015) Sensações, emoções, amigos

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   Em choque, era como todos estavam agora, o meu corpo estava no chão, congelado. Todos ficaram parados por um instante,  o banheiro e o corredor nunca foi tão silencioso, com exceção do choro abafado de alguns jovens.

— Não! — Jane gritou, ela usou o poder contra meu peito fazendo-me cuspir toda a água para fora.

Meu pai me ajudou, agradecido por Jane ter me ajudado, e me abraçou forte como se não fosse me deixar escapar.

— Papai, o que aconteceu? — Perguntei em seus braços.

Os outros vieram me abraçar, com cautela, ainda estava me recuperando, vencemos, não acredito que vencemos. Me troquei e meu pai fez questão de me servir uma bebida quente enquanto repousava na cama.

— Emm, estamos tão felizes que você está viva. — Max dizia emocionada.

— Foi graças a On, se ela não tivesse explodido, Emma poderia estar morta. — Mike acrescentou.

— Obrigada On. — Agradeci. — Não era eu, vocês sabem disso não sabem?

— Nós sabemos Emm, não se preocupe. — Will disse e segurou minha mão.

— E-eu sinto muito por tudo, não queria ter machucado ninguém.

— Está tudo bem querida, sabemos que nunca faria isso. — Meu pai entrou no quarto.

— E-eu vi tudo que ela fez, estava presa lá, como se estivesse assistindo um filme.

— E a quanto tempo não era você? — Will perguntou.

— Uns dois dias eu acho, e-eu não sei, mas foi horrível. Me sentia no meu corpo, mas não tinha o controle. 

— Não fique pensando nisso querida, pode descansar agora. Nos conseguimos. Vencemos. — Meu pai disse, sorri. — Certo pessoal, acho que hora de deixar a Emma descansar.

— Sério pai? Eu sei que o senhor tem medo, mas, só queria aproveitar o tempo com meus amigos.

— Cuidamos dela Sr. Johnson. — Will explicou.

— Vocês podem ficar aqui, jogar alguns jogos de tabuleiro...

— Queríamos ir ao fliperama. O senhor poderia nos esperar bem na frente, ou sei lá, como achar melhor. — Mike sugeriu.

— Está bem. Cuidado, por favor. — Ele implorou e me deu um beijo na testa.

Levantei de onde estava, meu pai tinha receio em me deixar sair de novo, tinha medo de me perder.

— Ei, eu volto. — Avisei, meu pai segurou minha mão e então concordou.

Saímos de casa em nossas bicicletas, fomos até o fliperama, Will me deu carona em sua bicicleta, era bom sentir o vento em meu rosto outra vez. Ter sensações reais, sensações minhas. Quando paramos, os meninos entraram, Dustin veio até mim e me assustou, ele queria conversar a sós.

— O que foi Dus?

— Emm, você lembra de quando estávamos no meu quarto? — Ele perguntou.

— Quando eu estava... lembro. Por quê?

— Você... quer dizer, não era você, mas ela disse que... eu pensei que soubesse que eu. — Ele dizia, segurei seu ombro. Era algo sobre seus sentimentos, Dustin estava apaixonado por mim, me lembro bem da conversa.

— Dus, você é meu melhor amigo, é um garoto incrível, e eu não disse nada com medo de te magoar. Tenho certeza de que vai encontrar uma garota tão incrível quanto você! Ela está por aí, esperando para te conhecer.

— Saquei. — Ele baixou os ombros, como se toda sua animação fosse embora.

— E-eu gosto do Will. Nós temos... — olhei para o garoto pela janela, ele estava sorridente assistindo aos amigos jogar. — Temos alguma coisa. É complicado.

 Ele concordou, o abracei, Dustin retribuiu. Avistei meus amigos se divertindo no fliperama e tive uma ideia para deixá-lo menos desanimado.

— Por ser um ótimo amigo, acho que merece uma recompensa. — O puxei pela mão até a máquina, Will notou nossa presença e sentiu um leve ciúmes. 

— Agora, deixem-me mostrar pra vocês quem é o melhor nesse jogo. — Lucas foi à frente.

— Aposto que o Dus ganha de você. — Disse, ele virou para mim e me encarou como um desafio.

— Quer apostar?

— Cinco. — Coloquei cinco dólares sobre o fliperama, ele encarou a aposta como se fosse ouro.

— Emm, e-eu não sou tão bom. — Dustin sussurrou no meu ouvido.

— Fechado. — Lucas colocou mais cinco dólares. — Vai lá, meu lorde.

— Confia em mim. — Sussurrei, Dustin engoliu em seco.

 Ele começou a jogar, manipulei o jogo com meus poderes para que pudesse alcançar facilmente o placar de Lucas, o garoto ficou boquiaberto com o novo recorde, Jane e eu batemos as mãos como um cumprimento, ela sabia o que eu havia feito. Ele venceu, e ficamos com os dez dólares, compramos refrigerantes e doces, fui para fora pegar um ar e come os doces, tudo estava tão quieto, com exceção dos jogos ao fundo e as luzes neon do fliperama.

— Legal o que você fez pelo Dustin. — Will me assustou, ele veio até mim e sentou-se do meu lado.

— Estava devendo essa, sabe, ele foi um bom amigo. — Expliquei e bebi o refrigerante.

— O que faz aqui fora? — Will olhou em volta, a estrada e as bicicletas estacionadas.

— Pegando um ar, apreciando a noite, não sei. — Dei de ombros e encarei o céu, ficamos em silêncio até terminar de tomar o refrigerante, Will segurou minha mão. — Will, obrigada.

— Pelo que?

— Por tudo, o que todos fizeram por mim, muito obrigada. 

— Emm, você é muito especial para todos nós. 

— E para você? — O encarei, a troca de olhares o deixou sem graça.

— Para mim?

— Eu sou especial para você?

— Emma e-eu... — ele estava completamente envergonhado, segurei o seu rosto e o beijei, outra sensação que sentia falta, seus lábios.

— Você gosta de mim? — Completei, ele sorriu com os lábios avermelhados e assentiu, Will segurou meu rosto para me dar outro beijo.

— Ei Will, o Dig Dug ta liberado. Max guardou para nós! Vamos. — Lucas nos chamou, Will me puxou pela mão para dentro do fliperama.

Garota Estranha, Stranger ThingsOnde histórias criam vida. Descubra agora