Draco caminhou sozinho por uma rua escura, as mãos enfiadas nos bolsos do casaco para protegê-las do vento gelado de novembro. Ele caminhou rapidamente pela calçada, apesar de não ter nenhum destino específico em mente e nenhum lugar para estar naquele momento.
As caminhadas noturnas faziam parte de sua nova rotina, cujo principal objetivo era parar de ficar sentado em seu apartamento sentindo muitas emoções ou nenhuma. Ele ficava rodando nas ruas trouxas, onde ninguém o reconheceria, e caminhava por horas até que, exausto, voltava para casa e caia na cama. Com alguma sorte, ele não sonharia.
Naquela noite de outono em particular, ele estava quase no Soho antes de perceber que os trouxas estariam saindo em massa para seus bares e clubes. Ele não se sentia desconfortável perto de hordas de trouxas porque eles eram trouxas, mas porque isso o fazia se sentir preso; caso ele precisasse escapar ou lutar, ele não seria capaz de usar magia. Draco só podia imaginar o quão feliz Jorkins ficaria se ele cometesse um deslize e usasse magia na frente de um trouxa. Provavelmente seria a desculpa que o ministro precisava para finalmente demiti-lo.
A essa hora da noite de sexta-feira, o bairro estava previsivelmente lotado. Draco virou em uma rua bem iluminada e se esquivou de um homem que gesticulava bêbado para um amigo. Ele manteve a cabeça baixa e passou por um grupo de mulheres que vagavam na calçada em frente a um dos clubes lotados da rua. Elas usavam vestidos brilhantes sob os casacos de inverno e lançavam lhe olhares interessados enquanto ele passava apressado. Ele as ignorou.
Finalmente, Draco avistou um beco e fez uma curva fechada até sua entrada escura. Estava mais silencioso aqui, embora ele não estivesse totalmente sozinho. Uma figura escura estava sentada em um pequeno degrau, várias portas abaixo, e ele podia ver outra pessoa se aproximando, vinda do fundo do beco.
Longe da multidão, ele parou por um momento para se livrar do desconforto. O objetivo dessas caminhadas era relaxar sua mente. Foi um erro vagar tão longe pela Londres trouxa que ele não conseguiu nem encontrar um lugar seguro para desaparatar.
Ele decidiu voltar na direção por onde veio até chegar ao Hyde Park, que estaria vazio o suficiente a essa hora da noite para ele se arriscar a usar magia. Ele respirou fundo pela última vez e tinha acabado de se virar para entrar novamente na multidão quando ouviu um pequeno barulho atrás dele. Parecia um suspiro.
Ele se virou e olhou para o beco. A segunda figura estava parada na frente do degrau agora, apontando uma varinha para a pessoa sentada. Draco ficou surpreso. Ele enfiou a mão no casaco e sacou sua varinha com cautela.
Mantendo-se nas sombras, ele se aproximou lentamente do par. Ele olhou através da luz fraca do poste acima e percebeu com um sobressalto que não era uma varinha, mas uma faca. Pequeno crime trouxa. Ainda assim, ele estava perto o suficiente para ver que a vítima era uma jovem, com o rosto congelado de medo enquanto olhava para o homem à sua frente. Porra. Draco não queria interferir, mas obviamente não poderia deixá-la ali.
A mulher ergueu uma mão à sua frente de forma apaziguadora, enquanto a outra segurava uma pequena bolsa de contas. Ela estava dizendo algo ao ladrão, talvez discutindo com ele. Apenas dê a bolsa a ele, Draco pensou, não gostando da ideia de entrar em uma briga sem varinha com um lunático empunhando uma faca.
Ela não o fez, então o ladrão tentou pegá-la. Ele agarrou-a com uma das mãos e agitou a faca ameaçadoramente na cara dela. Ela gritou, mas não soltou o aperto.
Draco se moveu, saindo das sombras atrás do atacante. O ladrão viu a atenção dela mudar para um ponto por cima do ombro dele quando ela avistou Draco. O homem girou, a faca brilhando enquanto girava em arco.
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Coisas Sem Remédio - TRADUÇÃO
Fanfic- Você se lembra quando eu disse ao ministro que o vira-tempo não é uma arma? - Sim. - Eu estava errada. É uma arma. Nas mãos erradas, poderia... poderia destruir tudo. Já se passaram doze anos desde o fim da guerra. Dez anos desde que Draco Malfoy...