009) Will Byers, o herói

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   Acordei sozinha, com o Sol entrando pela janela do quarto, estava quase me esquecendo de como era o dia ensolarado. Procurei por Dustin em seu quarto, nada, estava prestes a sair pela porta quando ele entrou.

— Ei, calma, estou aqui.

— Quanto tempo eu dormi? Dormi muito?

— É nove da manhã, está tudo bem, até que acordou cedo. — Disse olhando no relógio.

— Nove? Temos que ir! — Respondi indo até a porta, Dustin me segurou.

— Espera aí, vamos comer algo antes, Emm, você tem que ir com calma. Acabou de voltar. — Dustin conseguiu me parar, ele tinha razão, havia acabado de voltar.

— Está certo. — Concordei, afinal, meu estômago estava roncando.

 Dustin me arranjou uma tigela com cereal e leite, depois de comer tomei uma latinha com refrigerante e fomos até a casa de Mike.

— Pessoal, temos que procurar o Will. — Pedi no rádio, enquanto íamos de bicicleta até a casa dos Wheeler.

— Venham para cá, On está procurando ele... — Mike respondeu.

— Emm, Will também é meu amigo, mas não acha que devemos esperar um pouco? Você não está...

— Eu já estou bem Dus, é sério, por que quer tanto esperar? Se ele é tanto seu amigo, devia ser o primeiro a ir atrás dele. — Repreendi, estava cansada de me impedirem de agir, Will estava em perigo e só eu sabia do que o Devorador de Mentes era capaz, principalmente depois das visões.

 Fomos até o porão dos Wheeler onde o grupo estava reunido, Jane estava no chão novamente, com uma faixa em seu rosto. Então foi assim que ela me encontrou... o nariz estava sangrando.

— Onde ele está? — Perguntei baixo, Mike veio até mim.

— Na escola, preso no Mundo Invertido.

— Temos que ir, sei como chegar lá.

 Pegamos as bicicletas outra vez, guiei até o portal no lago que ficava na fronteira da cidade, um lago que mesmo dia era escuro com uma luz vermelha iluminando o fundo.

— Nunca vi um portal tão longe da cidade. — Dustin dizia, ofegante por ter me carregado tão longe, em sua bicicleta.

— Disseram algo para a mãe dele? A essa altura era para a polícia estar atrás dele, como o meu pai fez. — O meu pai... colocou muito mais que a polícia atrás de mim.

— Temos tempo, mas não muito. Disse à ela que Will dormiu na minha casa ontem. — Mike respondeu.

— Preciso que esperem aqui, caso algo dê errado. — Disse tirando meu casaco, Mike concordou.

— E se você não voltar? — Dustin perguntou.

— Vocês tem a On, ela pode nos ver enquanto tudo estiver indo bem... caso contrário, e-eu não sei.

— Vamos atrás de vocês. — Max segurou meu braço, concordei.

— Se algo acontecer... vocês são minha família.

— Nada vai acontecer. — Jane disse séria, concordei e mergulhei no lago.

 Vamos lá Emma, mais uma vez, seja forte só dessa vez. A água era fria como gelo, cada vez que chegava mais perto do fundo parecia estar perto da superfície, atravessei o portal e sai da água de volta ao Mundo Invertido.

— Eu voltei. — Olhei em volta, o céu vermelho e a maldita tempestade interminável.

*

— Ela não vai sobreviver se ficar lá por muito tempo, e se ele encontra-la? E se a possuir como fez comigo... — Will dizia enquanto caminhava pela floresta, ele estava decidido a me trazer de volta.

 Depois de alguns minutos na floresta o garoto encontrou uma passagem por uma árvore, estava com receio de entrar mas era o único jeito, desta vez ele poderia ser o herói e não a vítima. Will atravessou-o e saiu direto no Mundo Invertido, era assustador estar de volta, o céu vermelho e as tempestades... decidido, ele foi até a casa dos Johnson.

— Emma? É o Will! Vim te salvar! Emm? — Chamou, mas foi diminuindo o tom de voz quando notou, que poderia ser perigoso chamar por mim.

 Som altos vieram do andar de cima, poderia ser eu, ou não. Will se escondeu atrás do sofá da sala e a coisa desceu as escadas, um Demogorgon. No mesmo instante o garoto se abaixou, o Demogorgon caminhou de forma esquisita pela casa, provavelmente procurando por Emma, foi o que Will pensou, a comando do Devorador de Mentes.

 Will conseguiu sair da casa pelos fundos, ele foi de forma rápida e silenciosa até a escola, foi o último lugar aonde os dois jovens haviam se falado e de lá, também poderia tentar se comunicar com seus amigos, ter notícias. 

 Quando chegou perto do prédio, avistou o Devorador de Mentes sobre a escola, no mesmo momento se escondeu, ele parecia distraído com outra coisa. Will conseguiu entrar e procurar pela garota pelos corredores, sussurrava baixo seu nome.

— Emm? Emma! — Chamava, Will ficou em silêncio, tentando ouvir qualquer coisa, estava tudo quieto mas ele tinha um péssimo pressentimento sobre isso.

 De repente uma tempestade preta entrou pelo corredor da escola, Will correu até a porta de saída e acabou batendo de frente comigo, ver seu rosto mesmo que assustado me aliviou.

— Corre! — Ele gritou e puxou meu braço, Will fechou a porta e encostou-se nela.

— Te encontrei! — O abracei aliviada.

— Eu te encontrei. — Ele me corrigiu, era uma longa história para contar agora.

— Primeiro saímos daqui, depois nos falamos. — Expliquei e puxei seu braço.

 Will concordou, corremos pelo campo aberto da escola, a tempestade de fumaça arrebentou a porta da escola e veio até nós, era fácil nos alcançar, parei sentindo uma forte dor de cabeça, era ele querendo entrar novamente.

— Emma! Temos que ir! — Will parou de correr, e voltou para me ajudar.

— Sai da minha cabeça! — Gritei, era o mundo dele, e eu estava fraca demais para lutar outra vez.

 O Devorador de Mentes nos cercou, não ia deixar que nada acontecesse ao Will, ele não tinha os mesmos poderes que eu para lutar contra o rei deles, segurei o braço do garoto e o apertei forte o suficiente para marcá-lo.

— Emma! — Will gritava tentando soltar minha mão, estava machucando-o.

 O joguei para trás de mim e criei um tipo de escudo em volta do seu corpo, ou era ele ou eu, o protegi me colocando em seu lugar, toda a fumaça que nos cercava se juntou e me atacou, não senti nada além de um frio interminável. Will estava no chão, gritando, aterrorizado, mas ao menos estava seguro.

Garota Estranha, Stranger ThingsOnde histórias criam vida. Descubra agora