003) O porão de ratos

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   De repente eu estava lá novamente, naquele lugar frio, molhado e vazio, onde só conseguia ouvir a tempestade.

Emma olhou para suas mãos, que tremiam, de repente começou a ouvir passos, parecia um grupo, mas não conseguiu ver nada, nem ninguém...

— O que você quer? — A voz de um homem ecoou alta pelo lugar vazio, parecia de um homem, ela não tinha certeza. De repente alguém puxou seu ombro, era uma versão dela mesma.

— Não. — Ela disse assustada, para si mesma, seria ela outra vez? A sua versão má? Mas desta vez... tentando ajudar de algum modo? A sua versão a empurrou, fazendo-a bater forte no chão e acordar no seu quarto, gritando.

— Pai! Papai! — Emma começou a gritar, as lágrimas escorriam pelo seu rosto, como em um dia de chuva, uma lágrima atrás de outra. Grace entrou no quarto desesperada, correu para ajudar a garota, ela sentou na cama e a abraçou.

— Foi só um pesadelo querida, vai ficar tudo bem. — Ela dizia, enquanto Emma a abraçava com força.

Katie apareceu na porta, com o rosto inchado de sono, preocupada pela meia-irmã. Grace pediu pra ela sair, demonstrando que estava tudo sobre controle, levou minutos para a mais nova se acalmar.

— O seu pai teve que cobrir o turno da noite hoje... sinto muito ele não estar aqui querida. — Grace dizia arrumando o cobertor da garota.

— Me desculpe se eu te assustei. — Emma disse, sentindo-se culpada.

— Tudo bem. Eu tenho alguns pesadelos também, quer me falar sobre ele? — Perguntou, arrumando o cabelo da protegida, ela aceitou falar.

— E-estava frio, escuro, e-eu... senti como se algo ruim estivesse acontecendo com alguém, em algum lugar. Foi quando eu a vi. Grace, quando ela tocou em mim... caí sentindo uma agonia enorme. Era como a própria escuridão.

— Sabe, alguns pesadelos acontecem para nos deixar mais fortes. — Ela disse e tocou no nariz da garota, Emma sorriu com sua imagem, lhe trazia conforto. — Acha que consegue dormir de novo?

A mais nova assentiu, Grace deixou um beijo em sua testa, e desligou a luminária ao lado da cama.

— Boa noite.

A garota a seguiu com os olhos até sair pela porta, e fecha-la, trazendo o silêncio de volta. Depois de um tempo com os olhos bem abertos, conseguiu dormir novamente, desta vez sem pesadelos.

Quando acordei, tudo parecia normal, o Sol entrava pela janela aquecendo o cômodo, lembrança de que nada iria voltar a como era antes. Quando ele estava aqui, nada de pesadelos, nada de escuro, então deixei esta memória passar, só desta vez poderia ser fruto da minha imaginação.

Emma levantou e vestiu-se, seu corpo estava dolorido, resultado da noite mal dormida. Depois de fazer sua higienes e um penteado mal elaborado, desceu as escadas para tomar café-da-manhã.

— Bom dia. — Grace disse da mesa, quando a avistou descer. — Então, nada de pesadelos?

— Pesadelos? — Clarke entrou em seu campo de visão, com uma caneca com café em uma das mãos, preocupado. Emma negou em resposta a pergunta da madrasta.

— Emm acordou agitada no meio da noite, mas foi só um pesadelo, está tudo bem agora.

— É pai. Nada demais. — A filha concordou com a madrasta, esta concordância trazia conforto ao pai, ele decidiu acreditar em ambas, e apenas assentiu dando um belo gole em seu café matinal.

— E como foi ontem? As boas-vindas pro Dustin?

— Dustin nos fez ir até o Topo do Vento, para tentar entrar em contato com a namorada pelo rádio, mas estava muito tarde, Will me trouxe até em casa.

Garota Estranha, Stranger ThingsOnde histórias criam vida. Descubra agora