secret secret - minsung

fourteenth

Lee Minho POV

Acordei cedo que nem sempre, ao menos aliviado de ser sexta outra vez, poderia descansar no fim de semana e dormir a qualquer hora. Juntei meu material, escovei meus dentes e parti pra aula, já tinha tomado café da manhã e colocado a roupa.

Como fui um pouco ansioso, cheguei mais cedo que a maioria das pessoas e assim aproveitei pra ir pegar meus cadernos no armário. Não achei aquele que uso de diário dentro do compartimento, o que me deu certo desespero, até eu conferir o lugar que deixava tudo pra destrancar o cadeado, achando ele.

Coloquei na mochila pra levar pra casa, no fim de semana posso escrever mais e finalmente dormir até mais tarde, é disso que eu gosto, de ser livre e apaixonado. Fui pra sala e fiquei lá esperando as pessoas chegarem, o Ji tinha um rostinho preocupado mas não me atrevi a perguntar, na aula seguinte ele já parecia distraído e melhor.

O dia passou tranquilo apesar de eu ter que me despedir do esquilinho, segunda-feira estaremos juntos de novo e assim me aliviarei demais das saudades, por enquanto estou bem. Comecei a desfazer minha bolsa e peguei o caderninho, fui o colocar na mesinha do lado da minha cama.

Droga, não é meu.

O meu estava lá no lugar de sempre, e agora eu tinha dois iguais, não sei de quem é. Os armários próximos do meu é o de Jisung, do lado esquerdo, em cima é de uma garota do terceiro ano, e o resto eu não faço ideia, nunca vi alguém usando.

Se for dele, eu sei como devolver. Se não for, eu não posso fazer nada além de deixar no achados e perdidos. Bom, se eu conheço direito Jisung, quando eu abrir vai ter algum tipo de composição musical ou poema, que eu não acho boa ideia ler, mas pelo menos o primeiro só pra ter certeza.

Me sentei em minha cama e abri, óbvio que não ia encontrar nada na contracapa, hoje em dia as pessoas não sabem nem nomear as coisas mais, onde já se viu? Agora tem um sem noção chamado Lee Minho a procura de um dono sem nome.

"olá, leitor desconhecido.
ah, eu sonho que você seja minho, quem sabe eu poderia destruir toda essa mentira que construí pela nossa amizade, sem necessariamente ter que falar na sua cara.
não importa, eu amo o minho. hoje foi legal, sim, mas vai ser mais ainda! aqueles bobões combinaram de ir pra pracinha, então vou pegar minha bike amarelinha e ir buscar ele.
é surpresa, entretanto combinado. o min pediu pra ir com o chan, só que o chan queria ir direto de skate, então nem fazia sentido ele buscar o minmin, ou seja?! eu me ofereci!
pois é. vai ser uma decepção pra ele trocar o fortão do channie por mim, mas vou levar florzinhas da minha mãe, porque eu sei que ele gosta. espero que não seja estranho.
na escola a gente se evita muito quando estamos com os outros. não é por mal, acho que ele... tem vergonha? tipo, vergonha de demonstrar qualquer emoção, já que ele não faz isso com quase ninguém. eu não gosto muito de fazer isso na frente de pessoas estranhas, mas nunca vi problemas com nosso grupinho, até que somos respeitosos (na medida do possível, e sem incluir as piadas ofensivas completamente carinhosas).
só queria fazer ele se sentir mais confortável, e quem sabe hoje seja uma boa opção. uma plena segunda feira, primavera, 17h40 da tarde?
bom, nós. gosto de pôr do sol, gosto da minha bicicleta, gosto das flores, e gosto de minho.
queria poder mostrar à ele o quanto o amo."

Me assustei logo na primeira frase, "leitor desconhecido", é como se essa pessoa já esperasse por alguém. Entretanto, o que me fez arregalar os olhos e me chocar de fato foi meu nome lá. Seja quem for, deseja que eu o ame ou a ame, isso é assustador de início.

Droga. Eu pude confirmar que é o Jisung, pela bicicleta amarela. Como? Como assim ele escreveu sobre mim? Isso não parece uma letra de música, o que ele está fazendo? Mesmo que eu queira muito, não consigo parar de ler por nada.

Ele gosta do pôr do sol, gosta de sua bicicleta, gosta das flores que me deu e... Ele gosta de mim?! Tudo isso parece a mais pura mentira e brincadeira. Foi proposital? Talvez ele tenha deixado lá pra me zoar, é a cara do Hannie.

Como poderia mostrar que me ama se... Se nunca me disse isso? Jisung está me surpreendendo e... Eu vou surtar. É muita informação, e ao mesmo tempo, não é o suficiente. Eu devia confiar em uma página só? Eu não vou confiar em uma página só. Passei para a próxima.

"pelo menos eu posso te chamar de meu às vezes. meu hyung.
obrigado por um dia ao seu lado, adorei comer moranguinhos, mesmo que você ficasse que nem um doido julgando minha existência o tempo todo.
é muito pra mim. é muito pensar em você. é muito me preocupar se você tá dormindo direito. é muito me preocupar se você come direitinho. é muito tentar decorar tudo sobre você como se isso fosse mudar a nossa relação. é muito te ver em cada artigo fofo que olho, sejam acessórios ou desenhos. é muito te olhar todo dia e imaginar uma casa nossa, cheia de gatinhos. é muito querer morar no seu abraço.
sou um inquilino indesejado, eu sei. queria mesmo era o seu coração. quando deito no seu peito, sinto ele batendo. queria fazer parte disso. me sinto feliz com você e por você. não sei o que será de nós, mas sei que esse "nós" deveria ser eterno, é meu maior desejo.
obrigado, min, sua existência brilha na minha alma, me dá uma vontade de viver que você nem faz ideia.
eu te amo, senhor lee minho.

de: hannie (na voz dele) / para: min (na minha voz)"

"Meu hyung"? Han está queimando meus neurônios. Julgando a existência dele... Aqueles morangos me deixaram nervoso, isso sim, ele é tão lindo e não sabe disso. Eu durmo e como direitinho por ele... Como assim há tanta preocupação?

Uma casa nossa? Ele só pode estar louco, ou eu vendi minha alma pro diabo em troca disso. Gatinhos! Ele citou nossos gatinhos! Jisung deve ter se dopado de remédios antes disso, ele sabe que eu vivo pelos abraços dele... Não sabe? Nunca meu esquilo seria um inquilino indesejado, eu só quero abraçar ele o tempo todo!

Esse "nós" tem que existir pra sempre, Ji... Que minha existência te mantenha ao meu lado, Hannie, pois eu também te amo. Sou incapaz de pensar diferente, de negar meus sentimentos, e agora sim estou fodido.

Fechei o caderno por dois motivos, o primeiro é porque tudo que eu vou lendo aumenta mais a minha invasão de privacidade, e o segundo é que eu vou ter uma overdose de amor se continuar. Te vejo em breve, meu esquilinho.