secret secret - minsung

sixth

Lee Minho POV

Segunda-feira foi incrível, mas o resto da semana aquela chatice de sempre. O máximo de legal que fiz foi ver o Ji e escrever no meu diário, e agora eu tô entediado de novo. Hoje é sábado e sinto que não tenho nada pra fazer, além de tarefas, com as quais só me importaria amanhã.

Tudo bem, ver série ou filme romântico e chorar parece uma boa opção. Escrever cartas que ele nunca vai ler também parece uma boa opção. Acho que vou fazer os dois, em sequência, e assim posso ocupar muito do meu tempo.

Fui pra cozinha e fiz uma pipoca de micro-ondas mesmo, minha mãe estava dormindo em seu cochilo da tarde, meu pai trabalhando, meus gatos deitados comigo na cama e então isso é tudo o que tenho.

Voltei pra lá e ajeitei o pote perto do Soonie, que cheirou um pouco e ignorou, voltando a descansar. Estava meio friozinho então era gostoso ficar só deitado fazendo nada, eu entendia todos eles, menos Dori que tinha picos de energia e corria pela casa. Me lembra o meu esquilinho.

Por falta de opção, caí nos clássicos. Sim, eu fui assistir "Como Eu Era Antes de Você", e sim, eu nunca tentei ver por medo de ser triste. Pois é, era triste demais. Eu até chorei. Mentira, eu chorei horrores. O Doongie veio se esfregar em mim, querendo me ajudar.

O enredo era lindo, o amor dos dois, e a maneira com que se apoiavam da forma mais fofa e simples possível. A meia me trouxe memórias tão lindas, principalmente com Hannie, e daí tirei minha motivação.

Han Jisung, aquele que mais me conhece.

Infelizmente, não pelo fato dele ter interesse, já que eu que falo muito às vezes. Há muito tempo venho confiando no Jisung como um melhor amigo. A única coisa que ele não sabe sobre mim, é do meu amor por ele.

Pode não ser na melhor relação possível, porém o Han sabe me fazer feliz. Ele sabe do meu lanche favorito em cada lugar (tanto em barraquinhas quanto restaurantes de rede), sabe do meu refrigerante favorito, sabe dos meus animais favoritos (além de gatos, claro), sabe tudo sobre meus gatos e as personalidades dele.

Hannie também sabe que uso pulseiras por baixo dos meus casacos. Sabe que gosto de meias fofinhas mesmo em sapatos sociais. Sabe que minha mão esquerda é maior que a direita. Sabe que lixo minhas unhas quando estou nervoso. Sabe que gosto de beber leite puro.

O Ji também sabe que odeio beterrabas. Sabe que amo rosa, apesar de poder usar pouco. Sabe que cheiro flores (apesar de não saber que cheiro ele com a mesma intensidade) para decorar o aroma delas. Sabe que abriria mão de tudo pra viver no campo pra sempre.

Ele faz seu melhor por mim. Apesar de nunca ter convencido meus pais a me tirar da escola e me deixar ser feliz, ele já me construiu um terrário para que eu tivesse uma experiência em um ambiente completamente natural, mesmo que fosse dentro de um potinho de vidro que deixo na janela de meu quarto.

Ele me comprou todos acessórios mais "femininos" que tenho. Ele não liga pra essa idiotice de botar gênero em objetos, e muito menos eu. Hannie me contou que uma vez a mãe dele viu que ele tinha comprado presilhas na lojinha do nosso bairro, e pensou que ele estava escondendo uma namorada.

Eu ri, ri muito. Ri e deixei ele fazer trancinhas no meu cabelo, que tava meio longo, mas não muito, o suficiente pra ele prender a pontinha com a presilha amarelinha e fofinha que ele comprou. Foi um lindo dia, eu amei muito, cada segundo feliz ao seu lado vale por milhões de outros.

A coleção de pulseiras também é culpa dele! Guarda mesada o ano todo pra me arranjar coisinhas caras também. Eu entendo as presilhas, até porque são baratinhas, só que esse esquilo é doido e me compra pulseiras de prata!

Tudo bem que eu amo, principalmente as de borboletinhas. Tenho uma que elas são azuis, tem verdinhas, tem umas só douradas (diz ele que é banhada a ouro, não sei se confio), as somente pratas, e tem aquela que é estilo berloque, que eu tenho certeza que foi um rim pra pagar, ou ele dividiu em 12x.

Sim, eu fali meu melhor amigo. Aliás, eu fali o marido dos meus sonhos (pois é, eu sonho alto). Será que ele pensa que eu só valorizo dinheiro? Mas não fariam sentido as presilhas pequeninas que nem ele... Nem as flores que a dona Han cultiva... E muito menos os abraços quentinhos.

Tenho também os corações de origami. E os passarinhos de origami. Han Jisung adora coisinhas pequenas e fáceis de fazer, ao menos fáceis pra ele, então no tédio enche a própria mesa com papéis pequenos coloridos.

Depois enche a minha mesa. Quando eu vacilo dois segundos, nem que seja pra pegar um caderno na bolsa que tá no chão, levanto e vejo tudo cheio dos seus bichinhos e formas. Eu amo ele, amo muito, porém sempre xingo um pouquinho pra não perder o costume, e trago tudo pra casa.

Apesar de tudo isso, todas essas atitudes fofas dele, eu tenho medo de me iludir demais. Tudo bem que Jisung me trate bem o tempo inteiro, como uma pessoa educada isso faz parte do "normal", mas é inevitável comparar nossa relação com a dos outros.

Guardei o moletom dele segunda-feira nessa semana, hoje é sábado, eu ainda não tive a coragem de devolver. Tá com o cheirinho doce de avelã que só ele tem, eu não quero devolver assim, eu vou precisar lavar. Só que até eu lavar, eu preciso de coragem, então prefiro dormir agarrado nele.

É incrível poder ter um pouquinho do Hannie pra mim. Eu queria que fosse pra sempre assim. Em algum momento vamos nos separar e eu não estou preparado. Não consigo imaginar Jisung... Casando? Sendo pai? Tendo animais que não serão meus também?

Não que ele seja incapaz de nada disso, mas, no fundo, bem no fundo, sinto que deveríamos ser um do outro. Talvez em outro país, seríamos um do outro. Talvez em outra época, seríamos um do outro. Talvez em outros corpos, seríamos um do outro.

Seríamos. Eu quero que sejamos. Tudo bem, independente da minha alegria, torcerei pela dele para sempre. Meu pequeno esquilinho, meu Hannie, ao menos por agora. Por agora posso te mimar escondido, e por agora posso aceitar tudo que seu amor me entrega.

Carpe Diem... Ou como diria nossa professora de literatura: "aproveite o momento, pois o tempo passa rápido e a morte chega". Parece triste, e é, o que importa é que sempre foco na melhor parte. A parte em que posso carregar você. No momento. Na memória.

- Lee Minho.