012) Fuga improvisada

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Entrei no quarto angustiada, paranóica, caminhando de um lado para o outro no quarto.

- Ele sabe. Merda, e se ele souber?! - Dizia, puxando os cabelos, ele não sabe. - Cala a boca. Quieta!

Calei meus pensamentos, queria poder ajudar, influenciar ela.

- Se ele souber, eu mato ele. Sem papai para a pequena Emma.

Uma lágrima escorreu, a limpei, poderia jurar à ela de que ele não sabia. Não seria o suficiente.

- Dormir. É melhor dormir. - Ela deitou-se na cama e se cobriu, como uma boneca, sem sentimentos. - Bons sonhos Emma.

Quando acordei, estava descendo as escadas, fui até a cozinha e peguei uma faca de carne. Não! O que pensa que está fazendo?!

- Quieta! Cala a boca! - Sussurrou alto, tentei soltar a faca, estava presa como cola em minhas mãos.

Caminhei até o quarto do meu pai e fui até a cama, era difícil levantar a mão, mas com relutância o fiz, esfaqueei a cama, ele não fez som algum, quando tirei o cobertor não havia ninguém, esperto.

Senti meu pai me pegar e tirar a faca da minha mão, não tinha forças contra um adulto com o dobro da minha altura.

- Quem é você? Onde está a minha filha? - Gritou me segurando, tentei me soltar enquanto gritava feito animal.

- Papai! Está me machucando! Sou eu, por favor não me machuque! - Gritei alto tentando me soltar.

- Qual é o nome da sua mãe? - Ela não respondeu, estava desesperada. - Quem são seus amigos?

- Will Byers! Will Byers é meu amigo!

- Os sobrenomes? Mike, Jane, Max, Dustin, Lucas? Quais são seus sobrenomes?

- Eu não sei! Me solta! - Gritei, mordi sua mão, ele conseguiu aguentar até o sangue escorrer.

Quando me soltou, corri para a janela, passei por ela e desci, corri para a floresta o mais rápido que pude, já distante da casa parei para recuperar o fôlego.

- Para onde? Um lugar seguro! - Gritei, ela estava procurando, não. - Dustin.

Dustin, quando dormi em sua casa, não era seguro, ele estava correndo perigo agora e era culpa minha... caminhei até sua casa, meus pés doíam, estava descalço e com frio.

Quando cheguei na sua casa, estava tudo escuro, com exceção da varanda. Fui até a porta e me ajeitei, tirei algumas folhas do meu cabelo, e bati na porta.

- Querido, atenda a porta para mim, estou ocupada terminando o jantar! - Ouvi sua pobre mãe dizer.

- Que docinho. - Sorri, sua voz era fofa, como resistir a mãe gentil de Dustin.

Me encolhi, estava frio e meu corpo instintivamente estava começando a sentir, Dustin abriu a porta surpreso com a minha visita.

- Emm? O que está fazendo aqui? Não acha que está meio... tarde?

- E-eu briguei com meu pai, pensei que pudesse ficar aqui, sabe? Como da última vez. - Me abracei e olhei para a rua escuro. - Por favor.

- Ta bom, entra. - Ele me levou até a cozinha. - Mãe, essa é a Emma, ela vai ficar aqui hoje.

- Oi querida! Chegou na hora do jantar! - Ela dizia animada.

- Estou faminta. - Sorri acariciando o estômago.

- Eu imagino querida, está tão pálida. - Ela apertou minha bochecha, e tomou um susto com o frio.

- Dustin ela está congelando!

- Vamos Emm, vou pegar umas cobertas. - Dustin me levou até seu quarto.

Sentei-me na cama, quando Dustin deixou o quarto, seu rádio ligou, havia apenas chiado até estabelecer conexão.

- Dustin? Dustin está aí? É a Emma. Temos um problema. - Mike estava tentando avisar o amigo. Eles sabem.

Desliguei o rádio antes do pior, Dustin não precisava saber ainda, o escondi em baixo da cama antes dele chegar.

- E-eu vou dormir no chão desta vez. - Ele dizia.

- Desta vez?

- Sabe, minha mãe sabe que você está aqui, ela pode entrar e... você sabe o resto. Não quero ficar de castigo. - Explicou. Sorri, surpresa com o acontecimento.

- Entendi, poxa. Que pena.

- Crianças, o jantar está pronto! - A mãe de Dustin nos chamou.

Ele riu, meio sem jeito, fui até a porta e percebi que ele havia ficado.

- Pode ir, vou arrumar tudo para você dormir. - Respondeu, assenti e fui até a sala de jantar.

Desci e me juntei a mãe de Dustin na mesa, ela estava colocando a comida em vasilhas de vidro, o cheiro de carne vermelha era delicioso, no ponto perfeito.

Enquanto encarava a mãe de Dustin como o meu jantar, o garoto se perguntava o que estava errado, porque eu havia ido visitar ele tão tarde. Brigar com meu pai? E fugir no meio da noite? Não pareciam coisas que eu faria, e eu também parecia não lembrar da noite em que dormimos juntos. O que para ele havia sido algo importante, enquanto pesava, tropeçou no rádio em baixo da cama.

- O que? Eu não coloquei isso aqui. - Dustin analisou o rádio e o ligou. - Alguém?

- Cara! Que merda! Por que não responde? - Mike gritou furioso, Dustin baixou o volume do rádio.

- Desculpa, a Emma veio para cá e acabei esquecendo do rádio. - Ele dizia quando Mike o interrompeu.

- Ela o que? Segura ela aí! Estamos indo!

- Do que você está falando? Mike? Mike! - Chamou, Dustin estava demorando, fui até seu quarto chama-lo.

- Dustin, está tudo bem? - Perguntei, perto da porta.

- Você não é a Emma. - Dustin alcançou um taco. - O que fez com a minha amiga?

- Calma aí amigão. Por que não seria eu? - Me aproximei devagar. - Acho que você não está bem Dustin, qual é, depois da noite que passamos juntos.

- Se afasta ou...

- Ou o que? Ambos sabemos que não vai me machucar. Emma pode não sentir, mas eu sinto. - Estava cada vez mais perto dele.

- Sentir o que?

- Qual é Dustin, você a ama, e não é apenas como amiga.

- Cala a boca!

Sorri, agora ele estava na minha mão, os sentimentos nos tornam mais fracos, Dustin estava rendido por seus sentimentos.

Garota Estranha, Stranger ThingsOnde histórias criam vida. Descubra agora