twenty-third

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Han Jisung POV

Seis dias se passaram desde que fui na casa de Minho. A conversa foi assustadora mas teve um bom fim, e depois também ficamos no quarto dele fofocando e stalkeando pessoas da escola, jogando papo fora pra compartilhar um carinho físico ao dividir a cama e fazer cafunés.

Sinto falta e confesso. Porém, ainda que amasse isso, pedi pra gente fazer como a mãe dele queria. Eu iria conversar com meus pais ainda neste domingo e ser sincero. Por mais que não me sentisse preparado emocionalmente, me preparei fisicamente.

Peguei uma mochila velha minha e coloquei umas roupas, deixando ela no meu closet minúsculo/armário escondida pra caso de emergência. Sim, eu estava correndo esse risco imenso de ser mandado embora, então ajeitei tudo que podia pra evitar problemas depois.

minho hyung 💕
On

oi, minmin
eu vou falar com eles mais ou
menos 18h
você, de vdd, pode ficar aqui perto?
eu tô com medo. e não sei se vai
ser pior caso esteja dentro da minha casa.

Claro que sim, pequeno. Estarei na esquina da direita, tá bom? É
mais perto, caso alguma coisa
aconteça, eu estarei lá pra você
Não se preocupe com bens
materiais, ok? Se eles brigarem
com você feio, minha casa é sua
Você sabe, meu pai ainda tá se acostumando, mas ele não vai implicar com você eu juro, eu te protejo desse bobão
Eu te amo 💖 forças, tá, meu Jijico? Lembre que está fazendo isso
por você e por mim, pelo
nosso futuro.

obg hyung
te amo tb
dsclp n tô no melhor clima
pra ser romântico com você 🤡
mas juro q te amo mais q tudo
nessa vida 💕 cuida de mim

Deixei meu celular de lado e voltei pra realidade triste. Fiquei 1h simplesmente encarando meu teto e às vezes minha cama, preocupado de perder tudo isso. Eram coisas materiais e bobas, eu sei, mas sou apegado a memórias e consequentemente a objetos relacionados com elas. A fronha que eu usava, já tinha sustentado um Minho pequeno e frágil, chorando porque perdeu o jogo de vôlei.

Aquele edredom, já fez parte de minhas noites de filmes com os amigos (muito raras, porém existentes), meu teto ainda tinha estrelinhas de quando eu era criança e queria ser astronauta, meu armário por dentro possuía adesivos de cadernos antigos também, e minha mesinha da cabeceira estava acostumada a segurar meu rosto durante minhas madrugadas sonâmbulas.

- Pai... Podemos conversar? - eu bati suavemente na porta do escritório dele, o homem me deu a permissão silenciosa e assim eu sentei na cadeira da frente de sua escrivaninha, tremendo meus pés contra o chão.

- O que foi, Jisung? - parou de encarar a tela e me encarou, estava óbvio que eu não parecia bem, eu tinha certeza disso também.

- Eu queria falar algo sério mas... Não sei como dizer. - suspirei e encostei na cadeira, ainda tenso, minha coluna chegava a doer - Eu só preciso que me prometa que vai ouvir e respeitar o que eu quero dizer.

- Tá bom, filho... Desde que não tenha cometido um crime. - deu de ombros e riu suave, infelizmente sem me contagiar a fazer o mesmo.

- Eu amo um homem... Aliás, um garoto. - tentou se corrigir para não parecer que gostava de alguém muito mais velho, afinal isso erra mais preocupante.

- O que? Não brinca comigo... - riu achando que eu só zoava, mesmo com meus olhos cansados pela noite de choro no dia anterior e minha aparência apreensiva - Jisung? Oi? - seus olhos se arregalaram e eu quase chorei, por dentro eu tremia tanto que não sabia dizer nada.

Funguei sem chorar, procurando encarar seus olhos e me manter estável, não era bom dizer a verdade assim, mas ao mesmo tempo extremamente necessário.

- Caralho... - ele murmurou baixo, meio irritado também, abaixando o rosto e apoiando a testa nas mãos, tendo os cotovelos na mesa - Por que?! Sua mãe vai surtar! - rugiu para si mesmo, ou para mim, eu só estava muito em choque pra dizer algo.

- Me desculpa. - falei mais baixo que ele, engolindo seco meu medo e meu sofrimento - V-você... Você vai dizer pra ela? - suspirei sentindo meus olhos cheios d'água, eu queria sumir.

- O que você quer que eu faça? Que eu minta? - seu tom parecia bravo, entretanto eu queria imaginar que ele precisava me defender dela - Diz pra ela.

- E-eu...? Não posso, pai. - minhas lágrimas escorreram e eu continuei meio quieto - Ela vai me mandar embora...

- Não exagere. Não vou deixar isso acontecer, é demais. - provavelmente ele não gostava da minha homossexualidade também, apesar da aparência amigável - Me disse pra que eu fale com ela? - dava pra entender sua maneira grosseira de tentar ajudar, eu aguentaria.

- É... - funguei outra vez, levantando imediatamente - Posso sair...? Não vou aguentar ouvir o que ela vai me dizer. Não posso ouvir, já fui destruído demais até aqui pra isso.

- Não! Espera... - que droga, estar nas mãos dele por sua autoridade era péssimo - Fica aqui. - meu pai saiu da sala e eu voltei a me sentar, apoiei a testa em minhas mãos e esperei ouvir os gritos da mulher.

Meus olhos escorriam lágrimas silenciosamente, meus cílios tão molhados que eu sentia o rosto gelar, de longe gritos medianos ecoavam no térreo da casa e eram quase todos de minha mãe, pude ouvir seus passos ao chegar no escritório.

- Filho nenhum meu é bichinha! Seja homem, Han Jisung, diga que é mentira! - ela esbravejou contra mim, que não tremi no momento, me dava nojo a maneira como se expressava - Fale antes que eu te bata! - gritou outra vez, fazendo eu levar a mão até os ouvidos e os tampar, doía fisicamente.

- Para de gritar com ele assim. - meu pai pedia tentando superar o volume dela, algo quase impossível.

- Deixa ela... - sussurrei negando com a cabeça, só o suficiente para ele ler meus lábios e manter as mãos no braço da mais velha.

- Onde foi parar meu garotinho sonhador?! Que história é essa? Como pode querer me desonrar de tal forma? Eu que dei tudo pra você, a vida toda... Eu quero você feliz! Você e sua futura esposa! Por que matou meus sonhos? - seria triste ouvir tudo isso, se ela não estivesse falando de maneira escrota e homofóbica, especificamente.

- Porque eles são seus! Exatamente! Não é isso o que eu quero. - consegui dizer sério, levantando da onde eu estava, procurando por ajuda no olhar de meu pai, mas ele não sabia fazer isso - Eu tô saindo, porque eu não quero te ouvir gritando por horas com suas palavras sujas e insignificantes, como se eu fosse o pior filho do mundo por querer levar minha própria vida. - suspirei e me afastei da onde ela estava, ouvindo mais algumas palavras que pra mim eram desconexas - Eu volto quando der. - avisei não pra ela, só não queria ser um fugitivo exatamente e sumir no mapa, isso traria problemas pra todos nós.

 - avisei não pra ela, só não queria ser um fugitivo exatamente e sumir no mapa, isso traria problemas pra todos nós

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secret secret - minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora