Desde que me lembro, sempre gostei de garotas. Lésbica, sapatão, sáfica… Podem me chamar do que quiser que eu não ligo, pois é quem eu sou e é quem eu sempre fui.
É que há algo especial nas mulheres, que nenhum homem é capaz de reproduzir. A beleza, os gestos delicados, os assuntos. Eu sou apaixonada por mulheres, sexualmente e filosoficamente falando.
Me encanto com a feminilidade. Para mim, quanto mais ‘feminina’ fosse uma garota, maiores eram as chances de eu gostar dela. Eu até tinha um nome para o seleto grupo de garotas que eu considerava como o auge da feminilidade. Eu as chamava de ‘as barbies’.
Na minha escola, havia uma ‘barbie’. Seu nome era Geovana. Terceiro ano, capitã do time de vôlei e provavelmente uma das garotas mais lindas que eu já vi.
Era uma japonesa mestiça, tinha os olhos grandes e puxados, a pele morena e os lábios grossos, sempre cobertos de batom ou gloss, o que os deixavam ainda mais sedutores.
O cabelo moreno caía até a metade das costas. Vê-la com aquela roupa apertada do time de vôlei era um verdadeiro espetáculo. O short e a camisa regata desenhavam o seu corpo sinuoso e esguio de uma verdadeira atleta, mostrando mais do que devia de suas longas pernas, principalmente quando se enfiava dentro da bunda, e Geovana puxava discretamente.
Eu matava aula à tarde apenas para vê-la treinar com a equipe, ficava escondida em um canto da arquibancada, com o caderno na mão desenhando. Muitas das vezes tendo Geovana como minha modelo secreta.
Apesar de toda a minha admiração, Geovana parecia um sonho distante. Para começar, ninguém na escola sabia que eu gostava de garotas. Era uma escola católica, então devem imaginar o porquê de eu evitar falar sobre isso.
Depois, havia toda a questão social que nos separava. Geovana era popular, mais velha, cercada de amigos que a acompanhavam para todo lado.
Já eu, era nada mais do que só uma nerd esquisita. Que não gostava de me maquiar, pintava as unhas de preto, ficava fazendo tatuagens com caneta nos braços e passava o intervalo sozinha, às vezes admirando Geovana de longe, escondida atrás de uma árvore ou algo assim.
Imaginar Geovana querendo algo com uma garota como eu parecia apenas um devaneio da minha imaginação.
…
Certa tarde, estava na enfermaria do colégio, tomando remédio para a minha cólica. Costumava ter dores agudas, o que me deixava ainda mais indignada com meu ciclo menstrual. ‘Por que sapatões precisam ter útero e menstruar?!’ Era um devaneio que eu sempre tinha a cada 28 dias.
Foi quando Geovana entrou agitada, claramente irritada, e com o nariz sangrando. O sangue escorria das narinas, sujando o buço, lábios, queixos e pingando no uniforme.
– Minha nossa, menina! O que aconteceu aí? – Disse a enfermeira, Irmã Sheyla, espantada.
– Ugh! Aquela vadia da Maria Eduarda! Me acertou uma bolada em cheio. Vaca invejosa!
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Histórias Que Nossos Pais Não Contam (+18)
Short StoryUma coletânea de contos eróticos dos mais variados temas para os mais variados gostos e prazeres que irão dominar sua imaginação e sentidos.