A porta do banheiro se fechou e eu me virei para arrumar a bagunça deixada por nossa guerra de travesseiros. Já saí de brincadeiras assim com um olho roxo, marca de mordidas, arranhões e todo tipo de coisa, mas uma crise gay foi a primeira vez.
É claro que já tínhamos ficado antes e ainda nos beijamos, só que de alguma forma isso foi diferente. Desde que me entendi lésbica no ensino médio nunca tive nada além de casos e namoricos de escola, mas não era isso o que queria com Agatha. Eu a conheço há quase 3 anos e acho que sempre tivemos algo mais do que amizade só nunca deixamos acontecer e agora estava acontecendo ou quase isso.
Poder dar um nome pra "isso" é tudo o que mais quero agora, Agatha é tudo para mim e muito mais e quero poder demonstrar isso, dizer o quanto a amo de uma forma mais clara que apenas Agápe. Agápe não é só um apelido é na verdade a pronúncia de uma palavra em grego, αγάπη, traduzindo fica amor. Essa foi uma forma de me declarar e ao mesmo tempo não estragar as coisas porque por mais que a ame com todo o meu ser, sei bem que ela merece alguém melhor que eu ao seu lado.
Durante meses me convenci de que Agatha era apenas um crush passageiro, durante meses fazia ela rir, segurava sua mão e a irritava apenas para ter sua atenção. Quando ela me beijou de volta na primeira vez meu mundo parou e explodiu em felicidade, só pra logo depois explodir em tristeza. Tristeza por não ser suficiente e saber que vou estragar tudo porque sou assim, todos a quem já verdadeiramente amei já estão mortos. A dor de perder alguém amado é uma coisa que não aguento passar novamente por isso a distância, antes eu do que ela.
Sou tirada de meus pensamentos com o som de uma porta abrindo e Agatha saindo do banheiro agora também de pijamas. Enquanto eu uso uma blusa de frio e shorts de unicórnio ela está deslumbrante em um blusão dos Gaudérios e uma bermuda do "Sacolão Fernandinho da fruta". Era como olhar para o Adam Sandler, bem que dizer que é quase impossível diferenciar o cara de uma lésbica. Uma risada me escapa.
-Que? Tá tão ruim assim?- perguntou Agatha.
-Não não- digo em meio a uma crise de riso- é só que tá a cara do Adam Sandler.
Agatha tenta parecer brava, mas não consegue segurar o riso por muito e logo estamos nós duas rindo no chão.
-Desse jeito vou parar naquela página do Twitter, Adam ou lésbicas.
Ficamos ali apenas rindo até que o sono bateu. Os travesseiros e almofadas já estavam nos lugares e Agatha começou a recolher suas coisas e um sentimento ruim me atingiu, não queria ficar sozinha, corrigindo não queria ficar sem a Agatha. O amor te leva a fazer coisas estúpidas, é isso que dizem né? Então essa é minha justificativa para o que fiz a seguir.
-Agatha, dorme comigo?
-O que?- indagou surpresa e logo me arrependi, mas tá feito.
-Não precisa se não quiser, eu entendo juro, é só que sinto falta das nossas noites juntas só dormindo uma com a outra- disparei a falar tentando amenizar a vergonha que sentia por pedir algo tão estúpido.
Odeio o amor. Fiquei tão nervosa com as possíveis reações da Agatha e acabei nem percebendo sua aproximação, só quando seus lábios selaram os meus me dei conta da sua presença.
-É claro que eu quero dormir com você Megan.
Seus braços me envolveram em um abraço que retribuiu de bom grado, era tão reconfortante como uma xícara de chocolate quente. Fui pega de surpresa quando meus pés saíram do chão, em um segundo estávamos no meio do quarto e no outro Agatha me jogava na minha cama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Transcender
ActionAgatha x oc!Megan Após transcender Megan aparece com uma aparência de luzídio, culpando a Agatha por isso elas têm uma briga feia e Megan vai dar uma volta, perdida em seus pensamentos acaba sendo sequestrada por exoterroristas. Megan e Agatha s...