Os dias ficaram mais longos à medida que a primavera se aproximava.
Draco tentou usar a luz do dia adicional para tirar Granger do humor irritado que cada vez mais a dominava, com sucesso limitado.
Toda tarde, ele a irritava para que ela deixasse o trabalho de lado para acompanhá-lo em uma caminhada. A floresta ainda estava segura dos Saqueadores por enquanto, e eles se sentiam relativamente seguros vagando pela natureza juntos. Ela contou a ele sobre acampar naquela floresta com seus pais quando criança, a primeira vez que ela ofereceu informações sobre eles de bom grado. Tinha sido uma boa infância, ela disse a ele. Tão diferente da dele.
Durante a primeira semana ou mais, as distrações funcionaram. Eles conversaram facilmente para passar as horas, sem tocar em nada particularmente importante, e duas vezes ele até conseguiu persuadi-la a subir na parte de trás de sua vassoura. Na segunda vez, ela até conseguiu tirar o rosto da capa dele para olhar a paisagem abaixo.
Ele gostou da coisa toda mais do que deveria.
Mas, à medida que uma semana inevitavelmente se transformava em duas, sua ansiedade aumentava até praticamente estalar no ar ao seu redor.
- Você acha que Mundungo foi pego? Ele sabe que não deve mencionar Monstro para ninguém, certo? - ela dizia, tocando a moeda que carregava consigo o tempo todo.
Eles continuaram assim até que um dia, quando ele olhou para baixo e a viu passando o polegar distraidamente sobre a cicatriz em seu antebraço esquerdo, sentiu-se um idiota por não ter entendido antes.
Ele a viu olhando para a linha do tempo pendurada na parede da tenda, verificando obsessivamente a data. Ele presumiu que ela estava se sentindo cansada de esperar e ansiosa para estar em casa. Não lhe ocorreu que ela estava pensando em seu eu passado, a apenas algumas dezenas de quilômetros de distância, na mesma floresta, que estava prestes a passar pela pior experiência de sua jovem vida.
Draco não tinha esperança de impedir que isso acontecesse.
- Granger, - ele disse depois de mais alguns dias observando-a se preocupar em silêncio. - acho que é hora de deixarmos a floresta.
- Ainda não - ela disse automaticamente.
- Mas... os Saqueadores podem chegar a qualquer momento. Além disso, precisamos de um lugar permanente para ficar pelo próximo mês. Depois que você começar a trabalhar no Vira-Tempo, não poderemos movê-lo.
- Eu sei. Mas ainda temos alguns dias.
- Eu acho que pode ser...mais fácil. Se estivermos mais longe quando acontecer.
Ela olhou para ele bruscamente.
- Mais fácil para quem?
Draco estremeceu, e o rosto dela se enrugou em arrependimento.
- Desculpe. Eu não quis dizer... eu só... É melhor, de alguma forma, saber que eu estava aqui. Eu só continuo pensando naquela época e me lembrando de que eu também estou na floresta, mesmo que eu não soubesse disso na época. Nós não estávamos sozinhos, Harry, Rony e eu... porque você e eu também estamos aqui.
- Não podemos... eu queria poder ajudá-los, mas...
- Eu sei disso! Eu sei que não posso fazer nada útil. Se eu pudesse, se eu pudesse mudar as coisas... - ela parou de falar, abandonando esse pensamento. - Mas ajuda estar por perto.
Eles não saíram da floresta naquele dia.
*****
Um barulho suave acordou Draco na noite. Na tenda, sob as dezenas de proteções que ele constantemente reforçava, nenhum som externo deveria tê-los alcançado. Mas então, enquanto seus ouvidos se esforçavam no silêncio ao redor dele, Granger soltou um suspiro trêmulo.
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Coisas Sem Remédio - TRADUÇÃO
Fiksi Penggemar- Você se lembra quando eu disse ao ministro que o vira-tempo não é uma arma? - Sim. - Eu estava errada. É uma arma. Nas mãos erradas, poderia... poderia destruir tudo. Já se passaram doze anos desde o fim da guerra. Dez anos desde que Draco Malfoy...