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No dia em que Evandro e Giulia se mudaram para o prédio, devo admitir, fiz pouco caso. Um casal bonito, claro, ele moreno e atlético, ela loura e com um corpo de fazer qualquer um desviar o olhar por um segundo a mais do que deveria. Mas, naquela tarde, aquilo não foi mais do que uma distração passageira. Um sorriso jovem aqui, um roçar de corpos ali. Eu os observei como quem olha para uma vitrine: eram atraentes, mas não mais do que isso. Gente nova se mudava o tempo todo; depois de alguns dias, seriam apenas mais dois rostos anônimos entre tantos outros no prédio.
A primeira vez que realmente os vi, porém, foi um acidente. Eu estava perto da janela, distraída, talvez organizando algo, talvez só matando o tempo, quando percebi um movimento ao lado. A cortina entreaberta do apartamento deles oferecia uma visão que eu não havia pedido, mas que, naquele instante, me prendeu. Evandro acabava de chegar do trabalho, e Giulia o esperava na sala, vestida apenas com uma fina camisola branca que mal cobria as curvas esculturais. Não havia hesitação nos gestos dela, e o que começou com um abraço, logo virou algo mais. Muito mais.
Eu fiquei ali, paralisada, quase sem perceber o que estava acontecendo. A curiosidade havia sido involuntária, mas agora... agora, eu não conseguia desviar o olhar. Giulia o puxava para si com uma urgência primitiva, suas mãos deslizavam pelas costas dele, desabotoando a camisa com uma precisão que só o desejo intenso permite. Evandro a segurava firme, as mãos grandes apertando as coxas dela enquanto a levantava do chão. Eles se moviam como animais, sem se preocupar com o que poderia ser visto do lado de fora. E eu, no silêncio do meu apartamento, assistia.
A partir daquele dia, algo mudou em mim. Não era mais por acaso que eu me posicionava perto da janela. Comecei a observá-los com mais frequência, meu olhar sempre atento, esperando por qualquer sinal de movimento. Era como se, de repente, Evandro e Giulia tivessem se tornado uma peça de teatro erótica, encenada só para mim. Eu sabia os horários, os padrões. Quando Evandro chegava, quando Giulia o recebia. E, invariavelmente, quando a paixão explodia entre eles.
Havia dias em que as cortinas estavam completamente abertas, por descuido ou despreocupação. Giulia, com a roupa já pelo chão, montava em Evandro no sofá, os cabelos loiros caindo sobre o rosto dele enquanto se movia com um ritmo lascivo. A respiração pesada de ambos ecoava até minha janela, misturada aos gemidos abafados pela distância. Em outros momentos, eu os via apenas pelas sombras que projetavam nas paredes, mas aquilo, de algum modo, parecia ainda mais íntimo. O corpo nu de Giulia, delineado na penumbra, seus quadris dançando contra Evandro, que a tomava com uma força quase selvagem. Minha imaginação completava os detalhes que meus olhos não conseguiam alcançar, e cada cena era mais sórdida do que a anterior.
Pela manhã, a cena se repetia com a mesma intensidade, embora envolta em outro tipo de urgência. Evandro, sempre apressado para o trabalho, descia as escadas com o vigor de quem ainda carregava o peso da noite anterior no corpo. Mas Giulia, sempre sedenta, não o deixava partir tão facilmente. Eu já sabia a hora exata em que ele saía, e era nesse momento que eu deixava minha xícara de café de lado e me colocava em frente à porta, espiando pelo olho mágico.