9- Megan

79 8 5
                                    

   Tudo estava tão calmo, nada de vozes, missões, brigas, só uma sensação boa. Mas, como tudo de bom na minha vida dura pouco, essa sensação foi substituída por pontadas de dor por todo o meu corpo.

Incomodada com as dores repentinas tentei abrir os olhos e foi mais difícil do que eu pensava porque parecia que eles haviam sido colados, mas depois de algumas tentativas consegui.

   Uma luz branca já bem familiar me cegou fazendo meu corpo se contrair em resposta. Mais uma vez eu estava na enfermaria da Ordem. Sabendo onde estou as memórias vêm à tona.

    Faca, pesadelo, sangue, dor, invasão, desculpas, lutas e beijos. A última parte não sei se foi real ou apenas um dos meus poucos sonhos bons.

  Um toque quente interrompe meus pensamentos, uma mão se entrelaça firme a minha. Movida pela surpresa me viro em direção ao toque causando mais uma onda repentina de dor. Sinto mais uma mão por cima da minha, agora a curiosidade chegou no limite e eu abro meus olhos.

   Depois da cegueira inicial pela luz desconfortavelmente branca começo a distinguir formas. Se já me surpreendi de não estar sozinha, quando vi que quem estava ali era Agatha meu coração quase parou ( de novo ).

     -Finalmente, achei que iria dormir pra sempre- disse ela.
     -Por por quanto tempo?- Minha voz saiu mais esquisita que o planejado.
     -Você dormiu por quatro meses Megan.

Eu congelei, isso não podia ser real. Já vi agentes dormirem por uma semana, mas quatro meses inteiros, era loucura. Tudo isso era demais pra mim, quando pensei que estava livre da maldita voz descubro que perdi quatro meses.

  As lágrimas vieram em peso sem que eu as pudesse controlar. Junto com o choro veio uma dor insuportável em meu peito, como se meus pulmões estivessem envoltos em espinhos.

     -Ai meu Deus Megan, me desculpa não queria te fazer chorar só se passaram três dias.
     -O que? Você? Ai nossa como eu te odeio- Os soluços desesperados foram substituídos por risadas de nós duas- se não tivesse doendo tanto eu juro que iria atrás de você.

O sorriso no rosto de Agatha foi substituído por uma feição de tristeza.

     -Olha sobre isso me desculpa tá, eu não tive escolha na hora e-
     -Pode ir parando aí mesmo- interrompi- você fez o que precisava pra sobreviver e ainda salvou nós duas, a única pessoa de deve desculpas aqui sou eu- respirei fundo e me preparei para um discurso- não sei nem por onde começar a me desculpar depois de tudo que disse, só saiba que você é simplesmente a melhor pessoa do mundo e eu fui uma completa idiota em dizer tudo aquilo. Nada no mundo justifica todas aquelas palavras horríveis e modo como eu te tratei, sei que é um pedido impossível mas me desculpa.
     -Olha se vale de alguma coisa eu te dei umas belas facadas sabe, contando também o coma de quatro meses acho que podemos dizer que está equilibrado né?

Caímos na risada, em meio a tantos desastres era bom ter ela de volta e agora sem rituais pra plantar memórias ou vozes malucas.

     -Amigas?- estendi o dedinho em sua direção. Por um segundo foi como se um vislumbre de tristeza cobrisse seu rosto, mas logo depois sumiu.
     -Amigas, claro- Apertamos os dedinhos como crianças.

Estava prestes a questionar se estava tudo bem quando Marcela apareceu.
     -E aí Agat- Megan você acordou, que maravilha, como se sente?- perguntou Marcela.

     -Eu tô bem acho que-
     -Corta essa Meg- interrompeu Agatha- ela não consegue respirar sem fazer careta, tá na cara que tá doendo.
     -Obrigada Agatha, sabia que poderia contar com você.

TranscenderOnde histórias criam vida. Descubra agora