5-Megan

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    Fogo por todos os lados, a fumaça queimava meus pulmões e borravam minha visão. Os gritos não paravam eu tinha que seguir, salvar eles, isso tudo é culpa minha e ninguém deveria morrer pela minha estupidez.

     -MEGAAAANNN!!! SOCORRO!!

Era Agatha, sua voz estava perto eu quase conseguia vê-la, não, não, não. Ela estava ali bem na minha frente, seu rosto coberto de sangue e o corpo em chamas.

     -Por que você fez isso comigo, Megan, sempre foi uma estúpida mesmo e ainda achava que eu poderia gostar de você?- Sangue escorria de sua boca enquanto falava- Desista inútil, você merece queimar sozinha pelo que fez com todos ao seu redor, ELES TINHAM UMA VIDA ANTES DE VOCÊ ESTRAGAR TUDO!

Então sua voz falhou e seu corpo começou a convulsionar até a morte. Ela estava certa eu havia matado pessoas como alguém como eu merecia a vida? As chamas de repente pareciam um caminho tão acolhedor, era só ir que tudo acabava, a dor, as perdas, a culpa.

Caminhei em direção às chamas incontroláveis esperando pelo meu fim, quando meus olhos se abriram e eu me deparei com um teto braço familiar. Foi um sonho, mais um maldito sonho.

Eu estava na familiar enfermaria da Ordem deitada sozinha em uma das camas com tubos e agulhas ligados no meu braço. Devia ser tarde da noite já que a Ordem estava silenciosa.  "LEVANTE-SE" uma voz gritou em minha mente e meu corpo obedeceu.

"VA PARA A SALA DE COMPUTADORES" a voz ecoou ainda mais alta que antes e de novo obedeci inconscientemente.

Não me lembro como me desconectei dos tubos e das agulhas nem como cheguei na sala de computadores, mas aqui estou eu. Me sentei no mesmo lugar de sempre e entrei no sistema, "ABRA O MAPA DA ORDEM", tentei resistir, tentei mesmo mas foi inútil e meu dedos começaram a pesquisar tudo que a voz mandava.

Mapa, pontos de luz, localização das câmeras, exoterroristas presos, foram algumas das coisas que me lembro de ter pesquisado. Agora jogada na cama minha cabeça latejava de dor depois de tantos gritos vindo dessa voz misteriosa. Nem tive tempo de pensar muito sobre essa voz porque estava com tanto sono que apaguei em instantes.

Acordei cedo como sempre e fui me trocar pra tomar café, estava indo em direção ao banheiro quando me deparei com meu próprio reflexo e não pude conter um grito de horror. Minha pele continuava acinzentada e meus olhos totalmente pretos "um monstro" pensei. Não me dei conta de quão alto havia gritado até Agatha aparecer atrás de mim desesperada.

     -Megan? Meu Deus tá tudo bem?- ela correu em direção a mim com as mãos no meu ombro. A raiva consumiu meu corpo imediatamente junto com uma dor de cabeça insuportável.

     -É sério isso? Você perguntando se eu tô bem?- disse consumida pela raiva olhando diretamente em seus olhos "desde quando ela é tão bonita?" meu pensamento foi silenciado por outra onda de dor que não deixei transparecer.- Não era isso que você queria? Me transformar nesse monstro horrível, pois bem conseguiu.

     -Meg eu nunca- Ela parecia confusa mas eu me lembrava muito bem daquela noite e a interrompi antes que pudesse terminar.

     -Eu confiei em você quando te contei do Estripador e você teve a coragem de usar ele contra mim pra me fazer transcender? Eu esperava isso de qualquer um menos de você Volkomen- Agatha me olhava incrédula quando acabei de falar. Me virei e saí do quarto o mais rápido que podia sem querer ouvir uma resposta, nada no mundo seria suficiente pra me fazer perdoá-la.

Assim que cheguei na sala central da ordem, onde várias equipes planejavam missões e outras apenas jogavam truco, Marcela me parou.

     -Megan que bom que te achei, como está se sentindo?

     -Oi Marcela eu tô bem, desculpa ter saído assim é que na hora não achei ninguém pra me liberar- menti, eu não me lembrava de como havia saído.

    -Tudo bem querida só preciso que você assine os papéis- Concordei e a segui em direção a enfermaria da Ordem.

Assinei todos os papéis bem rápido já que deveria ser o que? Era a quinta vez só esse semestre que eu saía contra indicações médicas.

     -Megan eu sei que você já sabe mas eu preciso pedir que não se coloque em risco- Marcela disse guardando os papéis.

     -Eu? Imagina uma garotinha como eu correndo riscos? Nunca- disse sarcástica.

     -Só tenta não se matar tá?

     -Não prometo nada- Me virei e saí em direção ao salão da Ordem de novo. Minha barriga roncava, acho que a última coisa que comi foi há uns dois dias " Veríssimo vai me matar se descobrir"

Já eram 7 da manhã então provavelmente a Ivete já teria preparado algo no Suvaco Seco, mas antes que eu pudesse ir lá para cima a voz voltou. "Para a prisão, AGORA". E todo o processo se repetiu de novo, entrei na prisão da Ordem onde os exoterroristas capturados eram mantidos, depois disso não me lembro claramente de mais nada.

Flashes de um prisioneiro específico, que não sei quem é, piscavam na minha mente. 

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