001) Um lugar seguro

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𝔼𝕞𝕞𝕒 𝕁𝕠𝕙𝕟𝕤𝕠𝕟

   Estou em uma sala completamente branca e sem som, com apenas uma porta fechada, minha visão está turva, em meio a flashes estou encolhida no chão me escondendo entre meus joelhos, dois homens de branco entram junto de outro com uma prancheta em mãos.

— Peguem ela. — O da prancheta diz, os dois homens vem em minha direção.

— Onde está o pai? E-eu quero ver o meu pai! Não! — Começo a gritar, assustada.

 Um dos homens puxa uma injeção com um anestésico, ele Injeta direto em meu pescoço que me faz apagar. Quando acordo, estou em uma cadeira com minhas mãos e pés presos e uma mordaça em minha boca, estou presa como um animal, nunca senti meu coração acelerar tanto, o homem com a prancheta está ao meu lado anotando algo o encaro com ódio, tudo que quero é vê-lo sofrer.

— Que bom que acordou, podemos começar. — Ele faz sinal com a cabeça para outro homem. — Pode doer um pouquinho.

 Ambos sabemos que nunca é tão pouco como  dizem, de repente sinto uma dor insuportável em minha cabeça, em meu cérebro, parece que tive meses de enxaqueca em apenas uma vez. Começo a gritar enquanto mordo com toda força a mordaça em minha boca, tudo que eu quero é que acabe logo, independente se vou sobreviver ou não. Acordo gritando alto, ouço o freio do carro rasgar contra a estrada, meu pai coloca as mãos em meus ombros tentando me trazer de volta.

— Ei, calma! Foi só um pesadelo! Está tudo bem Emma. — Dizia com sua voz calma, eu não estava nada bem então ele tentava manter a calma por nós dois.

— Eles... a sala branca! — Disse para ele voltando à realidade e finalmente percebendo que não se passava de um pesadelo, não estava mais lá.

— Não está mais lá! Estamos bem longe, seguros agora. — Meu pai dizia, o abracei forte. — Para onde estamos indo?

— Hawkins, Indiana, acho que é um lugar seguro para você... para nós. — Dizia de olhos na estrada novamente. — Quer me falar do seu sonho?

— Eles... — Encarei a estrada, relutante em pensar nos detalhes, na dor. — Me machucavam naquela... cadeira elétrica.

— Sei que é quase impossível esquecer o que aconteceu com você lá, mas não vou deixar que façam isso novamente.

 — Promete?

— Sim, prometo minha pequena. — Assim que chegamos, o ajudei a recolher as caixas da mudanças.

— Eu gosto daqui, me parece legal. 

— Ficaremos por aqui enquanto for seguro, pode arrumar seu quarto enquanto faço o jantar. — Respondeu.

 Concordei, meu pai era como meu cão de guarda, ele sabia cuidar de mim muito bem. Era tarde da noite quando chegamos à nossa casa nova, que por sinal era linda e tinha dois andares, não me importei com a mochila pesada em minhas costas, entrei na casa e corri até o segundo andar. Ele me deixou escolher o quarto, havia um em especial, por hora estava vazio mas eu podia imaginar futuras decorações a partir daquele vazio, joguei a mochila no chão e me joguei na cama olhando para o teto.

— Emma! O jantar está pronto! — Desci as escadas e fui até a cozinha, sentei-me perto da mesa.

— O que achou? —  Perguntou-me enquanto eu me servia.

— É perfeita papai. — Disse enquanto enrolava o macarrão requentado no garfo, perguntei quebrando o silêncio enquanto comíamos. — Posso ir à escola? Sabe, o senhor disse que aqui é seguro para nós e...

Garota Estranha, Stranger ThingsOnde histórias criam vida. Descubra agora