009) Cidade amaldiçoada

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   Hunter engoliu em seco, notei em sua respiração que estava assustado, começou a pensar em todas as possibilidades e motivos de eu estar ali, sabia que agora não apenas eu, como Abby também corri perigo, já que minha saúde mental não estava tão boa.

— E-eu... preciso de você, está bem? Não consigo fazer isso sozinha.

Hunter assentiu com a cabeça, passei por ele e caminhei em direção a casa, Abby brincava com suas filhas no quarto de brinquedos quando ouviu a campainha tocar.

— Esperem só um pouquinho. — A mais velha disse, e foi até a porta, conseguia sentir seus passos se aproximando. Senti minha boca ficar seca, e o coração acelerado. Quando Abby abriu a porta, se viu confusa ao ver dois jovens adolescentes. — Posso ajudar?

— Oi. — Congelei, o cumprimento saiu seco, estava tão nervosa que minha visão ficou turva por alguns segundos. — E-eu...

— Desculpe incomodar senhora Dempsey, é que eu e minha irmã fomos até a prefeitura mais cedo, e o senhor Dempsey está tão ocupado. Vim pedir para a senhora assinar nossa lista de exigências na escola, quem sabe assim a coordenação nos dá uma atenção especial. — Estranhei o desvio do assunto, Hunter estava querendo iniciar uma discussão de forma passiva.

— A senhora pode me ajudar? — Pedi, ele engoliu em seco.

— B-bem eu, estou ocupada agora, e isso é com o meu marido. — A mulher disse quase fechando a porta, segurei com minha mão.

— A senhora conhece o doutor Martin Brenner? — Sua expressão mudou levemente para surpresa, ela o conhecia, consegui ver em seus olhos.

— Não sei do que está falando. — Ela forçou a porta contra minha mão, ela sabe. — Por favor, saiam da minha casa!

A empurrei para dentro da casa, a mulher recuou, Hunter parecia assustado com minhas ações, a Emma de meses atrás não faria isso. Mas eu estava magoada demais para agir de forma amigável.

— Oi mamãe. — Disse, me aproximando dela, minha intenção era intimidá-la e por algum motivo fazia me sentir bem.

— E-eu não entendo, o doutor disse que nunca mais a veria na minha vida.

— O papai mente muito. — Retruquei, ela recuou, negando cada palavra. A semelhança entre nós duas era notável, o cabelo escuro, os olhos bem azuis.

— Emm, vai com calma, está assustando ela. — Hunter segurou meu braço, me soltei.

— Não tem nada para temer, se me contar a verdade. Afinal foi ela que me entregou para ele.

— Escuta, você não é minha filha. Eu te entreguei porque queria que ele desaparecesse com você! — Praguejou, paralisei com suas palavras, incrédula com a resposta.

— Mentirosa! — Gritei, Hunter tentou me segurar outra vez, o empurrei com força usando meus poderes para apaga-lo.

— Meu deus! — Abby gritou e correu até o quarto de brinquedos, a segui, quando abri a porta, a mulher estava abraçada as suas duas filhas pequenas. As desmaiei com um simples olhar, Abby nunca se viu tão desesperada. — O que fez com elas?! Penny?! Josie! Acordem!

— Elas estão bem. Só dormiram. Escuta, e-eu não quero te machucar, só quero saber a verdade.

— Não tem verdade, você não é minha filha! — Gritou, segurando as pequenas garotinhas em seus braços, o rosto estava molhado de lágrimas quentes.

Recuei, confusa e com raiva, queria não conseguir deixar as emoções me guiarem no momento, mas precisava saber a verdade, estava muito longe para decidir, olhei em volta tentando segurar o choro. Abby abraçou firme suas filhas, acariciando seus rostinhos adormecidos, apertei os punhos e fui até a mais velha, segurei seu rosto e a fiz encarar meus olhos.

Garota Estranha, Stranger ThingsOnde histórias criam vida. Descubra agora