. Quando termino, deixo o café na sua frente e me viro para sair da sala.
— Não saia, senhorita Castela.
Escuto-o levantar-se. Volto para olhar para Gustavo.
Suas sobrancelhas estão franzidas. As minhas também. Ele está furioso. Eu também. Rodeia a mesa. Senta-se apoiado nela com os braços cruzados e as pernas abertas. Sua atitude me intimida. Nossa distância diminuiu. Isso me deixa nervosa.
— Ana...
— Para o senhor sou a senhorita Castela, se o senhor não se importa. Ele me olha com sua costumeira cara de mau humor e eu sinto que o ar está tão pesado, que poderia ser cortado com uma faca. Que tensão!
— Senhorita Castela, aproxime-se.
— Não.
— Aproxime-se.
— O que o senhor quer? — pergunto. Sem alterar sua expressão dura, murmura entredentes:
— Aproxime-se, por favor.
Respiro fundo para que veja meu estado de ânimo e dou um passo adiante. Seu olhar duro exige que eu me aproxime mais um pouco, mas não me deixo amedrontar.
— Senhor Mioto, não vou chegar mais perto. Pode me demitir se isso o faz se sentir o Rei do Universo. Mas não vou me aproximar mais do senhor. E, de quebra, ainda vou denunciá-lo por assédio.
Afasta-se da mesa. Dá dois passos na minha direção e eu dou um passo para trás. Ele solta o ar bufando. Pega meu braço, me puxa e abre as portas do arquivo. Me empurra para dentro e, uma vez protegidos pela privacidade que o lugar nos dá, pega minha cabeça com as mãos, me atrai para si e me beija com voracidade. Desta vez não fica roçando de leve sua língua em meu lábio superior. Não me pede permissão. Apenas me puxa para si e me beija. Me empurra contra os arquivos e, quando sente que meu corpo não pode recuar, abandona meus lábios.
— Quase não dormi pensando em você e no que você fazia com aquele cara ontem à noite.
Surpresa com o que ele disse, respondo com um fio de voz:
— Não fiz nada.
Gustavo aperta seus quadris contra mim e eu sinto sua ereção.
— Te agarrava pela cintura. Não parava de olhar pro teu corpo. Você deixou ele te beijar e entrou com ele no banheiro masculino. Como pode dizer que não fez nada?
Enlouquecida pelo que ele está me fazendo sentir com suas palavras e sua proximidade, respondo:
— Faço o que bem entender com minha vida e meu corpo, senhor Mioto.
Dou um empurrão nele e o afasto de mim.
— Não sou uma dessas bonequinhas às quais suponho que o senhor esteja acostumado a dar ordens. Não toque em mim de novo ou...
— Ou?! — pergunta com voz rouca.
— Ou sou capaz de qualquer coisa — respondo.
Seu rosto está tenso e, aproximando-se de mim outra vez, ele sussurra:
— Ana, você me deseja tanto quanto eu te desejo. Não negue isso. — Não respondo. Não consigo. Sua proximidade me desperta mil sensações. Meus olhos faíscam. Não sei se é indignação, desejo ou o quê. A questão é que faíscam enquanto aquele gigante com cara de mau está me encarando.
— Não estou a fim de...
— De sado? Isso eu sei, pequena.
Sua resposta me pega tão de surpresa que nem sei o que responder. Seu olhar me paralisa.
— Está ficando nervosa?
Ele volta a me desconcertar. Como pode lembrar aquilo que lhe expliquei no elevador? Toco o pescoço. Estou a ponto de dizer alguma das minhas grosserias, quando vejo que ele faz uma careta.
— Não se coce, Ana.
Sem dar tempo de eu me mexer, se abaixa e sopra meu pescoço. Fecho os olhos. Minha indignação diminui de intensidade. Ele quis isso e conseguiu.
— Desculpa por ter te deixado nervosa — sussurra de repente em meu ouvido. —Desculpa, pequena.
Seu poder é imenso e ele já me tem na palma da mão. Sou uma fraca! Me beija. Desta vez com sofreguidão. Está me sabotando. Meus pensamentos se apagam e tudo o que eu quero é beijá-lo e permito que me beije. O que está acontecendo comigo? Quero me conter, mas não posso. Nunca fui brinquedinho de nenhum homem, mas ele consegue me controlar. Eu o desejo com a mesma intensidade com que preciso do ar que respiro e isso me assusta. O tesão por esse homem me queima a vagina, a pele, e sinto minha calcinha ficar molhada, e a única coisa que quero agora é que ele tire minha roupa e me possua.
Cravo meus olhos nele. Sua cara séria e arrogante me enfeitiça. Me deixa louca. É tão sexy e avassalador que não consigo recusar qualquer coisa que ele exija de mim. Nunca havia me sentido assim antes e acho que não posso fazer nada para evitar isso. Desabotoa minha calça. Enfia sua mão com rapidez dentro da calcinha.
— Você está molhada pra mim — sussurra.
O que vai fazer? Vai tirar minha roupa no meio do arquivo?
Mas não. Enfia a mão ainda mais fundo e sinto um de seus dedos mergulhando em meu interior e, segundos depois, mais um. Me segura pelo cabelo, me puxa, e minha cabeça se ergue. Me beija de novo com impaciência, enquanto me faz abrir as pernas com sua perna, e seus dedos entram e saem de mim algumas vezes. Com sua boca sobre a minha, reprimo meus gemidos e sei que o clímax está próximo.
— Goza pra mim, Ana.
Meu corpo volta a reagir às suas palavras. O prazer que está me dando me faz querer mais. O brilho sensual de seu olhar me deixa louca e me faz desejar que tire minha roupa, me jogue no chão e me coma. Mordo o lábio. Se não fizer isso, vou gritar e o escritório inteiro virá até aqui para saber o que está acontecendo.
— Vamos, Ana, se entregue.
Tensiono as costas e dobro as pernas enquanto me deixo dominar por ele com prazer. Quero seus dedos ainda mais dentro de mim e, quando acho que vou explodir, eu o beijo de novo para lançar novamente meu gemido em sua boca, enquanto sinto minhas coxas se contraindo com suas carícias e percebo que estou cada vez mais molhada. Pouco a pouco ele para e, quando retira seus dedos de dentro de mim, quero protestar. Ele se dá conta disso.
Volta a segurar minha cabeça entre as mãos.
— Você me deve um orgasmo, pequena.

Não consigo responder. Só o que faço é abrir a boca e entrelaçar sua língua na minha. Me delicio com seu sabor excitante e perigoso, esquecendo-me outra vez da minha irritação anterior e de tudo o que está ao nosso redor. Não quero mais pensar que ele me usa como um brinquedinho. Não quero pensar que é meu chefe. Simplesmente não quero pensar.
Dois minutos depois e com a respiração mais compassada, ele deixa de me pressionar contra as gavetas dos arquivos e eu recupero o controle do meu corpo. Droga.
Mas o que é que eu fui fazer de novo?!Como posso ser tão idiota cada vez que esbarro com ele?
Ele parece notar o que estou pensando e me lança uma de suas olhadas gélidas.
— Voltou a pensar sobre a minha proposta? — pergunta.
Tento olhar para ele. Enfrento o Iceman e sinto que estou perdendo toda a compostura.
— Já te dei a resposta ontem e te disse que não aceitava.
Aperta os lábios e eu solto um suspiro. Eu o encaro surpresa.
— Por que você é tão cabeça-dura? —acrescenta. — Minha proposta te daria algum retorno financeiro.
— Só financeiro?
Diante da minha pergunta, Gustavo para de sorrir.
— Tudo depende do que você quiser. Você decide, Ana. Por enquanto preciso de uma secretária. O sexo vai surgir, se tiver que surgir.
— E se eu me recusar a deixá-lo surgir outra vez? — rebato, tentando acreditar na minha própria mentira.
Gustavo olha para mim. Desce as mãos até minha calça e a abotoa.
— Vou aceitar sua decisão — acrescenta com tranquilidade. — Outra vai querer.

Como é idiota, metido e marrento...! E então sai do arquivo e me deixa sozinha. Durante alguns segundos fecho os olhos e fico me culpando. Por que sou tão fácil quando estou com ele? Por fim ajeito a blusa e o cabelo e vou atrás dele. Está sentado diante de sua mesa e, com as sobrancelhas contraídas, olha para a tela do computador. Ando com calma até a porta, disposta a sair.
— Eu disse que você tinha até terça-feira pra responder, e mantenho esse prazo — diz antes de eu ir embora de sua sala. — Agora pode voltar à sua mesa. Se eu precisar de você de novo, te ligo.
Fico vermelha como um tomate. Saio da sala. Fecho a porta, me apoio nela e olho ao redor por alguns segundos. Todos fora da minha sala estão trabalhando. Aparentemente ninguém percebe o que acaba de acontecer. Pego minha bolsa e vou ao banheiro. Preciso me lavar. Sinto minha vagina encharcada e isso me incomoda.
Vinte minutos depois, volto à minha mesa e vejo que Luan e minha chefe também já voltaram. Gustavo e eu não nos falamos nem nos olhamos outra vez. Às duas da tarde, a porta da sala se abre e eles saem juntos. Não olha para mim. Apenas minha chefe lança o olhar em minha direção.
— Vamos almoçar, Ana Flávia — informa.
Faço que sim com a cabeça e respiro aliviada. Vejo Luan pegar suas coisas quando meu telefone toca. É minha irmã.
— Ana... você tem que vir pra casa. Agora!
Ao escutar aquilo, fecho os olhos e me sento: as pernas ficam bambas. Não precisa continuar falando. Sei o que aconteceu.
Quando desligo o telefone, contenho o choro e engulo as lágrimas. Não quero chorar no escritório. Sou uma mulher forte e não gosto de fazer cena. Procuro Luan e o encontro conversando com Camila. Acho que estão se pegando. Vou até ele e aviso que surgiu um problema urgente e que não voltarei ao escritório hoje. Ele concorda sem prestar muita atenção e eu ando até minha mesa outra vez. Sento, bebo água da garrafinha e, por fim, pego minhas coisas.
Minhas mãos estão tremendo e minhas bochechas ardem. Quero chorar. Faço um esforço para desligar o computador, controlo minha tristeza e caminho até o elevador. Depois corro até o estacionamento e me permito chorar. Só então.
Quando chego em casa, minha irmã está com os olhos encharcados de lágrimas. Jack respira com muita dificuldade e eu imediatamente ligo para o veterinário. Ele, que me conhece há anos, diz para eu levar Jack até a clínica.
Às quatro e meia da tarde, após uma injeção que o veterinário lhe dá para que sinta menos dor, Jack me deixa. Me deixa para sempre, com o coração despedaçado e com a sensação de uma perda irreparável. Me inclino sobre a mesa onde seu corpo sem vida descansa. Eu o beijo, acaricio pela última vez sua cabecinha peluda, e litros de lágrimas embaçam totalmente minha visão.
— Adeus, querido — murmuro.

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Continua.....

Temos o Gustavo, famoso iceman com ciúmes?

3/3

Peça-me o que quiser, miotela ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora