012) Elos preciosos

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   Amigos. Família. São os elos mais fortes que existem, mas também os mais fáceis de se quebrar. Quando perdemos alguém, é como se toda a alegria desaparecesse diante de nossos olhos, mesmo que só por um momento. Olhei para o céu cinza, sentindo as partículas invadindo o ar em que respiro, meus pés estavam doloridos e as mãos murchas de frio.

— Maxine Mayfield foi uma amiga, irmã, e filha maravilhosa. — O orador dizia, diante de um caixão de madeira escura, com um belíssimo anel de flores em cima. — Uma perda tão jovem, mas com tanto significado... uma garota de personalidade forte, que deixava sua marca aonde ia.

De um lado estava Onze, Mike, Will, Dustin, suas famílias. Do outro a senhora Mayfield, Lucas, Érica, e seus pais. E não tão próxima deles, eu estava com Rick, Rosie, Steve, Katie, e meus pais. Seus rostos estavam todos entristecidos, encarei o chão, e me segurei no braço de Rick.

— A-a Max era uma boa... amiga. — Lucas ficou na frente de todos segurando um pedaço de papel, os lábios secos e as mãos trêmulas. Ele estava assustado. — Ela era perfeita. Nós discutimos algumas vezes, por motivos bobos, mas é claro que ela estava sempre certa. E eu errado.

Olhei para trás, Katie afundou o rosto no ombro de Steve, me senti triste por ela. Se eu estivesse lá, talvez nada disso aconteceria, talvez Rick continuaria bem, sem cicatrizes profundas... Lucas amassou o papel e começou a chorar, Mike, Will e Dustin foram até ele, e o abraçaram.

— Tudo bem Lucas... vai ficar tudo bem.

— Não. Não. A Max morreu! — Ele se afastou. — E o que ela ta fazendo aqui? É tudo culpa sua! Vai embora!

Ele apontou para Katie, logo atrás de mim. A garota olhou em volta, assustada com todos os olhares, e virou-se.

— Kat! Espera! — Steve foi atrás da namorada.

— Do que ele ta falando? — Rosie sussurrou ao meu lado, Rick negou, não queria criar mais confusão.

— Vamos prosseguir. — O orador foi à frente.

Katie saiu caminhando rapidamente diante de todos os túmulos envelhecidos, flores secas e árvores esguias. O ar seco sobrava em seus cabelos, enquanto seu rosto fervia de culpa.

— Kat! — Steve chamou, correndo atrás da namorada. — Espera! Freyer!

— Por que ainda está aqui? Eu sou culpada! Não está vendo? Sou um monstro! — Gritou, apontando para a direção do enterro. Steve levantou as mãos, tentando acalma-la.

— Não é culpa sua.

— E-ele entrou na minha cabeça, me fez fazer coisas! E-eu perdi o controle. — Seu coração estava acelerado, o peito subia e descia de forma desregulada, Steve a abraçou usando a força para acalma-la. — Me solta! Eu sou um monstro!

— Para, para! Kat. Para com isso. — Katie conseguiu se afastar, Steve insistiu. — É isso que ele quer, não percebe? Não é culpa sua.

— Fica longe Steve, ou vou acabar te ferindo também. — Ela se afastou, e deixou o namorado, que a seguiu com os olhos para longe, até desaparecer.

— Ela sente muita culpa. — O assustei, Steve olhou em volta, se dando conta de que o enterro já havia se encerrado. — Vai passar, nós só temos que acabar com o Vecna, antes que o pior aconteça.

— É. Tem razão. — O garoto encarou as folhas secas no chão.

— Vou atrás dela, não precisa se preocupar. — Tentei aliviar sua tensão após a discussão, Steve notou que as pessoas já estavam indo embora do enterro.

— Você não vai a lugar nenhum sozinha. — Robin abraçou Steve pelas costas, indicando que todos em volta iriam juntos. — Qual é Emma, olha a cara de apaixonado dele, vai mesmo tirar a chance do Steve Harrington de exibir seu charme?

Garota Estranha, Stranger ThingsOnde histórias criam vida. Descubra agora