Capítulo 2

138 9 2
                                    



Draco chegou na esquina de uma rua tranquila e arborizada em um bairro residencial bruxo nos arredores de Londres. Olhando ao redor e descobrindo que estava livre de pedestres, ele abandonou seu Feitiço de Desilusão e se virou para olhar a casa à sua frente.

Ele se viu olhando para uma cerca viva enorme. Estendia-se por vários metros acima de um pequeno muro de pedra que envolvia a casa, contornando a esquina de onde ele estava. Um caminho passava por uma brecha na sebe que parecia ter sido cortada sem o uso de magia. Através da abertura estreita, Draco conseguiu distinguir uma casa alta e angular de tijolos. A fachada vermelha foi quase totalmente engolida por uma espessa camada de hera.

- Existem maneiras mais fáceis de se esconder, Granger - ele resmungou para si mesmo enquanto se agachava pela abertura na sebe, os galhos prendendo suas vestes vermelho-sangue de auror. Uma vez no pequeno pátio, ele passou a mão pelos cabelos loiros e brancos e ajeitou as roupas, voltando à ordem.

Draco respirou fundo. Ele não se permitiu pensar nessa parte, em quando ele e Granger ficariam sozinhos pela primeira vez desde... desde sempre? Ele não conseguia se lembrar. Involuntariamente, surgiu em sua mente a imagem de uma jovem bruxa de cabelos espessos, vestida com vestes pretas de Hogwarts, olhando para ele do outro lado da sala de aula de Poções. Draco cerrou os dentes enquanto bania a memória para a caixa mental de onde ela havia escapado.

Era exatamente com isso que ele estava preocupado. Draco sobreviveu, se não exatamente prosperou, simplesmente se recusando a pensar no passado. Você seguiu em frente, ele disse a si mesmo com firmeza. Hermione Granger não tinha o direito de aparecer anos depois para perturbar o delicado equilíbrio que ele criou para si mesmo. Ele pegou aquele fio de raiva e, envolvendo-o como uma armadura, usou-o para se impulsionar até a porta da frente, onde bateu com firmeza e sem hesitação.

Por alguns segundos, nada. Então um estrondo distante soou lá dentro, seguido por uma maldição abafada. Muito mais perto, como se um gato estivesse parado atrás da porta, veio um miado alto.

Vários momentos se passaram, e Draco tinha acabado de levantar a mão para bater novamente quando a porta se abriu.

Draco baixou o braço e olhou para baixo, esperando encontrar Granger parada diante dele, mas a porta estava vazia. De sua posição no capacho, ele viu um pequeno corredor mobiliado com um chapeleiro e uma mesa lateral. À direita, uma abertura levava a uma biblioteca repleta de livros e poltronas de veludo desbotado. No final do corredor havia uma escada estreita.

Outro miado soou, muito mais alto dessa vez, e Draco pulou. A seus pés estava uma horrível criatura laranja com um rosto alarmantemente achatado e olhos amarelos e bulbosos. Ele piscou para ele, balançando a cauda ameaçadoramente. Depois de encarar a criatura por um momento, ele pensou, um tanto histericamente, Granger? Nesse momento, outro estrondo soou nos fundos da casa e ele foi poupado do constrangimento de pedir ao gato que se identificasse.

O gato bocejou ironicamente e foi embora, lançando um olhar por cima do ombro em instruções claras para Draco segui-lo. Ele o fez com relutância, segurando sua varinha com força ao passar pela soleira. Ele fechou a porta suavemente atrás de si, percebendo com um sobressalto que estava na casa de Granger, e não no laboratório dela, como ele havia pensado. Ao passar pela primeira porta, ele viu que o que ele havia confundido com uma biblioteca era apenas uma sala da frente que estava absolutamente cheia, além da razão, com pilhas e mais pilhas de livros.

Seguindo o gato pelas escadas até a cozinha, ocorreu-lhe que poderia estar caindo em uma armadilha. Ele não achava que a Garota de Ouro do mundo bruxo fosse exatamente capaz de matar, mas lhe ocorreu que ela poderia tentar incapacitá-lo pelo próximo mês para que pudesse completar seu projeto sem a interferência dele.

Coisas Sem Remédio - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora