Janela Indecente

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As luzes do quarto se acendem

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As luzes do quarto se acendem. Uma mulher entra enrolada em uma toalha branca. Ela seca os cabelos negros com a toalha de rosto enquanto caminha pelo quarto. As rugas de expressão em seu rosto denotam sua maturidade, mas seu corpo ainda é firme como quando tinha vinte e oito.

Quando a toalha se desata e cai no chão, é possível ver os seus seios fartos, movimentando-se com o molejo natural do corpo, as coxas grossas e torneadas e o abdômen seco, fruto de uma rotina incessante de exercícios para se manter jovem. É vaidosa, apesar da idade, e também solteira.

Ela se deita na cama totalmente nua, repousando as costas e a cabeça na parede. Com uma das mãos ela tateia o celular. O que será que ela vê? Talvez as últimas mensagens no aplicativo de namoro, ou só está conferindo as redes sociais. Daquele ângulo não dava para ver.

Enquanto isso, a outra mão explora o corpo gentilmente. Repousada na coxa, dando leves apertos de vez em quando. Vez ou outra apalpa o seio, dedilha o mamilo intumescido, desliza pela pele bronzeada até o meio das pernas.

Quando ela se excita, deixa o celular de lado. O corpo desliza devagar até estar totalmente repousado, as pernas se abrem e então ela começa. Com os dedos, massageia o clitóris, em movimentos rápidos e ritmados para cima e para baixo. A outra mão vai até o seio, apertando como se fosse a mão de outrem lhe gracejando. Morde os lábios, arqueia as sobrancelhas, em uma expressão de intenso prazer.

Quando lhe cansa os dedos, troca de mão, lambendo o médio e o anelar e levando-os novamente ao seu sexo, agora penetrando-o devagar. Os dedos deslizam para dentro dos lábios molhados, explorando o mais íntimo de seu corpo. Ela se contorce de tesão, se emaranha entre os lençóis, fecha os olhos e deixa se levar pelo momento até se acabar de prazer.

Era assim todas as noites desde que se mudara há três meses atrás. E assim também era as noites de Diego. A câmera em um tripé no canto da janela, escondida pela cortina que ficava sempre fechada com exceção de uma pequena fresta onde a lente se posicionava e conectada ao computador permitia a ele ver tudo nos mínimos detalhes.

Já não consumia pornografia há um bom tempo. Quem precisaria disso quando se tem esse espetáculo particular todas as noites? Seu maior entretenimento era tentar se controlar para que pudessem gozar em sincronia. Na maioria das noites não conseguia, o tesão juvenil não lhe permitia durar muito tempo, mas quando conseguia, sentia ter uma conexão intensa com aquela mulher que mal encontrava pelos corredores do prédio.

Ele não filmava, nem tirava fotos. Achava antiético e pueril, procurava apreciar o momento ao vivo e nada mais. Tampouco contava para os amigos, fazia daquele o seu maior segredo, pois para ele, a ligação que tinham era especial. Mesmo tão distantes, compartilhavam um momento tão íntimo.

Certa noite, o interfone tocou. Já eram dez da noite, os pais de Diego haviam saído para um jantar. No quarto, ele aguardava ansiosamente o show começar, de modo que deixou tocar até desligar, sem se importar. Porém o interfone tocou mais uma vez. Irritado, ele andou até a sala para atender, pensando ser o porteiro avisando que chegou uma nova encomenda ou algo tão fútil quanto.

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