Capítulo 14

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Nevava muito quando chegaram a uma pequena clareira, cercada por todos os lados por árvores carregadas de torrões brancos de neve.

Draco imediatamente percebeu a falha no plano deles.

- Granger, nunca sobreviveremos a uma noite aqui sem abrigo. Você não tem uma barraca nessa sua bolsa, tem?

- Não... mas posso fazer uma fogueira. E podemos fazer feitiços de aquecimento.

Ele olhou para ela em dúvida, mas decidiu que era um problema para mais tarde. Primeiro, eles precisavam encontrar o lago e, pelo que parecia, tinham uma floresta inteira para procurar. Ele tirou a capa, 'não discuta, vamos tropeçar em todas as pedras se ficarmos juntos embaixo dessa coisa', e eles começaram a pisar suavemente na neve, com as varinhas em punho.

As memórias de Granger da localização exata eram frustrantemente nebulosas.

- Não sei! Isso foi há anos e eu nunca vi o lago. Harry saiu sozinho enquanto eu dormia. Ele costumava fazer coisas assim o tempo todo. Me lembra você, agora que penso nisso.

- Sim, eu percebi isso. Ele é irritantemente razoável quando adulto, não é?

Ela bufou.

- Isso seria a influência de Gina. Ela está grávida, você sabia? Eu suponho que você não saberia, eles decidiram não contar a pessoas fora da família ainda. Mas acho que foi por isso que Harry não pressionou para vir comigo.

Draco só podia imaginar o quão irritantemente presunçoso seria o filho de Harry Potter e Gina Weasley quando aparecesse em Hogwarts, daqui a onze anos. O nível de adoração de heróis por parte dos outros estudantes seria astronômico.

Ele disse isso e ela riu.

- Haverá algum sonserino irritantemente presunçoso para equilibrar o universo.

- Isso é um alívio. É importante, você sabe, ter um antagonista.

- Era isso que você era? Suponho que isso construiu o caráter.

- De nada, nesse caso.

Ela jogou um pouco de neve na cabeça dele e ele revidou, embora gentilmente.

Ela não gostou nada disso. Bastante protetora com seu cabelo, Granger era. Sacudindo a neve da trança, ela perguntou: '

- O que você estaria fazendo hoje, se não estivesse aqui?

Ele olhou para ela.

- Procurando pelo seu vira-tempo.

- Não, quero dizer, você não estava planejando tirar o dia de folga? É Natal.

Ele balançou sua cabeça.

- Você foi um pouco assustadora, Granger. Achei melhor encontrá-lo antes que você machuque alguém, ou seja, eu - a floresta era mais densa aqui, e ele tirou um galho do caminho para ela passar por baixo. - O que você estaria fazendo? Natal com seus pais?

Ela não disse nada por um longo tempo e ele se perguntou se ela teria ouvido sua pergunta. Quando ele se virou, porém, percebeu uma expressão estranha no rosto dela e decidiu não pressioná-la.

- Meus pais moram na Austrália - disse ela depois de um tempo. - Eu os obliviei durante a guerra, para mantê-los seguros. O feitiço foi... foi muito forte. Eu tomei demais. Depois levei-os a todos os especialistas, mas não conseguimos recuperar a memória. Eles não sabem quem eu sou. Não os vejo há anos.

A voz dela era monótona, não revelando nada, mas Draco sabia que não. Pela primeira vez, ele percebeu que a culpa e o arrependimento, seus companheiros constantes, também eram dela. E porque ele sabia como ela se sentia, sabia que suas próximas palavras seriam inúteis. Ele as disse de qualquer maneira.

Coisas Sem Remédio - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora